A inclusão de "brasileiros ilegais" nas tropas de ocupação do USA no Iraque e Afeganistão em troca da cidadania ianque tende a explodir, com a aprovação de novas normas para a imigração, classificando como criminosos todos os estrangeiros que vivem clandestinamente naquele país. As resistências da juventude ianque ao serviço militar (não é obrigatório no USA) aumentam de dia para dia, deixando o Pentágono com extrema dificuldade para atender às necessidades de reforços das tropas de ocupação.
Troca de nacionalidade ou de cidadania tem sido assunto malandramente transferido da agenda dos encontros de George Bush e Luiz Inácio para a pauta dos "assessores especiais". A questão é "troca para quem e com que finalidade". Em 2001 a esposa atual do gerente brasileiro, Marisa Letícia Rocco Casa, requereu a nacionalidade italiana para ela e os filhos, o que lhe foi concedido por direito de sangue (descendência, ou jus sanguinis), em 2005, com o marido em pleno exercício do mandato.
Vale lembrar: Dona Marisa Letícia (que agora usa os dois nomes, "para ficar mais formal") andou se justificando com asinina sinceridade. Segundo ela, o pedido de cidadania italiana foi para "garantir aos filhos um futuro mais seguro". Marcus Cláudio, Fábio Luiz, Luiz Claudio e..., já receberam passaporte italiano. Essa senhora deve saber muito bem qual futuro seu marido está construindo aqui.
Estranho também é que 17 parentes de Palocci fizeram o mesmo.
Compra de braços
O gerente do México, Felipe Calderón, foi direto ao assunto com George Bush, suplicando-lhe uma reforma mais branda das normas para imigração.
A gerência ianque tem lançado mão de todo tipo de moeda para comprar braços que possam empunhar um fuzil contra os povos oprimidos. Em artigo para a revista canadense Canadian Dimension, o professor Saul Landau, da Universidade do Estado da Califórnia observa que, "até o início do Século 21, o Pentágono não teve maiores problemas para a manutenção do efetivo, principalmente porque o serviço na Guarda Nacional parecia atraente para centenas de milhares de rapazes e moças pobres, que consideravam remota a possibilidade de um conflito mais sério no exterior. Tudo mudou, entretanto, depois de Bush ter invadido o Afeganistão e o Iraque, e descoberto que não dispunha de tropas suficientes para ocupar as duas áreas."
Para equacionar o problema, recorreu à Guarda Nacional e promoveu uma verdadeira escalada de salários e outros benefícios. Os soldos militares triplicaram e até quadruplicaram, de alto a baixo, em menos de 20 anos. Em 1981, um soldado raso, recruta, ganhava menos de US$ 4.500 anuais. Hoje, recebe pouco menos de US$ 15 mil. Os vencimentos de um cabo saltaram de US$ 5 mil para US$ 22 mil. Além disto, ele ou ela têm alimentação, habitação e vestuário (uniformes) inteiramente grátis, podendo contar, ainda, com descontos em quase todos os estabelecimentos comerciais. Como oficiais, passaram a ter vencimentos que ascendem a US$ 125 mil anuais (R$ 20 mil mensais), o que lhes permite esquiar nos Alpes, desfrutar de táxi-aéreo e frequentar os clubes mais reservados."
Saul Landau salienta, entretanto, que a partir de 2003, diante de estatísticas segundo as quais os mortos chegavam a 2 mil e os feridos passavam de 20 mil, o recrutamento caiu para níveis ridículos, levando o governo ianque a cortejar estrangeiros radicados, legal ou ilegalmente, em território ianque. De uma canetada, reduziu de três para um ano o prazo para a concessão de cidadania aos alistados e estabeleceu um fundo que financia estudos universitários até 50 mil dólares. Agora, abrandou as exigências draconianas baixadas pelo US Department of Homeland Security (Departamento de Segurança Interna) a partir do 11 de setembro e, oferecendo cidadania rápida para os ilegais, conseguiu fisgar cerca de 110 mil "voluntários estrangeiros". O Pentágono não revela a origem desses combatentes, sabendo-se, apenas no que diz respeito à nacionalidade, que há numerosos brasileiros entre eles, embora a maioria (55 mil) seja de mexicanos.
Mistura ruim
A introdução de normas considerando criminoso todo estrangeiro que resida clandestinamente em território ianque é ameaça para nada menos de 1 milhão e 200 mil brasileiros, considerando apenas os que vivem nas áreas de Miami e Boston. Trata-se de mais uma artimanha ianque para arranjar bucha de canhão.
Já se tornou rotina no Exército do USA a substituição de pessoas de respeito por delinquentes, pessoas com problemas psiquiátricos ou de pouca inteligência política. Isto, por si só, explica as atrocidades e torturas que soldados ianques praticam contra homens, mulheres, crianças e anciãos dos países ocupados.
Estatísticas do Departamento de Defesa mostram que o número de delinquentes condenados que vão servir como recrutas no Exército e no Corpo de Fuzileiros Navais — para ter a pena relevada — vem crescendo desde 2003. Nos três últimos anos, nada menos do que 100 mil homens e mulheres de passado criminoso foram incorporados às forças armadas ianques, segundo o Centro de Pesquisas Militares Michael D. Palm, da Califórnia.
Os condenados por crime grave aumentaram de 411 em 2003 para 901 em 2006, confessa o Pentágono. Com relação a delitos menores — furto, emissão de cheque sem fundos ou lesões corporais — o número passou de 2.700, em 2003, para mais de 6.000 em 2006.
Ação externa
Além de atrair combatentes estrangeiros no território ianque e obter dos gerentes de sete países — Colômbia, República Dominicana, El Salvador, Honduras, Costa Rica, Nicarágua e Panamá — o apoio declarado para esta política, o sanguinário governo ianque espalhou pela América Latina agentes da CIA e 15 outras agências de espionagem, bem como recrutadores de centenas de empresas de fachada para arrebanhar mercenários.
No Brasil, esses recrutadores conseguiram até licença do Comando da 1ª Divisão de Exército para treinar mercenários no Centro de Instrução de Gericinó, acabando por cortar a carreira de um general e um tenente-coronel, Rui Monarca da Silveira e Roberto Raimundo Criscuoli, respectivamente. Os agenciadores, Giovanni Piero Spinelli, Cristiano Meli e Salvatore Miglio (esses não são italianos terroristas), que se diziam representantes da empresa First Line, aliciavam ex-militares brasileiros, oferecendo-lhes US$ 3 mil por mês por contrato de dois anos. O valor equivale a R$ 6.420 em moeda atual, cerca de seis vezes o salário de um cabo, por exemplo. A proposta teria atraído pelo menos cinco militares da reserva: dois sargentos, dois cabos e um soldado.
Verificou-se também que mais de 500 brasileiros — de São Paulo, Goiânia, Curitiba e Brasília — se alistaram através da Inveco International Corporation para atuar como mercenários no Iraque. Por longo tempo Frank Guenter Salewski e Heiko Helmut Emil Seibold (também não são estrangeiros terroristas e as empresas às quais estão ligados não precisam ser investigadas porque a CIA não gosta), dois alemães, ofereceram a militares e ex-militares brasileiros salários mensais variando entre US$ 6,5 mil e US$ 8 mil (R$ 17 mil e R$ 20,9 mil) somente para "vigiar instalações militares em território iraquiano."
Em Goiânia, onde a Inveco já alistou mais de 100 candidatos, Heiko Seibold anunciou que ainda analisará currículos e, depois, submeterá os candidatos a uma prova de fogo: um treinamento de uma semana, em território brasileiro. A arregimentação de militares brasileiros para trabalhar no Iraque envolve outras empresas, como a Blackwater USA, Triple Canopy, DynCorp e Halliburton. A TEES Brazil, sediada em Curitiba, admitiu em sua página na Internet que fez uma sondagem de interessados e 300 pessoas mandaram currículos. Logo em seguida, porém, anunciou ter desistido de enviar homens ao Iraque "em virtude de crescente instabilidade na região, em especial a que diz respeito à segurança de contratados estrangeiros trabalhando no país".
Enquanto isso, estudantes que concluem o segundo grau são desestimulados a se candidatarem às escolas de formação de sargentos e oficiais, como também vem sendo desencadeado um processo de evasão de gente jovem do Exército, Marinha e Aeronáutica. Mas, ao que tudo indica, ninguém se preocupa muito com isto: afinal, com o governo ianque comandando os destinos dos exércitos na América Latina, há sempre trabalho para quem não se incomoda de ir à sujeira livrando-se da miséria econômica, política e cultural que o imperialismo nos impõe.
Segurança privada
Segundo a ZNet Iraq Solidaridad, no Iraque existem atualmente mais de 30 mil desses "especialistas em segurança privada", constituindo a segunda força militar estrangeira no país. Esses mercenários são pagos por empresas ianques como a Bechtel e Halliburton, a pretexto de receberem proteção para a pilhagem de petróleo e outras riquezas iraquianas. O recrutamento também se faz pela Internet, entre outros, nos endereços www. hctatics. com, www.iraqijobcenter.com ou nas páginas da Epi, Hostile Control Tatics LCC e Blackwater.
Os salários mensais vão de US$ 7 mil a 30 mil e incluem "benefícios" como férias na Europa a cada três meses. Além disso, os "especialistas" podem exercitar livremente todos os seus "conhecimentos" como repressores, assassinos e torturadores, colaborando com as tropas invasoras. Sua presença nas torturas em Abu Ghraib e na repressão a revoltas populares, como em Faluja, tem sido denunciada no mundo inteiro. A Aegis Defense Systems é uma das empresas mais importantes entre as que prestam esse tipo de "serviço". Em junho de 2004, foi premiada por autoridades do USA com um contrato de US$ 300 milhões para proteger a "zona verde" de Bagdá e coordenar as atividades de todas as empresas privadas de segurança que operam no Iraque.
Citando seu amigo Dan Broidy, autor de "The Halliburton Agenda: The Politics of Oil and Money" ("A agenda da Halliburton: a política do petróleo e do dinheiro"), o professor Landau estima que o USA tenha contratado mais de um segurança privado para cada grupo de 10 soldados no Iraque. Saul recorda que, entre as mil primeiras baixas do USA no Iraque, havia 122 latinos, 70 dos quais recrutados entre os mexicanos: "Chegando sem um braço, uma perna, um olho, ou totalmente desfigurados, ou mortos com o crânio esfacelado, eles espalharam dor e piedade nos dois lados do Rio Grande".
Mercenários de Trujillo
O descaso dos governantes pela oficialidade jovem do país é apenas um dos sintomas das condições a que chegou a prestação de serviços ao governo assassino de Washington.
Terminada a II Guerra Mundial, Getúlio Vargas e Eurico Dutra determinaram a imediata liberação dos combatentes, inclusive o pessoal da Força Aérea que acabara de receber instrução no USA. Os pilotos que estavam na reserva — cerca de 400 — foram os primeiros a ser desligados. Outros serviram um tempo na base aérea de Santa Cruz. Muitos acharam emprego nas companhias de aviação, mas nem todos.
Em 1948, o ditador Rafael Trujillo, que se defrontava com os rebeldes da Legião do Caribe, aliciou um grupo de brasileiros para organizar a Força Aérea da República Dominicana e eliminar a insurreição. Eram os pilotos de caça Carlos Alberto de Freitas Guimarães, Itamar Pereira de Oliveira, Rivaldo José Barbosa, João Carlos Menna Barreto, Wilson Bitencourt Braga, Nilton Miguel Ajuz, Gilberto Syllos Clark, José Rafael Martins, os engenheiros de aviação Linguanotto e Harrington, e os mecânicos Cleber, Heredia e Ronaldo. Eram jovens de 20 anos de idade e com pouco dinheiro.
— Quem não era do Rio ficava em um hotel sem-vergonha, mas que aceitava fiado, o Hotel Primavera, apelidado "Spring", em cima de uma padaria e de um cabaré. Mal dava para dormir com o barulho — lembra Martins.
O carioca Ajuz contou à revista "Força Aérea" como surgiu a oportunidade de ir ao Caribe: "Encontrei um colega da FAB que me falou dessa chance. Mandou procurar o comandante Jopert, das Aerovias Brasil, genro de um coronel dominicano. O Jopert me perguntou se eu teria como arranjar uns oito pilotos para formar metade de um grupo de caça. Ao mesmo tempo, Trujillo comprava armamentos brasileiros, como fuzis e velhos canhões, que seriam enviados por mar (para ensinar o uso desse material, dois oficiais e dois sargentos do Exército moraram na República Dominicana na mesma época que os aviadores).
— Nós fomos lá para defender o país, como mercenários. Nós éramos mercenários, mesmo -diz o aviador José Rafael Martins, o "Cabecinha", mineiro de Belo Horizonte.
Para ajudar os dominicanos a utilizar bimotores Beaufighter e Mosquito havia também um grupo de aviadores britânicos no país. Assim como os aviões, também era transnacional o grupo de instrutores. Havia ianques, a maioria do exército, mas pelo menos um aviador naval, e até mesmo um ex-piloto da Luftwaffe.
Embora o grupo tivesse ficado conhecido como Trujillo boys, nenhum deles tinha sequer ouvido falar do general Rafael Leonidas Trujillo Molina:
— Só lá que fomos descobrir o que era um ditador. A polícia do Vargas era fichinha perto daquilo — diz Martins.
Ficaram cerca de dois anos na República Dominicana — de 1948 a 1950. A única ação de combate de que participaram — e meio por acaso — foi o metralhamento de um Catalina por Carlos Alberto Guimarães, em 18 junho de 49, quando os rebeldes, dominicanos exilados na Guatemala, desencadearam uma invasão. Desde 1947, entretanto, Trujillo aderira espertamente ao programa do anticomunismo exaltado na época, conquistando assim o apoio do USA.
De volta ao Brasil, os "mercenários" continuaram suas carreiras, na aviação comercial ou até mesmo na FAB, apesar de, como reservistas, terem de se sujeitar a recomeçar quase do zero -e atrás do último aspirante da turma do ano. A República Dominicana para a maioria deles virou apenas lembrança distante. A exceção foi Martins, que voltou lá em 1957 para casar com uma antiga namorada, Maria Natividad, na catedral primaz das Américas.
O descaso dos governantes pela oficialidade jovem do país é apenas um dos sintomas das condições a que chegou a prestação de serviços ao governo assassino de Washington.
Terminada a II Guerra Mundial, Getúlio Vargas e Eurico Dutra determinaram a imediata liberação dos combatentes, inclusive o pessoal da Força Aérea que acabara de receber instrução no USA. Os pilotos que estavam na reserva — cerca de 400 — foram os primeiros a ser desligados. Outros serviram um tempo na base aérea de Santa Cruz. Muitos acharam emprego nas companhias de aviação, mas nem todos.
Em 1948, o ditador Rafael Trujillo, que se defrontava com os rebeldes da Legião do Caribe, aliciou um grupo de brasileiros para organizar a Força Aérea da República Dominicana e eliminar a insurreição. Eram os pilotos de caça Carlos Alberto de Freitas Guimarães, Itamar Pereira de Oliveira, Rivaldo José Barbosa, João Carlos Menna Barreto, Wilson Bitencourt Braga, Nilton Miguel Ajuz, Gilberto Syllos Clark, José Rafael Martins, os engenheiros de aviação Linguanotto e Harrington, e os mecânicos Cleber, Heredia e Ronaldo. Eram jovens de 20 anos de idade e com pouco dinheiro.
— Quem não era do Rio ficava em um hotel sem-vergonha, mas que aceitava fiado, o Hotel Primavera, apelidado "Spring", em cima de uma padaria e de um cabaré. Mal dava para dormir com o barulho — lembra Martins.
O carioca Ajuz contou à revista "Força Aérea" como surgiu a oportunidade de ir ao Caribe: "Encontrei um colega da FAB que me falou dessa chance. Mandou procurar o comandante Jopert, das Aerovias Brasil, genro de um coronel dominicano. O Jopert me perguntou se eu teria como arranjar uns oito pilotos para formar metade de um grupo de caça. Ao mesmo tempo, Trujillo comprava armamentos brasileiros, como fuzis e velhos canhões, que seriam enviados por mar (para ensinar o uso desse material, dois oficiais e dois sargentos do Exército moraram na República Dominicana na mesma época que os aviadores).
— Nós fomos lá para defender o país, como mercenários. Nós éramos mercenários, mesmo -diz o aviador José Rafael Martins, o "Cabecinha", mineiro de Belo Horizonte.
Para ajudar os dominicanos a utilizar bimotores Beaufighter e Mosquito havia também um grupo de aviadores britânicos no país. Assim como os aviões, também era transnacional o grupo de instrutores. Havia ianques, a maioria do exército, mas pelo menos um aviador naval, e até mesmo um ex-piloto da Luftwaffe.
Embora o grupo tivesse ficado conhecido como Trujillo boys, nenhum deles tinha sequer ouvido falar do general Rafael Leonidas Trujillo Molina:
— Só lá que fomos descobrir o que era um ditador. A polícia do Vargas era fichinha perto daquilo — diz Martins.
Ficaram cerca de dois anos na República Dominicana — de 1948 a 1950. A única ação de combate de que participaram — e meio por acaso — foi o metralhamento de um Catalina por Carlos Alberto Guimarães, em 18 junho de 49, quando os rebeldes, dominicanos exilados na Guatemala, desencadearam uma invasão. Desde 1947, entretanto, Trujillo aderira espertamente ao programa do anticomunismo exaltado na época, conquistando assim o apoio do USA.
De volta ao Brasil, os "mercenários" continuaram suas carreiras, na aviação comercial ou até mesmo na FAB, apesar de, como reservistas, terem de se sujeitar a recomeçar quase do zero -e atrás do último aspirante da turma do ano. A República Dominicana para a maioria deles virou apenas lembrança distante. A exceção foi Martins, que voltou lá em 1957 para casar com uma antiga namorada, Maria Natividad, na catedral primaz das Américas.
Imperialismo usa brasileiro para bucha de canhão - A Nova Democracia
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