25/05/2011
às 20:02 \ Política & Cia
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul confirmou hoje, por unanimidade, a decisão da juíza Cláudia Maria Hardt que, no dia 6 de julho do ano passado, julgou improcedente a ação do inspetor aposentado do DOPS gaúcho João Augusto da Rosa, de codinome “Irno”, contra o jornalista Luiz Cláudio Cunha, autor do livro Operação Condor: o Sequestro dos Uruguaios (L&PM Editores 2008). Na obra, Cunha, como testemunha involuntária do caso, conta o episódio do sequestro clandestino e ilegal de um casal de militantes de esquerda uruguaios por policiais brasileiros, que os entregaram a militares do país vizinho.
Ele cobriu o caso para VEJA, de cuja sucursal em Porto Alegre era chefe. Foram, ao longo de ano e meio, 86 reportagens sobre o sequestro e suas implicações, o que valeu o Prêmio Esso de Jornalismo para a revista e o repórter.
O crime fez parte da tristemente famosa “Operação Condor”, que uniu clandestinamente as forças de repressão das ditaduras então em vigor no Cone Sul – Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Uruguai e Paraguai.
O sequestrador pedia na Justiça indenização por supostos “danos morais” devido à menção – obrigatória por ser verdade – de sua participação no sequestro de Lilian Celiberti, os dois filhos menores dela e de Universindo Diaz. “Irno” não somente participou do crime, pelo qual recebeu condenação da qual se livraria em recurso. Foi ele quem apontou uma pistola para a cabeça do jornalista, que chegou ao apartamento no qual residiam os dois uruguaios após ser alertado por um telefonema anônimo.
Os três desembargadores encarrregados do processo na 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça gaúcho não apenas decidiram em favor do jornalista, como também deram um voto de louvor à sentença de primeira instância da juíza Cláudia Maria Hardt, da 18ª Vara Cível de Porto Alegre.
Diante do resultado do julgamento, disse o jornalista:
– Tenho certeza que o acórdão, que deve ser publicado em dois ou três dias, será uma peça importante para demarcar o espaço da liberdade de expressão e a nossa conduta como jornalistas diante do aparato da repressão e os abusos aos direitos humanos.
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