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Ditadura militar usou pelo menos sete centros de tortura no Brasil, aponta relatório da CNV

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07/04/2014 22:23 -03 | Atualizado 26/01/2017 21:23 -02

Ditadura militar usou pelo menos sete centros de tortura no Brasil, aponta relatório da CNV

MARCELO OLIVEIRA/ASCOM/CNV
Pelo menos sete centros de tortura foram usados para interrogar, torturar e matar opositores do regime militar (1964-1985) em vários Estados do Brasil. Os dados que apontam nessa direção foram divulgados nesta segunda-feira (7) pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), em São Paulo. Outros dez possíveis centros de tortura, localizados em nove Estados, estão sendo investigados.
relatório, apresentado pela equipe coordenada pela professora Heloísa Starling, do Projeto República da CNV, apresenta imagens, depoimentos e uma construção esquematizada de como funcionavam esses sete centro de torturas já identificados, no período entre 1970 e 1975.
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O mais notório deles foi a Casa Azul, que ficava em Marabá (PA), às margens da Rodovia Transamazônica. O local foi usado durante o combate dos militares contra a Guerrilha do Araguaia, capitaneada pelo PC do B no início dos anos 70. Segundo Heloísa Starling, não foi possível colher depoimentos sobre a Casa Azul porque não há registro de sobreviventes dentre os que para lá foram enviados.
De acordo com o presidente da CNV, Pedro Dallari, o quadro registrado na Casa Azul foi recorrente durante a ditadura militar no País, com locais sendo destinados à violação de direitos humanos, de maneira sistemática. A localização de tais locais podia ser rural ou urbana, de acordo com a logística empregada em casa localidade do País.
Outro centro de destaque no relatório é a Casa de Petrópolis, também chamada de Casa da Morte, que foi cedida por um empresário simpatizante dos militares e que funcionou na cidade serrana do Rio de Janeiro. A sobrevivente Inês Etienne Romeu cedeu um depoimento dos horrores que viveu dentro do local nos anos de chumbo.
“Fui conduzida para uma casa [...] em Petrópolis. [...] O dr. Roberto, um dos mais brutais torturadores, arrastou-me pelo chão, segurando-me pelos cabelos. Depois, tentou me estrangular e só me largou quando perdi os sentidos. Esbofetearam-me e deram-me pancadas na cabeça. [...] Fui várias vezes espancada e levava choques elétricos na cabeça, nos pés, nas mãos e nos seios. A certa altura, o dr. Roberto me disse que eles não queriam mais informação alguma; estavam praticando o mais puro sadismo, pois eu já havia sido condenada à morte e ele, dr. Roberto, decidira que ela seria a mais lenta e cruel possível, tal o ódio que sentia pelos ‘terroristas’”.
Ainda no RJ foi identificado outro centro: a Casa de São Conrado.
O Estado de São Paulo abrigou pelo menos três centros de tortura: a Casa do Ipiranga, que ficava próxima ao atual Museu do Ipiranga e que concentrava os militantes de esquerda que passaram a colaborar com os militares, na capital; a Fazenda 31 de Março, localizada próxima da Represa Guarapiranga; e a Casa de Itapevi, na região metropolitana da capital.
A Casa do Renascença funcionava em Belo Horizonte. Os demais centros em investigação ficam na região Nordeste (cinco), no Centro-Oeste (dois), no Sudeste (dois) e Sul (um).
Delegado nega torturas
Em sessão reservada a seu pedido, o delegado Dirceu Gravina, hoje no Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter), depôs à CNV e negou ter participado de torturas durante o regime militar. Dois momentos criaram contradição para Gravina: o primeiro quando ele afirmou que os gritos dos presos seriam “simulados”, sem saber explicar a diferença entre um grito verdadeiro e um simulado por vítimas de tortura.
O segundo foi quando confrontado por uma sobrevivente de torturas que teriam sido dirigidas por Gravina. A vítima declarou ter sido torturada pessoalmente por Gravina, que teria como prerrogativa durante as sessões violentas de se autoproclamar “deus”, por supostamente ter o poder de determinar quem viveria e quem morreria durante as torturas.

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