Grupos de extermínio formado por PMs são suspeitos de chacina
Imagens exclusivas mostram o carro que foi usado na ação. Dezoito pessoas morreram em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo.
17/08/2015 05h49 - Atualizado em 17/08/2015 06h13
Dezoito pessoas morreram na chacina em Osasco e Barueri que aconteceu a semana passada. A principal suspeita é de que grupos de extermínio formados por policiais estejam envolvidos nos assassinatos.
Osasco, Grande São Paulo, quinta-feira passada (13), as imagens do vídeo são exclusivas. Elas mostram quando um carro prata, um Peugeot 206, passa pela rua, fica 40 segundos parado em frente a uma loja de doces e vai embora pelo outro lado da rua, virando à esquerda.
Um senhor que estava na loja conta o que aconteceu: “Estacionou aí na frente. Simplesmente não falou nada e atirou nele. Dois tiros”.
A vítima foi um jovem de 16 anos. A testemunha diz que os assassinos, dois homens encapuzados, desceram do carro. Um deles chegou a apontar uma arma para a cabeça da testemunha. “Eu pensei que ele fosse atirar. Foi um milagre de Deus mesmo”, conta.
Na quinta-feira, 15 pessoas foram assassinadas em sete pontos de Osasco. Na cidade vizinha, Barueri, houve mais três mortes, em dois locais diferentes. Os assassinatos aconteceram em um espaço de 20 quilômetros, em cerca de duas horas e 20 minutos.
Alguns moradores reclamam que o policiamento demorou para aparecer na região.
Até agora, a principal suspeita aponta para o envolvimento de policiais militares. A polícia já sabe que, pelo menos, 10 pessoas, divididas em três grupos, participaram dos 18 assassinatos e que as armas utilizadas eram de calibres 38, 380 e 9 milímetros.
“Nós conseguimos identificar o número de série de um dos projéteis de uma 9 milímetros. Já vamos saber onde ela foi comprada”, diz Alexandre de Moraes, secretário de Segurança Pública de São Paulo.
Também já há informações sobre o carro prata usado pelos bandidos. “Quatro pessoas estavam dentro do Peugeot prata”, diz o secretário.
Quanto ao perfil das vítimas. “Não estavam foragidas, não tinham prisão decretada. Mesmo as seis vítimas que tinham passagens pela polícia eram passagens, algumas por lesão corporal, receptação culposa. Nenhuma das vítimas foi morta por estar praticando algum crime”, destaca o secretário.
A suspeita é de que a chacina foi por vingança, depois de duas mortes recentes na região. Em sete de agosto, o cabo da Polícia Militar Avenilson Pereira de Oliveira foi morto a tiros durante um assalto a um posto de combustíveis, em Osasco. Ele não estava fardado.
Barueri, um dia antes da chacina. O guarda civil Jeferson Rodrigues reagiu a um assalto e também foi morto a tiros. O crime foi no comércio dele, uma revendedora de bebidas.
Um dos 18 mortos é o ajudante geral Deivison Lopes Ferreira, de 26 anos. O corpo dele ficou 12 horas no chão, à espera do Instituto Médico Legal de Osasco. “Ninguém merece isso. Meu irmão ficou igual um cachorro, morto lá”, diz Jorge Henrique Ferreira, irmão de Deivison.
Deivison foi morto com seis tiros. Dezoito anos atrás, o pai dele foi assassinado no mesmo bairro, também com seis tiros. “Dizem que é porque ele era mecânico. Dizem que foi cobrar alguém ou tinha alguma dívida com alguém, mas ninguém sabe”, diz o irmão.
Jorge cuidava do único irmão como se fosse um filho. E faz um apelo ao assassino. “Que ele venha a se arrepender, que ele bote a mão na consciência, que ele tirou um pedaço da nossa família”, lamenta o irmão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário