Polícia investiga volta da Le Coq no Espírito Santo
A investigação do desaparecimento do vendedor Fernando César Faria, 45 anos, ocorrido na noite de 26 de setembro do ano passado, levou a Polícia Civil a descobrir a ação criminosa de um grupo de extermínio agindo no Espírito Santo. Quatro suspeitos de envolvimento no sumiço da vítima foram presos em uma operação realizada por policiais da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na sede da Associação dos Proprietários de Veículos Motorizados do Espírito Santo (Aprovem-ES), que segundo o delegado José Lopes, chefe da DHPP, é a Scuderie Detetive Le Coq reativada.
“Na sede da Aprovem, em um edifício no Centro de Vitória, nós encontramos cerca de 50 fichas de associados. Curiosamente, havia documentos de ex-integrantes da Le Coq. São ex-policiais militares, agentes de segurança, e membros de outras categorias. Investigando o desaparecimento de Fernando, nós chegamos a nomes de suspeitos de participarem da associação criminosa. Inclusive, existe um código de ética em que eles fizeram um pacto de silêncio, caso fossem presos por algum motivo”, afirma o delegado.
Os membros da Aprovem-ES usam como símbolo, segundo o delegado José Lopes, a caveira com ossos cruzados, o mesmo usado pela Le Coq, nas décadas de 1960, 70, 80 e 90. “Eles se tratam de ‘irmãos’ entre outras coisas, muito parecido com a Scuderie”, disse.
Foram presos na operação, o ex-PM Edmilson Miranda, 56 anos; Naumir Augusto, 53; Antônio Hélio Almeida Lana, apontado como mandante do desaparecimento do vendedor Fernando Faria; e Juliana Machado Sabino, que teria sido usada como isca para atrair a vítima. Um quinto suspeito do crime está foragido. Cerca de 100 policiais civis cumpriram quatro mandados de prisão e oito de busca e apreensão nas cidades de Resplendor (MG), Guarapari, Piúma e Serra. Em um dos locais de busca, os policiais foram a um sítio na zona rural de Guarapari onde supostamente estaria enterrado o corpo do vendedor.
“A propriedade é de um homem que se apresentou como cristão. Fizemos várias escavações, mas não encontramos nada. Um dos detidos chegou a dizer que podíamos procurar à vontade que não iríamos encontrar o corpo”, garante José Lopes.
A motivação do desaparecimento e provável assassinato de Fernando ainda está sendo investigada. A vítima emprestava dinheiro a juros e estava envolvida com uma mulher casada, que seria de um dos membros da Aprovem. Por isso está difícil apontar a causa do crime. Outro fator que complica esclarecer os fatos é o pacto de silêncio do grupo, conforme estatuto apreendido no edifício do Centro de Vitória.
Fernando César Faria desapareceu na noite de 26 de setembro do ano passado após sair de casa para encontrar uma mulher, em Guarapari, na Grande Vitória. O carro do vendedor foi encontrado na Rodovia do Sol, aberto e revirado. Pertences da vítima foram furtados. A família dele é de Minas Gerais, onde a Polícia Civil também cumpriu mandado de busca e apreensão e de prisão.
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