20/06/2012
às 17:00 \ Política & CiaE fiel seguidor da ditadura militar
(Texto publicado em Sul21, em 19 de junho de 2012, por Luiz Cláudio Cunha)
AMARAL DE SOUZA (1929-2012): AS VERRUGAS DA MAL CONTADA HISTÓRIA DA DITADURA
Pinte-me como eu sou, com verrugas e tudo.
(Oliver Cromwell, 1599-1658, Lorde Protetor do
Reino Unido, ao pintor oficial da corte, Peter Lely)
Um jovem mal informado ou desatento imaginaria que o Rio Grande do Sul perdeu um gigante, na quarta-feira 13, quando morreu o ex-governador [biônico] gaúcho José Augusto Amaral de Souza, dois meses antes de completar 83 anos, vítima de complicações de um AVC que desde 2006 o confinava a uma cadeira de rodas.
Ele ganhou honras de Estado, luto oficial de três dias e os discursos e elogios de praxe da generosa tradição brasileira, que cobre qualquer morto com a pátina da complacência e repinta biografias sem as cicatrizes, espinhas e rugas conferidas pela vida política.
“Um líder importante do Rio Grande”, definiu, com exagero, o governador Tarso Genro. Foi desenhado com linhas ainda mais indulgentes pelos sete políticos de partidos e tendências diversas que o sucederam no Palácio Piratini, a partir de 1982, [esses] por decisão exclusiva do voto popular: Jair Soares (PP), Pedro Simon (PMDB), Alceu Collares (PDT), Antônio Britto (PMDB), Olívio Dutra (PT), Germano Rigotto (PMDB) e Yeda Crusius (PSDB).
No limite da fidalguia, uns e outros louvaram Amaral pelos adjetivos piedosos que ocultam a rugosidade natural do último governador indicado pela ditadura dos generais de 1964: “conciliador, absoluto respeito pelos adversários, afável, vida pública sem máculas, atuação importante na política, administrador sério, importância fundamental na transição para a democracia, um amigo, grande companheiro”, e coisas do gênero.
Os sete sucessores de Amaral de Souza que alcançaram pelo voto popular o palácio que Amaral ocupou sem nenhum voto do eleitor gaúcho não cometeriam a deselegância de admitir publicamente o que muitos deles reconhecem mas ninguém diz: Amaral de Souza conseguiu ser a figura mais medíocre da safra dos quatro apagados governadores biônicos, escolhidos pelos quartéis, no período sem povo e sem liberdade que marcou o Piratini e o Rio Grande do Sul entre 1966 (dois anos após o golpe) e 1983 (dois anos antes da queda da ditadura).» Clique para continuar lendo e deixe seu comentário
Operação Condor | Ricardo Setti - VEJA.com
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