Paraná
Francischini ajudou a planejar ação que feriu 200, diz PM do Paraná
por Redação — publicado 06/05/2015 17h08
Segundo o comando da PM, o secretário de Segurança do Paraná conhecia detalhes da operação contra os professores
Agência Paraná
Fernando Francischini: ele participou da elaboração do plano de ação da PM, diz o comando da polícia
A busca por culpados pela ação repressiva da Polícia Militar do Paraná que deixou mais de 200 feridos em um ato de professores em 29 de abril se transformou em uma crise política no governo Beto Richa (PSDB). Um dia depois de se eximir de culpa pela ação desastrosa, o secretário de Segurança do Paraná, Fernando Francischini (SD), foi alvo de uma nota de repúdio emitida pelo Comando da Polícia Militar. Segundo os coronéis da ativa, Francischini não só sabia da ação da PM como participou do planejamento dela.
Na terça-feira 5, em entrevista coletiva, Francischini afirmou que a PM agiu em reação a “grupos radicais” que tentavam furar o bloqueio policial e disse que não tinha conhecimento sobre o que ocorreria na praça Nossa Senhora da Salette, em Curitiba. “O controle de uma operação de campo é da polícia. A secretaria é responsável por fazer a gestão da pasta. Isso [atribuir a responsabilidade à secretaria] é tentar politizar a questão”, disse.
Nesta quarta-feira 6, em carta assinada por 16 dos 19 coronéis da ativa da PM, Cesar Vinícius Kogut, comandante-geral da PM-PR repudia a atribuição "única e tão somente à PMPR" da responsabilidade sobre a repressão. Segundo Kogut, o escalão superior da Secretaria de Segurança conhecia e aprovou o plano de ação aplicado contra os professores e Franscischini foi informado dos desdobramentos da operação enquanto ela ocorria.
Nesta semana, Beto Richa substituiu seu secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, por Ana Seres Comin, mas manteve Francischini. Segundo o blog Caixa Zero, do jornal Gazeta do Povo, Francischini, ex-PSDB e hoje no Solidariedade, fez um apelo emocional ao governador do Paraná e foi mantido no cargo ao alegar que "a essa altura uma demissão seria tremendamente prejudicial para sua carreira política".
Confira a íntegra da nota da PM:
CARTA AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ
O Comando da Polícia Militar do Paraná, instituição sesquicentenária que labuta diariamente em prol da segurança pública do Estado do Paraná, cumprindo incansavelmente a sua missão constitucional, vem perante Vossa Excelência manifestar o seu repúdio às declarações atribuídas pela Imprensa ao Secretário de Estado da Segurança Pública, em data de 04 de maio de 2015 – e até agora não desmentidas – as quais atribuem única e tão somente à PMPR a responsabilidade pelos fatos ocorrido em 29 de abril de 2015, quando da manifestação dos professores, pelos fundamento abaixo delineados.
a) A Polícia Militar do Paraná esteve presente no dia 29 de Abril de 2015, cumprindo o seu papel constitucional de preservação da ordem pública, no intuito de garantir a ordem pública e impedir uma possível invasão à Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, em atendimento ao interdito proibitório expedido pela Justiça paranaense, devidamente comandada, com planejamento prévio e ciente dos desdobramentos que poderia advir.
b) Que o Senhor Secretário de Segurança Pública foi alertado inúmeras vezes pelo comando da Tropa empregada e pelo Comandante-Geral sobre os possíveis desdobramentos durante a ação e que mesmo sendo utilizadas as técnicas internacionalmente reconhecidas como as indicadas para a situação, pessoas poderiam sofrer ferimentos, como realmente ocorreu, tendo sido vítimas manifestantes e policiais militares empregados na operação.
c) Que imediatamente após os fatos foi determinada a abertura de Inquérito Policial Militar para a apuração dos possíveis excessos, no sentido de serem responsabilizados todos os que tenham dado causa aos mesmos.
d O que não se pode admitir em respeito à tradição da Polícia Militar do Paraná, seus Oficiais e Praças, que seja atribuída a tão nobre corporação a pecha de irresponsável ou leviana, por não ter sido realizado um planejamento, ou mesmo que tenha sido negligente durante a operação, pois todas as ações foram tomadas seguindo o Plano de Operações elaborado, o qual foi aprovado pelo escalão superior da SESP, tendo inclusive o Senhor Secretário participado de diversas fases do planejamento, bem como é importante ressaltar que no desenrolar dos fatos o Senhor Secretário de Segurança Pública era informado dos desdobramentos.
e) O Comando e os demais integrantes da Corporação deixam claro a Vossa Excelência que nunca deixarão de cumprir o seu juramento desempenhar com honra, lealdade e sacrifício de sua própria vida, as suas obrigações, na defesa da Pátria, do Estado, da Constituição e das Leis.
Curitiba, R, 5 de Maio de 2015.
Cel. QOPM Cesar Vinícius Kogut,
Comandante-Geral da PMPR
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