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Traficante tinha telefone de coronel preso por receber propina na agenda de celular
Preso há mais de um mês acusado de receber propina para liberar traficante detidos, o coronel Dayzer Corpas, ex-comandante do 17º BPM (Ilha do Governador) tenta, na Justiça, provar sua inocência. Entretanto, essa não é a primeira vez que Corpas é acusado de envolvimento com o tráfico. Em 2006, quando comandava o Grupamento Especial de Policiamento do Complexo Penitenciário de Bangu, o oficial foi investigado depois que seu nome e o número de seu telefone foram encontrados na agenda do celular de um traficante preso na Vila Kennedy.
Na ocasião, foram presos os ex-soldados Ednaldo Souza Costa e Michel de Menezes, que integravam o Serviço Reservado da unidade. Os dois foram flagrados em escutas telefônicas passando informações para José Givaldo Marques dos Santos, o Piu, integrante do tráfico da Vila Kennedy. Em 24 de março de 2005, Piu foi preso e seu celular, com o número de Corpas, apreendido. Os praças foram expulsos da corporação e, em 2009, condenados por associação para o tráfico.
Já o então major Corpas foi alvo do Inquérito Policial Militar (IPM) 10836/06. Intimado a depor no procedimento, Michel de Menezes afirmou que “o major Corpas conhecia pessoalmente Piu” e que o traficante “fora apresentado a Corpas durante uma atividade esportiva da unidade em um Clube Campestre de Campo Grande”.
Em depoimento, Corpas alegou que “não se recordava de ter sido apresentado pessoalmente a Piu” e que “não sabe como o ID de seu Nextel fora incluído no celular de Piu”. O relatório do IPM conclui que “além do fato do número do ID do Nextel do major Corpas, nenhum outro fato compromete o oficial”. O procedimento foi arquivado a pedido do Comando-Geral.
Procurado, o advogado do coronel, Michel Asseff Filho, afirmou que não tinha conhecimento do caso.
Corpas foi preso no dia 9 de outubro em casa, no Jardim Guanabara, bairro nobre da Ilha do Governador. Ele e outros 15 PMs do batalhão respondem por extorsão mediante sequestro e roubo majorado. Os PMs são acusados de terem aceitado R$ 300 mil para liberarem dois traficantes durante abordagem no dia 16 de março. Três fuzis também foram roubados e revendidos aos bandidos. Segundo a denúncia do MP, Corpas foi beneficiado com R$ 40 mil da quantia conseguida com o sequestro dos traficantes Atileno Marques da Silva, o Palermo, e Rogério Vale Mendonça, o Belo, no dia 16 de março.
O depoimento de um policial delator também revelou que o batalhão recebia pagamentos regulares do tráfico de drogas do Morro do Dendê, na Ilha. Segundo o relato, o policial “ouviu dizer no interior do 17º BPM que o coronel Corpas recebe aproximadamente de R$ 120 mil a R$ 150 mil, sendo que esta receita seria exclusivamente proveniente do tráfico de drogas do Dendê”.