Beyoncé é alvo de críticas por abordar violência policial contra negros nos EUA
Novo clipe da cantora, assim como a apresentação no Super Bowl, fala do orgulho negro e tem referência a abusos da polícia
Beyoncé se apresentou no intervalo do Super Bowl no último domingo (7) e movimentou as redes sociais. Além de muitos elogios por sua performance da nova música, "Formation", lançada no dia anterior com direito a clipe, a cantora - que se mudou para uma mansão de R$ 175 milhões - foi criticada por defender o movimento negro e levantar a bandeira contra o racismo.
Em entrevista a Fox News, o ex-prefeito de Nova York, Rudolph "Rudy" Giuliani, comentou a apresentação de Beyoncé com duras críticas: "O show do Super Bowl foi ridículo, com um monte de gente pulando pra lá e pra cá e coisas estranhas. Foi terrível. Isso é futebol americano, e não Hollywood, e eu achei que foi revoltante ela ter usado o show como uma plataforma para atacar policiais que são as pessoas que a protegem e nos protegem, nos mantêm vivos. E o que deveríamos estar fazendo pela comunidade de afro-americanos, e todas as comunidades, é dar respeito aos policiais. E nos concentrarmos no fato de que quando alguém faz algo errado, ok. Trabalharemos nisso. Mas a maioria dos policiais arriscam as suas vidas para nos manter seguros", disse.
O partido Republicano dos EUA também comentou a apresentação da cantora. "Beyoncé pode ser uma entertainer talentosa, mas ninguém devia ligar para ela ou para o que ela pensa sobre questões sérias de nossa nação, ao contrário da aceitação desse clipe pró-Panteras Negras e anti-polícia pela mídia, quando são os homens e mulheres em azul que colocam suas vidas em risco por todos nós e merecem nosso apoio incondicional", disse o comunicado assinado por Peter King.
O político canadense Jim Karygiannis foi mais um a se manifestar e disse que Beyoncé deveria ser impedida de se apresentar no Canadá no próximo dia 25 de maio. "Talvez o Ministro John McCallum deva investigá-la primeiro. Se alguém usa aquele tipo de vestimentas e apoia um grupo de raciais, essa pessoa não pode ser bem-vinda no país, não há sombra de dúvidas disso", disse ao jornal "The Sun".
Entenda o caso!
O novo single da popstar, que estaria grávida do segundo filho, fala do orgulho negro e exalta mulheres da raça, e mostra a primogênita de Beyoncé e Jay-Z, Blue Ivy, em um dos trechos, que diz: "Eu gosto do cabelo do meu bebê, com cabelo de bebê e afros". Em outra cena, um homem segura um jornal no qual Martin Luther King aparece na capa com a manchete "Mais do que um sonhador", em referência ao famoso discurso "I Have a Dream".
O vídeo também denuncia a forma como a população negra de Nova Orleans sofreu com as consequências do furacão Katrina, em 2005, e sobre abusos policiais como a morte de Michael Brown, de 18 anos, morto com dois tiros na cabeça mesmo estando desarmado. O policial (branco) que atirou foi inocentado. Em um caso mais recente, Freddie Gray, de 25 anos, morreu após sofrer uma ruptura de vértebra enquanto era detido por policiais.
Na apresentação do Super Bowl, Beyoncé - queapareceu vestida de indiana em clipe do Coldplay- também mostrou engajamento com a causa. Seguindo a linha do clipe, a apresentação contou com muitas referências a questões raciais começando pelos figurinos das dançarinas, que remetia à organização Panteras Negras, fundada em 1966 para proteger moradores dos guetos negros da Califórnia contra a brutalidade policial. Durante a coreografia, ela e o grupo ainda formaram um X no gramado, em referência ao líder negro Malcom X, responsável direto pela aprovação da Lei de Direitos Civis que proibia a segregação racial e o linchamento dos negros.
(Por Caroline Moliari)
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