SEGURANÇA
PMs são presos acusados de maltratos e chacinas
20/12/2014 às 12:14:42 | Atualizado 22/12/2014 às 10:58:30
Jadson André
Jadson André
Secretário de Segurança falou sobre os crimes. Foto: Átila Alberti. |
Cinco policiais militares foram parar atrás das grades neste fim de semana, suspeitos de ser responsáveis por chacinas e por cobrar propina de traficantes. Todos são do 13.º Batalhão da Polícia Militar e, de acordo com as investigações, formavam uma espécie de milícia, confirmando a suspeita publicada pela Tribuna no início de agosto.
A operação, deflagrada na madrugada de sábado, pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e Secretaria de Segurança Pública (Sesp), culminou na prisão dos soldados Patrik Alves Pereira, Eleozir José da Silva e Michel Alves Diel. O sargento Silvestre de Oliveira Lopes e o soldado Alisson dos Santos Cszulik se apresentaram no regimento em que prestavam serviço.
Os PMs são suspeitos de cobrar dinheiro de traficantes da região sul da capital e da autoria de pelo menos 11 mortes. Cinco vítimas foram assassinadas em uma residência, na Rua Joaquim Teodoro Portugal, Xaxim, em 31 de maio. Dois homens entraram a atiraram contra seis pessoas. Morreram Roberto Carlos Mattozo Farias, 46 anos, Mayckon Kuil Inglês da Luz, 30, Sidineia Lima da Silva, 38, Ailson Martins Ferreira, 35, e Murilo Gomes Veiga, 19. A sexta pessoa só sobreviveu porque ficou entre os corpos se fingindo de morta.
Um mês depois, na Rua Jardim Alegre, Sítio Cercado, três assassinos chegaram em um veículo branco, entraram na residência e executaram Jonathan Pereira Veloso, 29 anos, Jaqueline Garcia da Silva, 33 anos, grávida de seis meses, Kauane Garcia Diaz, 16 anos, e Ailton Garcia Diaz, 14 anos.
Como a Tribuna tinha informado em reportagem de agosto, o principal elo entre as chacinas foi uma pistola calibre 380, usada nos crimes, conforme exame de balística. Além das nove pessoas mortas nestes dois casos, os policiais também são acusados de matar Anderson Marques Colaço, no Pinheirinho, e de Tiago Rocha, 25, no Alto Boqueirão.
“Bandidos”
O secretário de Segurança, Fernando Francischini, disse que até o fim do ano pretende passar a régua em todos os casos envolvendo policiais que cometeram crimes. “São bandidos infiltrados na polícia que queremos limar dos nossos quadros”, afirmou Francischini à Gazeta do Povo.
De acordo com a PM, os policiais são antigos na corporação e um deles estava afastado por problemas psiquiátricos. Outros três já tinham sido transferidos para funções administrativas e apenas um estava no trabalho de rua.
Defesa
O advogado Cláudio Dalledone, que defende os soldados Alisson Cszulik e Michel Diel desde quando foram apontados pela Polícia Civil como possíveis autores da chacina do Xaxim, disse ontem que ainda não tinha sido informado sobre o motivo da prisão dos clientes e preferiu não se manifestar sobre a operação da DHPP e da Sesp.
Já o defensor do soldado Patrik Pereira, o advogado Diego Cristo, negou a participação de seu cliente nas duas chacinas. Com relação à acusação sobre as outras duas mortes, no Pinheirinho e Alto Boqueirão, a defesa afirmou que “Patrik estava exercendo sua função de policial e agiu na proporção devida, dentro dos princípios da profissão”. Para Cristo, a prisão do policial foi abusiva.
“Meu cliente está há cinco anos na corporação e nunca teve nenhum desvio de conduta. O mandado de prisão contra ele, assim como de outros policiais, foi expedido pela Justiça no dia 7. Deixaram para prendê-los nesse período por causa dos recessos em departamentos públicos, dificultando a defesa”, argumentou o advogado. Eduardo Mileo, advogado do sargento Silvestre Lopes, apresentou posicionamento parecido e também reclamou da escolha da data da prisão.
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