Policial que agrediu comerciante tem empresa de segurança em São Paulo
Empresa tem sede em prédio residencial na Zona Norte da capital paulista. Investigador da Corregedoria deu socos e apontou arma a lojista; veja vídeo.
22/02/2016 17h50 - Atualizado em 22/02/2016 18h00
Imagens mostram investigador de polícia agredindo comerciante em São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)
O policial civil José Camilo Leonel, que agrediu um comerciante nos Jardins, área nobre da cidade deSão Paulo, é sócio de uma empresa de segurança. Ele é um dos donos da Pentalpha Consultoria Técnica de Segurança e Investigação em Fraudes Contra Seguros Ltda., que tem como sócia administradora uma parente do policial, Zenaide Leonel dos Santos.
Imagens das câmeras de segurança de uma loja de tapetes divulgadas pelo programa Fantástico, da TV Globo, na edição do dia 14 fevereiro mostram José Camilo Leonel agredindo o comerciante com socos e empurrões (veja abaixo).
O investigador também ameaçou o comerciante com uma arma. Ele trabalhava na Corregedoria da Polícia Civil e pode responder por abuso de autoridade. Após a divulgação das imagens, o policial foi afastado.
A sede da empresa Pentalpha fica em um apartamento de um prédio residencial na Rua Itaci, região de Santana, Zona Norte de São Paulo. Nesta segunda-feira (22), o G1 telefonou para o número de telefone registrado pela empresa e uma mensagem eletrônica diz que o “número não pode receber chamadas".
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-SP), os policiais civis podem ser cotistas ou acionistas de empresas, de acordo com a Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, mas não podem ser sócios administrativos ou gerentes, segundo nota enviada pela SSP.
Agressão em loja
No começo de janeiro, o iraniano Navid Saysan, dono do comércio, levou socos e foi ameaçado com uma arma após discutir com o policial José Camilo Leonel. O motivo da briga seria a devolução de um dos tapetes da loja. Leonel foi chamado até o local pela estudante universitária Iolanda Delce dos Santos, de 29 anos, que pretendia devolver um tapete comprado em dezembro. Ela pagou R$ 5 mil pelo produto e queria o dinheiro de volta.
No começo de janeiro, o iraniano Navid Saysan, dono do comércio, levou socos e foi ameaçado com uma arma após discutir com o policial José Camilo Leonel. O motivo da briga seria a devolução de um dos tapetes da loja. Leonel foi chamado até o local pela estudante universitária Iolanda Delce dos Santos, de 29 anos, que pretendia devolver um tapete comprado em dezembro. Ela pagou R$ 5 mil pelo produto e queria o dinheiro de volta.
O comerciante, no entanto, sugeriu um crédito no mesmo valor, para a compra de outros produtos da loja. Segundo ele, a estudante recusou a proposta e disse que chamaria a polícia. Ela foi até o lado de fora do comércio, faz uma ligação pelo celular e, instantes depois, um carro da polícia, dirigido por José Camilo Leonel, chegou ao local.
Estudante universitária conversa com policial civil em frente a loja de tapetes (Foto: Reprodução TV Globo)
Depois de uma conversa rápida com a estudante, o policial civil entra na loja e exige a nota fiscal do tapete. Em seguida, o policial tenta algemar o proprietário e começa a agredí-lo. Ele também ameaça o comerciante com uma arma. Câmeras de segurança registraram toda a agressão. As imagens foram divulgadas pelo Fantástico (assista ao vídeo abaixo).
No vídeo, é possível ver que a estudante universitária assiste à agressão e não tenta impedir o policial. "Eu penso que ela cometeu uma incitação ao crime. Ela demonstrou uma frieza muito grande. Isso me causou estranheza. Se a gente tivesse pedido a ajuda de um policial e visse esse tipo de reação, a gente não ia deixar prosseguir", disse a advogada Maria José Ferreira.
Durante o registro do boletim de ocorrência na Corregedoria da Polícia Civil, após a agressão, o investigador disse que não conhecia Iolanda. Em entrevista ao Fantástico, ela também negou conhecer o policial civil.
Depoimento e investigação
A advogada Maria José Costa Ferreira, que defende o comerciante disse que uma pessoa viu a estudante universitária Iolanda Delce dos Santosdescendo de um carro da polícia antes de ir até uma loja de tapetes nos Jardins, área nobre da capital. "Os empregados souberam por funcionários de outras lojas que viram ela chegando na viatura, e ela desceu na esquina, mas essa pessoa se recusa a contar o fato ou testemunhar, de medo", explicou a advogada.
A advogada Maria José Costa Ferreira, que defende o comerciante disse que uma pessoa viu a estudante universitária Iolanda Delce dos Santosdescendo de um carro da polícia antes de ir até uma loja de tapetes nos Jardins, área nobre da capital. "Os empregados souberam por funcionários de outras lojas que viram ela chegando na viatura, e ela desceu na esquina, mas essa pessoa se recusa a contar o fato ou testemunhar, de medo", explicou a advogada.
O G1 procurou a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-SP) para saber se a pessoa que disse ter visto a universitária dentro da viatura será chamada para depor. A pasta informou que está verificando essa informação.
Na tarde de quinta-feira (18), o comerciante foi ouvido pela Corregedoria sobre o ocorrido. Ele deixou o local no início da noite, sem falar com a imprensa. Em seguida, quatro testamunhas deram esclarecimentos sobre a confusão (assista à reportagem do SPTV 2ª edição abaixo).
O investigador José Camilo Leonel trabalha na Corregedoria e pode responder por abuso de autoridade. O G1 não localizou a defesa dele até a publicação desta reportagem. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que ele foi afastado e teve de entregar distintivo e arma até o final da apuração dos fatos.
A Corregedoria da Polícia Civil também afirmou que estão em andamento um inquérito policial e um procedimento administrativo disciplinar que está apurando além das agressões e do abuso de autoridade, e a utilização de viatura, mesmo com o investigador estando em férias. O policial foi afastado preventivamente por 180 dias.
O comerciante prestou esclarecimentos para o inquérito policial instaurado pela Delegacia de Crimes Funcionais sobre a agressão e depois outro depoimento para a apuração preliminar sobre a conduta dos policiais do GOE. Um outro processo administrativo analisa a postura do investigador José Camilo Leonel. Neste último, Navid Saysan ainda não foi ouvido. Além do processo criminal, a defesa do dono da loja estuda entrar com uma ação por danos morais.
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