A menos de duas semanas, um policial que trabalha comigo, foi vítima de uma tentativa de roubo, onde um adolescente buscando subtrair sua motocicleta, fez a abordagem do militar, por volta das 21h00min com uma arma de brinquedo (e como saber na hora se era, ou não!), e o policial reagiu àquela ação e mesmo temendo sua morte, fez uso de sua arma particular e atirou. O final da história já sabemos. Graças a Deus ao policial nada ocorreu, porém ao adolescente infrator veio a óbito.
O policial teve astúcia e é merecer de elogios, pois mesmo em horário de folga, soube combater a criminalidade e no caso dele, teve como reagir pois tinha uma arma de fogo, pois sei que muitos não tem e, neste caso, seriam vítimas frágeis a ação do cidadão infrator.
Mas o motivo desta postagem não é o fato em questão e sim o que ocorreu após o crime. Bem, o militar teve que procurar um advogado (custas próprias) para o defender e, em seguida, por se tratar de um bom policial, vi que houve uma vontade de aproximação para apoiá-lo neste momento difícil, pois fácil seria dizer: “O CARA FEZ UM GESTO DE BOA VONTADE. MENOS UM BANDIDO NA RUA. PARABÉNS!”, porém não é bem assim para àquele que comete um homicídio (no caso em legítima defesa). O policial estava visivelmente abatido e de pronto o comando sentiu a necessidade de apoiá-lo, inclusive no que tange a questão psicológica.
Daí a pergunta: Estamos preparados para lidar com uma situação assim? Se matar alguém, poderei viver tranqüilo? Terei apoio da Corporação? Minha vida mudará depois deste fato trágico? Bem, sabemos que as respostas são espinhosas, pois depende de cada pessoa, tendo em vista que se trata do psicológico. E neste ponto, digo que o policial em questão é daqueles que vemos ter vocação para a profissão, o que de certa forma minimiza os efeitos, pois pior seria, àquele militar que adentrou a profissão apenas pelo salário, ou seja, como um trampolim para outra profissão.
O transtorno do estresse pós-traumático é um diagnóstico relativamente novo, com definição pela primeira vez na terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana (APA) em 1980. Mais recentemente, o interesse pelos efeitos de uma experiência traumática sobre o comportamento humano estendeu-se para outros traumas como os causados por desastres naturais, violência ou acidentes graves. Isso permitiu uma maior compreensão dos fatores envolvidos no transtorno bem como a formulação de diferentes hipóteses etiológicas para ele.
A questão referente ao motivo por que determinadas pessoas, depois de passar por uma experiência traumática, desenvolvem o transtorno e outras não, ainda está em aberto. Por isso, tornou-se tarefa importante nos diferentes estudos identificar o mais precocemente possível a presença de sintomas críticos, características individuais ou tipos de trauma que aumentem a probabilidade de desenvolver o transtorno.
Desta forma, temos que tentar antever e prestar atenção aos nossos subordinados e pares, para que possamos colaborar, pois hoje sabemos de policiais que usam inclusive medicação forte (remédio tarja preta), para tratamento de depressões, entre outras enfermidades, onde primeiramente devemos apoiá-los e posteriormente encaminhá-los a um profissional adequado, seja psicólogo ou psiquiatra. Por conseguinte, devemos pedir a elaboração de projetos nas corporações para identificar os níveis de estresse dos policiais e trabalhar na qualidade de vida dos nossos irmãos milicianos, pois levanta a mão aquele que dentro da polícia não passou por alguma situação estressante, seja em uma abordagem na rua, ou mesmo, no interior dos quartéis.
Companheiro fique em alerta e caso você esteja passando por algum problema procure ajuda, pois você é importante para a sua INSTITUIÇÃO e para SOCIEDADE.
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