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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

MP e polícia investigam "Chácara da Porrada" na Fronteira

Casa teria sido usada por policiais militares para fazer interrogários ilegais de suspeitos

25/09/2014 | 15h58
MP e polícia investigam "Chácara da Porrada" na Fronteira Jornal Pampeano/Divulgação
O termo foi cunhado por suspeitos de crimes que teriam sido conduzidos por policiais militares para serem torturadosFoto: Jornal Pampeano / Divulgação
Será através do cruzamento de informações conseguidas por depoimentos, perícias técnicas e investigação policial que o Ministério Público Estadual (MPE) e a Brigada Militar (BM) poderão descobrir o que acontecia com as pessoas que eram levadas para interrogatório ilegal dentro das grossas paredes de um prédio de cor verde, conhecido como “Chácara da Porrada”, na periferia de Jaguarão, cidade agropecuária de 28 mil moradores na Fronteira Sul, ao lado do município uruguaio de Rio Branco.
O termo foi cunhado por suspeitos de crimes que teriam sido conduzidos por policiais militares para serem torturados. O caso veio à tona no início do mês. Brigadianos foram acusados de agredir cinco ladrões no local — um teria furtado uma moto de um policial. Os PMs atuam no 3º Batalhão de Policiamento de Área de Fronteira (3ª BPAF), uma das unidades da BM.
– Temos laudos, fotos e depoimentos de vítimas, que mostram que elas foram torturadas na chácara – informa a promotora de Justiça Cláudia Rodrigues Pegoraro.
Na investigação, foi apurado que seis brigadianos e uma sétima pessoa estavam envolvidos nas torturas. Na quarta-feira, o MP ofereceu denúncia contra os sete à Justiça. Um dos PMs ainda é acusado de posse ilegal de um revólver calibre 38.
No dia 7 de setembro, os policiais militares Rodrigo de Freitas Neumann, Edison Fernandes Pinto, Everton Radde da Silva, Julio Cesar Souza Vieira, Osni Silva Freitas e Iara Luiza Vitória, com ajuda do comparsa Fabiano Miranda Caetano, teriam torturado cinco vítimas, uma delas menor de 18 anos. Eles queriam informações sobre quem era o responsável pelo furto à residência dos PMs Julio Cesar e Osni Freitas.
A imagem da BM
A descoberta da existência da Chácara da Porrada abalou a comunidade, onde todos se conhecem e a farda da BM ganhou o respeito da população nas lutas contra os bandidos da Fronteira, principalmente os abigeatários – ladrões de gado.
Os danos que o episódio pode causar à imagem da instituição exigem que a apuração do fato seja feita de maneira rápida e completa, ouvindo todos os lados envolvidos, de acordo com o coronel Paulo Roberto da Rosa Duarte, responsável pelo Comando Regional de Policiamento Ostensivo da Região Sul. Com quatro batalhões, ele comanda a segurança de 27 cidades da Fronteira Sul.
– Estamos com um IPM (Inquérito Policial Militar) em andamento para esclarecer os fatos – comentou o coronel.
A defesa dos brigadianos presos é feita pelo sargento João Carlos Goulart Domingues, presidente da Associação dos Cabos, Soldados e Policiais Militares João Adauto do Rosário, com sede em Pelotas.
– O MPE não deu o direito de os suspeitos (os PMs) serem ouvidos. Também não levou em conta que eles estão sendo acusados por bandidos notórios, sendo que um deles tem 48 indiciamentos por vários crimes, entres eles, roubo e estupro – protestou Domingues.
Antecedentes
A investigação deverá determinar há quanto tempo a Chácara da Porrada funcionava, o que pode ajudar a determinar o grau de organização dos suspeitos. Também deverá ser apurado se algum dos seis brigadianos envolvidos participou de outros dois episódios nebulosos.
Em 2011, um estudante gay, negro e pobre denunciou ter sido espancado durante uma abordagem policial e disse ter recebido ameaças para ficar calado. Em março, uma patrulha do 3º BPAF invadiu a redação do jornal O Pampeano, em represália ao editor Anibal Cardoso, por ter publicado uma reportagem contra a corporação. Os casos foram parar na Corregedoria da BM.
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/09/mp-e-policia-investigam-chacara-da-porrada-na-fronteira-4606611.html


MP e polícia investigam "Chácara da Porrada" na Fronteira - Zero Hora

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