Um policial militar de São Paulo passou algumas horas preso administrativamente, entre domingo (5) e segunda-feira (6), depois de divulgar uma mensagem polêmica em um grupo de WhatsApp de PMs. O autor das palavras, o 1º tenente das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Guilherme Derrite, já está de volta às suas atividades após o ocorrido.
“Pro camarada trabalhar cinco anos na rua e não ter ma… três ocorrências, na minha opinião, é vergonhoso, né. Mas é a minha opinião, né”, disse Derrite, em áudio divulgado primeiramente pela Ponte, canal de jornalismo sobre Segurança Pública sob o enfoque dos direitos humanos. E as críticas do tenente Derrite não pararam por aí.
“Quem vai pra cima, quem combate o crime, no Estado de São Paulo, onde o ladrão tá estourando caixa eletrônico toda madrugada, atirando em polícia… Mas esse daí é o reconhecimento que a gente tem por parte da nossa instituição. Esse é o grande reconhecimento. Tomar um pé na bunda”, afirmou o PM.
A motivação para a mensagem repassada a colegas foi a transferência do também 1º tenente da Rota, Rafael Telhada, filho do deputado estadual Coronel Telhada (PSDB). De acordo com Derrite, todos os policiais que tenha se envolvido em pelo menos três ações que acabaram em morte no Estado de São Paulo estão sendo transferidos pelo comando da PM.
“A polícia tá, como sempre, né, querendo reduzir a letalidade policial. Então, os tenentes, principalmente os oficiais, mas sargentos, cabos e soldados que nos últimos cinco anos se envolveram em três ocorrências ou mais, que tenham resultado evento morte do criminoso, eles tão sendo movimentados. E o Telhada se encaixa nessa lista aí. Até eu, que tô fora da rua há dois anos, me encaixo”, disse.
Nas redes sociais, o deputado Coronel Telhada criticou o afastamento do seu filho da Rota. Em uma postagem, o ex-comandante geral da tropa de elite da PM paulista disse ter ido até a Corregedoria “resolver um probleminha” - possivelmente o caso envolvendo o tenente Derrite.
Anteriormente, em outro post, o hoje parlamentar relembrou que “já foi mandado embora da Rota há 23 anos” por estar envolvido em “muitas ocorrências de tiroteio contra bandidos”. O tom da crítica foi semelhante à feita pelo tenente Derrite.
A reportagem do Brasil Post entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e com a PM de São Paulo, mas não obteve nenhuma resposta de ambas. À Ponte, o ouvidor da Polícia de São Paulo, Julio Cesar Neves, disse que irá representar junto à secretaria contra o tenente Derrite, por conta dos seus comentários.
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