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quarta-feira, 6 de abril de 2016



Comandante da BM admite mais casos de envolvimento ilegal entre policiais e empresas de segurança no estado

06/04/2016 às 09:37
Em entrevista coletiva concedida à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, para tratar do caso da prisão de três policiais militares suspeitos de envolvimento com esquemas criminosos de segurança particular em Pelotas, o coronel Alfeu Freitas, comandante-geral da BM, admitiu que mais casos semelhantes estão sendo investigados no Rio Grande do Sul. Uma operação conjunta entre o Ministério Público, a Polícia Civil e a Brigada Militar prendeu, ainda pela manhã, um tenente da reserva e um sargento da ativa. À tarde, o comandante da BM em Pelotas, tenente-coronel André Luis Pithan, também foi detido, em flagrante, por porte ilegal de arma. Um dos PMs investigados relatou que o oficial tinha, em casa, uma arma em nome dele, já entregue à Polícia.
A operação Braço Forte busca apurar o envolvimento de policiais com a Nasf Portaria e Segurança que, conforme os promotores, cometia tortura contra suspeitos de crimes. Além disso, a empresa é suspeita de coagir moradores a contratarem o serviço, sob pena de não receberem policiamento ostensivo da Brigada Militar. O tenente da reserva preso pela manhã é o proprietário da empresa investigada.
Contra o tenente e o sargento pesaram mandados de prisão, cumpridos no início do dia. Ambos serão encaminhados para o presídio militar da BM em Porto Alegre. Já o tenente-coronel pode pagar fiança e foi liberado. Isso porque a prisão dele se deu em flagrante, decorrente da denúncia de um dos detidos na operação.
Freitas garante, no entanto, que Pithan vai ser submetido a Inquérito Policial Militar e também afastado do cargo que ocupa: “ele vai ser afastado e transferido da região Sul do Estado. Toda a história que envolve essa arma apreendida com ele precisa ser avaliada.” O coronel Freitas ressaltou, no entanto, que ele pode ser realocado em outras funções dentro de outros comandos da corporação. Sobre as atividades que o ex-comandante deve assumir a partir de agora, Freitas afirmou que ainda não há definição.
O comandante-geral reconhece que outros casos semelhantes estão sob investigação: “nós temos que evitar essas milicias. Nós temos várias denúncias de envolvimento, temos várias investigações que procuramos fazer. O caso de Pelotas foi um desses”. Conforme ele, o brigadiano da reserva não está impedido de ser sócio ou proprietário de empresa privada de segurança, “mas não pode se misturar com a atividade de polícia, da Brigada Militar.”
Questionado sobre o abalo que a operação causou na comunidade, Freitas foi enfático: “eu vejo que a BM prende muita gente, lá também há grupos criminosos articulados, e a BM tem feito enfrentamentos. A fragilidade não é da instituição, é de um ou outro membro. Isso é um alerta para todo o Estado, para que os policiais cuidem da sua obrigação”, disse. Além disso, o comandante deixou um alerta: ”quem contrata serviço de segurança privada tem que saber que também deve chamar a BM. Acho que todo o trabalho da Brigada desempenhado em Pelotas vai servir para não abalar a relação com a comunidade.”
O que apurou o MP
Conforme o Ministério Público, a empresa cometia crimes como tortura, milícia armada, lesões corporais, danos patrimoniais e incêndio sob o pretexto de impor respeito às residências e estabelecimentos comerciais que tinham a placa da empresa afixada. De acordo com as investigações, criminosos eram sequestrados, agredidos e torturados, assim como pessoas sem vinculação com os crimes. Além disso, pessoas e empresas eram supostamente forçadas a contratar a empresa. Para isso, residências e estabelecimentos eram arrombados pela milícia.

Fonte: Rádio Guaíba.

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