26 jul, 2012 Bule VoadorDireitos Humanos, Humanismo, Questões polêmicas, Reflexões, Videos
Em campanha, o ex-comandante da Rota e candidato a vereador pelo PSDB em São Paulo, Adriano Lopes Lucinda Telhada, vem usando sua página no Facebook para fazer apologia à violência policial nas periferias da capital. Como resultado, seus seguidores têm deixado comentários do tipo: bandido tem que ir pra cova ou então vamos arrancar o pescoço desses vagabundos. Uma das pérolas de Telhada diz sem rodeios: que chore a mãe do bandido, porque hoje o bote é certo.
O ex-comandante Telhada tenta angariar votos de uma população com uma Síndrome Capitão Nascimento. Ela quer ver pé-na-porta e soco-na-cara dos bandidos. Não é correto, contudo, por parte dos defensores dos direitos humanos apontar o dedo na cara destas pessoas e acusa-las de desumanas ou coisa do tipo. Ainda que muitas vítimas da violência tenham um senso de justiça e compaixão, não podemos esperar e nem exigir que todas se comportem assim. Estamos, afinal, falando de emoções, algo por vezes fora do alcance da razão.
Diga para uma pessoa que teve um ente querido assassinado que ela deve ter compaixão pelo assassino – uma pessoa que teve uma vida sofrida e é resultado de um meio violento e sem oportunidades dignas. Ainda que muitos realmente consigam perdoar, outros não conseguirão e não é justo desconsiderar o sentimento deles por aquilo que a lei e a razão estabelecem ser o tratamento justo para o bandido. Particularmente, não sou a favor da pena de morte, mas nunca consegui me incomodar com bandido que morre em troca de tiro durante um assalto. Simplesmente não consigo. Não tenho empatia suficiente por alguém que se presta a pegar uma arma e atirar em policiais quando vê sua tentativa de assalto frustrada. Ainda assim, uma vez rendido, não sou favorável a pena de morte. E tem uma razão para isso.
Recentemente, vi o filme O Pacto (Seeking Justice 2011). Nele, a esposa do protagonista é assaltada e estuprada violentamente, precisando ser internada no hospital com o rosto desfigurado. Enquanto estava no lobby do hospital, um misterioso homem oferece ao protagonista a chance de matar o bandido. Era um jeito de fazer justiça de verdade, já que o sistema penal não condenaria o bandido a uma pena justa e severa. Vendo sua mulher naquele estado deplorável, o protagonista aceita a proposta. Não pagaria nenhum centavo por nada e apenas precisaria fazer algum favor simples para aquela misteriosa organização quando eles requisitassem no futuro.
Até aqui, muitos ficariam satisfeitos ao ver que o bandido é realmente morto. Ficamos com aquela sensação de que a coisa certa foi feita, que o mundo tornou-se algo um pouco menos pior. Mas aí é que começamos a ver o problema de uma terra onde a lei e a vida não são respeitadas. Aquela organização, que antes parecia lutar pela justiça, começa a eliminar cidadãos de bem que por alguma razão estavam atrapalhando seus planos.
Relatórios da Polícia revelam que PM está matando a mando do PCC
Publicado em 28 de mar de 2012
Documentos, entretanto, são arquivados por determinação da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, sem que os crimes sejam investigados. Suspeitas recaem até sobre a Rota, a tropa de elite da Polícia de São Paulo. Este vídeo também pode ser visto no portal band.com.br ou no canal da Band aqui no Youtube.
Reportagem de Sandro Barboza
Edição de Juliana Maciel
Imagens de Josenildo Tavares, Claudinei Matozão, João Ricardo e arquivo
Matéria da TV Bandeirantes sobre a desastrosa Secretaria de Segurança Pública de São Paulo: Relatórios da Polícia revelam que PM está matando a mando do PCC. Documentos, entretanto, são arquivados por determinação da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, sem que os crimes sejam investigados. Suspeitas recaem até sobre a Rota, a tropa de elite da Polícia de São Paulo.
Na vida real, esquadrões da morte deste tipo podem simplesmente sair do controle e matar pessoas completamente inocentes. Aí acontece de você comemorar que polícia matou um bandido hoje, mas amanhã a mesma polícia pode matar um parente seu apenas porque numa blitz qualquer o policial não foi com a cara dele ou porque um amigo do policial tinha alguma rixa com a vítima. Pior ainda: a polícia pode começar a matar desenfreadamente qualquer suspeito, sem prévio julgamento, sem direto a ampla defesa. Tudo porque a instituição começa a ter a sensação de que simplesmente tem o direito de matar.
Foi isso o que aconteceu, por exemplo, na Favela Naval. Sem razão alguma, um policial simplesmente atirou em cidadãos inocentes após liberá-los depois de uma blitz que mais pareceu uma sessão de tortura.
Foi isso o que aconteceu no Amazonas, onde policiais militares foram flagrados agredindo um adolescente. Uma câmera de segurança filmou o momento em que o jovem era baleado por policiais, em agosto de 2010.No vídeo, o adolescente, de 14 anos, está sozinho com policiais. Ele é cercado, torturado e atingido por tiros à queima-roupa.
Policiais atiram à queima-roupa em adolescente de Manaus
http://www.bulevoador.com.br/2012/07/apoiar-a-policia-que-mata-bandido-pode-ser-um-tiro-pela-culatra/
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