10/10/14 14:1710/10/14 14:57
Policial delator afirma que coronel preso recebia propina de até R$ 150 mil do tráfico do Morro do Dendê
O policial que colaborou com as investigações que culminaram na prisão de 16 PMs do 17º BPM (Ilha do Governador) afirmou, em depoimento a promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que o comandante do batalhão, coronel Dayzer Corpas Maciel, recebia até R$ 150 mil em propinas do tráfico de drogas do Morro do Dendê. Segundo o relato do praça, obtido com exclusividade pelo EXTRA, o chefe do tráfico da favela, Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, “é acertado com o 17º BPM e esse acerto se dá ‘por cima’, ou seja, com o Estado Maior do 17º BPM”.
O praça, que agora está sob proteção da PM a pedido enviado pelo Gaeco ao comandante geral, coronel José Luís Castro, afirmou que “ouviu dizer no interior do 17º BPM que o coronel Corpas recebe aproximadamente de R$ 120 mil a R$ 150 mil, sendo que esta receita seria exclusivamente proveniente do tráfico de drogas do Dendê”. O policial não especificou de quanto em quanto tempo o coronel recebia esse valor. Ao todo, ele deu três depoimentos ao Gaeco: o primeiro, no dia 11 de junho; o segundo, em 6 de agosto; e o último no dia 30 de setembro, após a operação Amigos S. A. que terminou com a prisão de 24 PMs do 14º BPM (Bangu).
Ao longo do relato, ele sustenta que os policiais do batalhão, mesmo sabendo que eram alvo de uma investigação, continuaram “exigindo propina “de mototaxistas, condutores de vans, kombis, cooperativas de vans, assim como do tráfico de drogas”. Ele também revela que “a principal equipe de policiamento que arrecada propinas é a APTRAN, sendo que, em especial, às sextas-feiras, a mesma faz o ‘recolhe’, ou seja, sai do 17º BPM e não tem hora para voltar”. Após fazer o recolhimento da propina, os policiais da APTRAN vão diretamente para o “gabinete do coronel Corpas” e para o “gabinete da chefia da P1” do batalhão. O delator ainda revela que os policiais “lotados na APTRAN são homens de confiança do coronel”.
O coronel Corpas foi preso nesta quinta-feira em casa, no Jardim Guanabara, bairro nobre da Ilha do Governador. Ele e outros 15 PMs do batalhão vão responder por extorsão mediante sequestro e roubo majorado. Os PMs são acusados de terem aceitado R$ 300 mil para liberarem dois traficantes durante abordagem no dia 16 de março. Três fuzis também foram roubados e revendidos aos bandidos.