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Coronel preso por propina será investigado por fazer obras no quartel com material comprado na loja de sua mulher
Durante as investigações que terminaram com a prisão do coronel Dayzer Corpas Maciel, comandante do 17º BPM (Ilha do Governador), promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) descobriram que a mulher do oficial é dona de uma loja de ferragens que fornecia material para as obras do quartel. Na manhã desta quinta-feira, a loja Irmãos Rocha Material de Construção Ltda. foi alvo de um mandado de busca e apreensão. No local, agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança (Ssinte) encontraram a nota fiscal de uma compra de R$ 1.852,50 feita pelo batalhão. Os promotores do Gaeco enviaram ofício à Promotoria de Tutela Coletiva para que os PMs do batalhão sejam investigados por improbidade administrativa.
No batalhão, agentes encontraram um espelho com os dizeres: “A tropa é o espelho de seu comandante”. Segundo a denúncia do MP, Corpas foi beneficiado com R$ 40 mil da quantia conseguida com o sequestro dos traficantes Atileno Marques da Silva, o Palermo, e Rogério Vale Mendonça, o Belo, no dia 16 de março. Os bandidos voltavam para sua favela de origem, em Senador Camará, após uma reunião no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Em junho de 2013, o comando da PM concedeu ao coronel Corpas a Medalha Dom João VI.
A operação estava marcada para o último dia 29 de setembro. Entretanto, no dia, Corpas estava em Miami. Ele só voltaria ao Brasil no dia seguinte, quando, pela Lei Eleitoral, só prisões em flagrante poderiam ser feitas. Fotos obtidas pelo EXTRA mostram o oficial com malas no Aeroporto do Galeão. Na ocasião, ele estava sendo monitorado por agentes da Ssinte.
Na denúncia, o MP também enviou ao Ministério Público Militar um pedido para que o comando da base aérea do Galeão seja investigado. Segundo os promotores do Gaeco, o comando da base, quando foi notificado pela Secretaria de Segurança para que enviasse as imagens da base aérea à Ssinte, “ao invés de atender imediatamente e de forma discreta/reservada à requisição e, por óbvio, manter discrição sobre os fatos e sobre a requisição, até porque estavam sendo objeto de investigação, preferiu e optou por comunicar previamente os fatos e o interesse da Ssinte justamente ao comandante do 17º BPM, cientificando-o sobre os fatos e alertando-o sobre a investigação”. Segundo o MP estadual, pode ter sido cometida “possível infração disciplinar, ato de improbidade administrativa ou conduta criminosa”. Procurada, a Aeronáutica ainda não se pronunciou sobre o fato.
A Operação Ave de Rapina prendeu nesta quinta-feira 16 policiais, incluindo o comandante do 17º BPM, pela acusação de extorsão mediante sequestro e roubo majorado. Foram cumpridos também 43 mandados de busca e apreensão.