Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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sábado, 2 de abril de 2016


Mulheres Negras contra o racismo, a violência policial e a redução da maioridade penal


Por Núcleo Impulsor do Estado de São Paulo da Marcha das Mulheres Negras*
marchaclaudiaveronica
O mês de abril trouxe a reafirmação cotidiana da importância da Marcha das Mulheres Negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver.
Enfrentamos nos últimos dias a notícia de alunos da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu usando uniformes alusivos à Klu Klux Klan durante um “trote”; a divulgação dos laudos confirmando que as mortes de 12 jovens na comunidade Vila Moisés, no Cabula (BA) foram execuções promovidas por PMS; as ameaças à cantora, compositora e deputada estadual Leci Brandão por se manifestar contra projeto que proibia o uso de animais em rituais religiosos; a retirada violenta de jovens e de uma mulher negra – a jornalista Luka Franca – arrastada por PMs do plenário da Assembleia Legislativa durante protesto contra o presidente da câmara, Eduardo Cunha e sua cruzada contra os direitos sociais; a expulsão do menino Lucas Duran da porta de uma loja da rede Animale na Rua Oscar Freire; a prisão de Mano Brown por “desacato”; a aprovação da admissibilidade do projeto de lei que reduz a maioridade penal na CCJ da Câmara dos Deputados; e o assassinato de seis pessoas em cinco dias no Complexo do Alemão, no Rio em operações policiais (entre elas duas taxadas de imediato como “suspeitos” e despersonalizadas e o menino Eduardo de Jesus, que só comoveu o país pelo fato da criança ter apenas 10 anos).
Mortes que se somam ao assassinato de Alan Souza Silva também por um PM no Rio, em março, num crime bárbaro filmado pelo celular do próprio jovem. Foi também graças à imagem de um celular que o assassinato de Cláudia Silva Ferreira não ficou impune. Faz um ano que seu corpo negro foi arrastado por 250 metros por carro da PM depois de ser baleado, no Rio de Janeiro. Como calar perante a barbárie cometida contra a negra, pobre e travesti, Verônica? Ela foi espancada, humilhada e exposta, nos últimos dias por representantes do Estado em São Paulo. Há uma longa lista de fatos deploráveis que cotidianamente atingem a população negra e pobre do nosso país e que escancaram o racismo estrutural de nossa sociedade.
Além disso, estamos ameaçados de ver aprovado também no Congresso Nacional o PL 4330/2004 – que legaliza a terceirização sem limites. Junto com a possibilidade de redução da maioridade penal, este é um dos maiores ataques à população negra no Brasil.
A redução da maioridade penal levará ao aumento do encarceramento de jovens que já são 36% das vítimas de homicídios e menos de 1% dos envolvidos em crimes contra a vida, segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Mais uma ameaça à juventude negra, que já sofre três vezes mais riscos de assassinato que os jovens não negros na mesma faixa etária. São xs nossxs irmãos/ãs, companheirxs e filhxs que são sistematicamente encarceradxs e mortxs.
E a terceização em todas as área da economia também vitimará mais os negros, especialmente nós mulheres negras -absoluta maioria nas profissões mais precarizadas e terceirizadas no país.
Por tudo isso, nós que integramos o núcleo impulsor da Marcha das Mulheres Negras no Estado de SP, repudiamos esses acontecimentos e a aprovação dos PLs 171/1993 e 4330/2004, bem como todas as proposições no Congresso Nacional que atacam direitos.
– Contra a invisibilidade das nossas dores na mídia, na sociedade
– Pelo fim do genocídio da juventude negra
– Não à redução da maioridade penal
– Não ao avanço das terceirizações
– Não às mudanças no acesso a direitos como seguro-desemprego, pensão por morte que prejudicam principalmente as mulheres negras
Por isso marchamos, contra o racismo, a violência e pelo bem viver.
**O núcleo é formado por mulheres negras de diversos segmentos, ligadas ou não a entidades e organizações. São mulheres em movimento contra o racismo, o machismo, a violência e toda e qualquer forma de opressão.

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