Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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sábado, 22 de agosto de 2015


Ex-PM é condenado a 18 anos de prisão por morte de João Roberto
'Justiça foi feita', diz mãe do menino, que tinha 3 anos quando foi morto. Carro foi metralhado por policial que perseguia bandidos na Tijuca, em 2008.
09/06/2015 23h12 - Atualizado em 10/06/2015 01h17
Por Lilian Quaino e Cristina Boeckel
Do G1 Rio
O ex-cabo da Polícia Militar Wiliam de Paula foi condenado a 18 anos de prisão em regime fechado pela morte do menino João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, em julho de 2008, em julgamento realizado nesta terça-feira (9). João foi morto a tiros quando o carro de sua mãe foi confundido com o de criminosos que eram perseguidos por policiais na Tijuca e atingido por 17 disparos. O réu, no entanto, ainda pode recorrer.
O ex-PM deixou o local preso, após o juiz  Jorge Luiz Le Cocq D'Oliveira decretar a prisão do réu na leitura da sentença.
O juiz comentou que o réu "tem perfil desajustado, má condutra social, é suspeito de envolvimento com milicianos, além de responder por outro homicídio de um agente penitenciário" no 3º Tribunal do  Júri.
Pai e mãe chorando de alegria pela condenação do ex-PM (Foto: Lilian Quaino / G1)Pai e mãe chorando de alegria pela condenação do ex-PM (Foto: Lilian Quaino / G1)
"A justiça foi feita", comemorou a mãe, Alessandra Soares, chorando de alegria ao lado do marido Paulo Roberto Soares, pai de João Roberto. "Vou chorar e abraçar meus filhos quando chegar em casa", disse ela, que considera a sentença "muito importante" para tentar que outras familias não passem por isso.
O assistente de acusação, João Carlos Castellar, explicou que os jurados do 2º Tribunal do Júri decidiram pela condenação por homicídio qualificado e duas tentativas de homicídio, contra a mãe e o irmão de João Roberto.
Menino João Roberto foi morto em julho de 2008 (Foto: Reprodução/TV Globo)Menino João Roberto foi morto em julho de
2008, aos 3 anos (Foto: Reprodução/TV Globo)
O julgamento
No debate final entre defesa e acusação, Fábio Vieira dos Santos, representante do Ministério Público insistiu que a situação do acusado não era de legítima defesa.
"O local não era perto de morro e o acusado não estava em situação de risco. Ele quis matar. Os disparos foram feitos por ele para dentro do carro", disse.
A advogada assistente de acusação, Marta Barbosa, afirmou aos jurados que era melhor "20 bandidos soltos do que uma criança de 3 anos morta".
O defensor público Felipe Lima explicou aos jurados que a tese de defesa era a legítima defesa putativa, que significa não uma situação de risco real, mas "o risco que existe na cabeça das pessoas". Para ele, "dizer que um PM no Rio de Janeiro não tem pânico é retirar dele a vicissitude de um homem".
Ele cumprimentou os pais da criança que, nessa hora, saíram do plenário. O defensor disse que todos se identificaram quando viram a reportagem sobre a morte da criança. O defensor disse aos jurados que absolvição seria um exagero. Ele declarou que "William fez uma cagada. Foi imperito e imprudente".
Por isso, ele pediu que os jurados condenassem William por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. "Esse homem não saiu de casa para matar uma criança", disse.Muito emocionada, a mãe da criança, voltou a dizer que não tomou atitudes que justificassem os tiros e disse que até hoje a família luta contra a dor.
"Passei dois anos vivendo à base de medicamento tarja preta", conta Alessandra Muniz Soares. "Meu marido, que era taxista, até hoje toma remédio e ficou muito tempo sem trabalhar. Vinícios [irmão de João, na época bebê] tem sete anos e até hoje pergunta como o irmão morreu. Não tenho coragem de dizer."
João foi morto a tiros quando o carro de sua mãe foi confundido com o de criminosos que eram perseguidos por policiais na Tijuca. O veículo foi atingido por 17 tiros, segundo o perito Nilton Thalmaturgo Rocha Júnior, que prestou depoimento no 2º Tribunal do Júri do Rio, nesta terça. Segundo ele, a iluminação na rua no dia do crime não era ideal, mas seria possível enxergar quem estava no carro.
"Não fiz nada que justificasse essa agressão. Encostei [no acostamento] porque devemos parar quando uma ambulância ou carro da polícia passa. Eu não fiz mal a ninguém", declarou a mãe.
PM nega tiro que matou João Roberto
Em depoimento, Wiliam de Paula afirmou que atirou em direção ao pneu do carro de Alessandra. Segundo ele, os criminosos atiraram contra o veículo e mataram o menino João Roberto. “O episódio foi uma fatalidade. Eu não queria matar ninguém”, disse. O ex-policial respondeu apenas as perguntas do juiz e não as perguntas da promotoria. Ele negou envolvimento com milícias e afirmou que é retratado como “monstro” pela acusação.

“Pedimos para sair do carro e o veículo estava balançando. Eu vi marcas de tiro no carro e pensei que eram os meliantes. A dona Alessandra sabe disso. Mas eu não questiono, já que ela perdeu um filho”, afirmou.
Antes do julgamento, a defesa do ex-PM pediu a nulidade do processo devido ao contato entre a mãe de João, que é assistente do advogado de acusação, e o pai da criança. O juiz, no entanto, indeferiu o pedido após ponderação do promotor Fábio Vieira dos Santos.
“O processo não pode ser anulado porque eles são casados desde antes do acontecido com o pequeno João Roberto. Neste caso, a proibição do contato só faz sentido a partir do início do julgamento”, retrucou.
Novo júri
Este é o segundo julgamento do caso e foi pedido pelo Ministério Público do Rio, que recorreu da decisão que absolveu o ex-PM do crime de homicídio doloso, por quatro votos a três, em audiência realizada em 10 de dezembro de 2008. Segundo o MP, a decisão contraria a prova pericial que apontou o erro de William e do ex-PM Elias Gonçalves ao confundirem o carro de Alessandra Soares, mãe de João Roberto.

Junto com o também ex-PM Elias Gonçalves da Costa – que foi absolvido do crime – William foi acusado por ter disparado 17 vezes contra o carro da mãe de João Roberto, durante perseguição na Tijuca, na Zona Norte do Rio, matando a criança. O menino também estava com o irmão e a mãe dentro do veículo.
Relembre o caso
João Roberto foi baleado em 6 de julho de 2008, quando William de Paula e o ex-soldado Elias Gonçalves da Costa perseguiam bandidos na Rua Espírito Santo Cardoso, na Tijuca. Elias foi absolvido pelo Tribunal do Júri, após ter declarado que só deu um tiro para o alto e que o colega, William de Paula, é quem teria atirado no carro. Após o crime, os dois foram expulsos pela Polícia Militar.
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COMENTÁRIOS
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RECENTES
POPULARES
  • Gabriel Correa
    HÁ 2 MESES
    Precisa acabar com Juri no Brasil, as pessoas condenam com emoção e não com justiça. Absurdo acreditar que o PM queria matar a criança, no máximo agiu com culpa e não dolo. Tenho pena dos policiais, terão que usar arma de água para trabalhar.

    • Daniel
      HÁ 2 MESES
      Gabriel, ele arriscou a vida de vários inocentes e acabou matando um para pegar um bandido. Ele deu diversos tiros em um carro no qual ninguém estava atirando de volta em uma rua movimentada da Tijuca. A PM está mostrando muito mais do que despreparo nos últimos anos (não me refiro a esse caso específico, mas ao conjunto da "obra").
      • Anderson Santos
        HÁ 2 MESES
        Gabriel a PM do Rio esta acostumada a matar, independentemente de ser criança ou adulto. Esse foi apenas mais um caso da rotina policial no Rio... e não se engane, a maioria sai na rua para matar. Mas concordo com vc, qdo diz que o policial esta na "ponta da corda". As instituições tb teriam que ser responsabilizadas.
      • Manoel Filho
        HÁ 2 MESES
        18 anos, na verdade gente é só 6, devido a boa conduta. Teria que ser 40 anos direto sem advogado.
        • djalma junior
          HÁ 2 MESES
          Sou policial e o que está acontecendo com nosso país é alarmante, após esse episódio nunca mais perseguirei assaltante nenhum, a sociedade que se exploda, quem sabe um pouquinho das leis do Brasil sabe que mesmo com o erro as condições do bandido passa para a vítima, basta saber que o carro desta senhora era igual ao dos assaltantes e que passaram no mesmo lugar onde essa senhora passou, infelismente foi uma fatalidade, porém moramos em um país onde aparecer na TV significa extrapolar o bom senso, o que esses promotores queriam conseguiram, que foi aparecer se aproveitando d sofrimento alheio.


          • Patricia C
            HÁ 2 MESES
            Olha o nível das respostas.
            • Kerolaine
              HÁ 2 MESES
              Silva Qualquer um menos a polícia. Problema seu se confia nessa corja.

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