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sexta-feira, 21 de abril de 2017

Milícia explorava até vendedores de frutas na estrada

Polícia prende suspeitos de extorquir moradores em N. Iguaçu

Rio - Suspeitos de integrar milícia que explorava até vendedores de frutas à beira da estrada e que, desde o início do ano, passaram a trabalhar para o ex-traficante e miliciano Carlos Alexandre Braga, 31 anos — conhecido como Carlinhos Três Pontes — foram alvo de uma operação da Polícia Civil e do Ministério da Justiça ontem, em Nova Iguaçu, na Baixada.
No total, cinco mandados de prisão para o grupo que explorava moradores do bairro Cabuçu foram expedidos. Desses, somente dois foram cumpridos. Outras quatro prisões ocorreram em flagrante. Esses milicianos, de acordo com a Draco (Delegacia de Repressão Repressão às Ações Criminosas Organizadas), seriam da milícia do PM Manuel Primo Lisboa, de 52 anos, assassinado em junho. No entanto, haviam sucumbido à expansão de milicianos da conhecida ‘Liga da Justiça’, que tem o seu domínio original na Zona Oeste do Rio e, desde o início do ano, se expandiu para a Baixada Fluminense.
Agentes da Draco levaram suspeitos e testemunhas para prestarem depoimentos na delegaciaDivulgação
“Hoje em dia existe uma forte influência da milícia de Santa Cruz, na Zona Oeste, em Cabuçu. Os milicianos de Santa Cruz tomaram à força o território dos rivais em Cabuçu. Os que passaram para o lado dos invasores foram os alvos da ação de hoje”, afirmou o delegado titular da Draco, Alexandre Herdy. A Liga, chefiada por Três Pontes, vem atuando na antiga Estrada Rio-São Paulo, em Seropédica, e Nova Iguaçu, além da Zona Oeste. A Divisão de Homicídios investiga se o assassinato de Primo tem relação com a expansão.
A operação foi feita após denúncias de moradores. Segundo Herdy, cerca de mil comerciantes eram obrigados a pagar taxas que variavam de R$ 30 a R$ 300 semanalmente, além de serviços de gás e TV a cabo. Dois mandados foram cumpridos contra Demétrio Menezes Barbosa e Leandro Emanuel Marques Fontes, o Batata do Cabuçu. Outras duas pessoas foram presas em flagrante: Ewerton Oliveira Alves, o Nenzinho, e Vinícius dos Santos Conceição por posse ilegal de arma de fogo e por receptação de moto roubada. Duas pistolas foram apreendidas, além de munição, radiotransmissores, R$ 39 mil e cerca de dez cheques preenchidos com valores acima de R$ 500.
Três pessoas que tiveram mandados de prisão expedidos estão foragidos: Daniel Oliveira, Gabriel da Silva Santos e Leandro Menezes Barbosa — o ‘Leandro Batata da Aliança’. Ele era o alvo principal, segundo Herdy.
Candidato a vereador depõe
O candidato a vereador de Nova Iguaçu, Germano Silva de Oliveira (PMDB), conhecido como Maninho de Cabuçu foi conduzido para depor durante a operação. Denúncias passadas ao Ministério Público afirmaram que ele participava da milícia. No entanto, nada foi comprovado. 
Sua residência foi alvo de busca e apreensão, onde foram encontrados R$ 34 mil, os quais acabaram confiscados. Sua arma, que estava com registro atrasado, foi apreendida. Maninho foi subsecretário de Governo da Prefeitura de Nova Iguaçu até junho.
De acordo com o promotor Rogério Ferreira, que participou da denúncia, a milícia se instala nos locais após ganhar a confiança dos moradores. “Há uma ideia romântica de que os milicianos vão proteger o local. Mas é um grupo que visa o lucro. Para isso, cobra taxas e ameaça de morte quem não paga”, disse. 
A investigação de grupos de milicianos tomou força na Draco a partir de 2008, quando se fortaleceram na Zona Oeste. Segundo a Polícia Civil, as denúncias devem ser feitas para o Disque-Denúncia no telefone 2253-1117.

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