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"Ku Klux Klan" em SC: é racismo, e deve ser tratado como tal

Dagmara
Por Dagmara Spautz
19/11/2019 - 15h37 - Atualizada em: 20/11/2019 - 12h30
Imagem histórica da Ku Klux Klan nos Eua, em 1948 (Reprodução)
Imagem histórica da Ku Klux Klan nos EUA, em 1948 (Reprodução)
Um dado em especial chama atenção na pesquisa da antropóloga Adriana Dias, que mapeou grupos neonazistas no Brasil: a identificação de duas células da "Ku Klux Klan" em Santa Catarina. Não há meias palavras para designar o que representa a organização, que nasceu nos Estados Unidos no século 19. É um grupo que prega a supremacia branca. Uma organização racista.
Racismo é crime no Brasil desde a Constituição de 1988. Foi regulamentado em lei, que prevê pena de prisão. Integrantes de um grupo que defende “superioridade e pureza racial” em SC são muito mais do que uma associação de mau gosto. São criminosos.
A imagem de um membro da Ku Klux Klan foi usada para ilustrar os cartazes colados em 2017 em um poste e na parede da casa de um ativista e advogado negro, Marco Antônio André, Blumenau. Dois anos depois, o Ministério Público ainda não denunciou ninguém pelo crime – embora a Polícia Civil tenha identificado e prendido suspeitos.
Marco Antônio disse à coluna que saber da existência de células da Ku Klux Klan em Santa Catarina – mais especificamente em Blumenau, onde ele mora e atua – não o surpreende. Estamos em um país profundamente racista, lembra o advogado.

Intolerância levada a sério

É necessário que as autoridades tratem a existência de organizações de supremacia racial em Santa Catarina com a seriedade que o assunto merece.
Em 2017, nos Estados Unidos, a pequena cidade universitária de Charlottesville assustou o mundo ao sediar uma marcha de centenas de homens e mulheres gritando palavras de ordem contra negros, imigrantes, homossexuais e judeus. Uma cena “surreal”, como descreveu o repórter da BBC Brasil, Ricardo Senra.
A marcha neonazista de Charlottesville surpreendeu porque deu cara a um movimento que rondava pelas sombras. E que jamais foi extinto.
Temos no Brasil um racismo e preconceito enraizados e uma tarefa hercúlea, para superar séculos de intolerância. Não se deve amenizá-los sob o discurso da liberdade de expressão.
Ao discorrer sobre democracia, o filósofo Karl Popper falou no paradoxo da tolerância. Disse ele que, ao aceitar os extremos da intolerância alheia, podemos ter como resultado final o aniquilamento da própria tolerância.

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