16/12/2015 19h22
- Atualizado em
16/12/2015 19h24
Após escândalo no Bope, PM do RJ anuncia mudanças na tropa de elite
Efetivo será reduzido e operações especiais redefinidas.
Na terça-feira, 60 policiais foram transferidos para outros batalhões.
Cinco dias depois de uma operação coordenada pelo Ministério Público do Rio tornar público um esquema de corrupção envolvendo policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da Polícia Militar do RJ, a corporação anunciou mudanças na unidade. O efetivo do batalhão será reduzido e as operações especiais redefinidas.
A primeira medida tomada pelo comando-geral da Polícia Militar foi a transferência de 60 policiais do Bope para outros batalhões. A transferência dos agentes foi publicada no Boletim da Polícia Militar desta terça-feira (15).
Em nota divulgada nesta quarta-feira (16), a PM informou que a medida faz parte de um processo de reestruturação da unidade. Segundo a PM, o grupo transferido vai atuar em Batalhões com carência de efetivo e mais próximos de suas residências.
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No comunidado, a PM afirmou que os transferidos não têm relação com o
escândalo investigado pelo Ministério Público. A PM disse que a operação
colaborou com o início do processo de reestruturação do Bope, porém,
destacou que ele já estava previsto.Na mesma nota, a corporação enfatizou ainda ter “confiança total no BOPE, Unidade de Elite da Corporação que, em 2015, através de suas operações, prendeu e retirou de circulação as principais lideranças do tráfico no Rio de Janeiro”.
Operação Black Evil
Na manhã do dia 11 de dezembro, quatro policiais militares do Bope foram presos suspeitos de receber propina de traficantes. Na casa de um quinto policial, preso três dias depois de deflagrada a operação, foram encontrados R$ 70 mil em dinheiro.
Segundo a denúncia do MP, entre os meses de agosto e dezembro deste ano, os policiais investigados receberam propina de traficantes de uma facção criminosa em troca de informações sobre operações realizadas pelo Bope nas comunidades Faz quem Quer, Covanca, Jordão, Barão, Antares, Vila Ideal, Lixão, Conjunto de Favelas do Lins e Conjunto de Favelas do Chapadão. O grupo ainda negociava com traficantes armas apreendidas em outras ações para uso da quadrilha.
A operação do MP, batizada Black Evil, contou com a colaboração da Corregedoria da Polícia Militar e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da PM do Rio.
A investigação começou há cinco meses, depois que algumas operações do Bope não deram certo. O próprio batalhão começou a desconfiar do vazamento de informações.
“A gente estava desenvolvendo algumas operações que a gente percebia que não tinham qualquer tipo de resultado. Aí chegava na comunidade e simplesmente era notório que tinha sido avisado, né. A gente não observava qualquer tipo de movimentação, nem daqueles que são responsáveis eventualmente por avisar via rádio ou soltar fogos. Enfim, não havia qualquer tipo de sinalização de presença de marginais. Então, a partir daí, a gente começou a perceber que alguma coisa estava errada e que a gente precisava buscar o que estava acontecendo para que a gente encontrasse aquele quadro antagônico ao que era esperado”, contou o comandante do Bope, tenente coronel Carlos Eduardo Sarmento.
Foi feito um trabalho de inteligência para tentar identificar quem eram esses policiais militares corruptos. De acordo com o MP, esses PMs passavam informações privilegiadas sobre operações do Bope que estavam para acontecer. Além disso, os policiais também negociavam com os traficantes armas que tinham sido apreendidas em outras operações e até mesmo as fardas da tropa.
A propina variava entre R$ 2 mil e R$ 10 mil por comunidade. O esquema acontecia em dez locais diferentes.
“Essa quadrilha que usava o Batalhão de Operações Especiais para vazar as informações e também passar tranquilidade para os traficantes, dizendo 'ó, tá tudo tranquilo, fica tranquilo', deixando eles bem à vontade. Então, não era só vazar a operação, mas também passar tranquilidade”, destacou o subscretário de Inteligência da PM, Fábio Galvão.
Segundo o MP, cada policial militar fazia parte de um grupo diferente do Bope. “Existia um policial militar, que não estaria mais no Bope mas que teria cooptado outros policiais militares, um de cada equipe do Bope, porque o Bope tem quatro equipes que trabalham de 24 por 72 horas, para que houvesse o vazamento diário de informações que favoreciam a facção criminosa Comando Vermelho”, explicou a promotora Angélica Glioche, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público.
Foram presos, no dia da operação, Maicon Ricardo Alves da Costa, André Silva de Oliveira, Raphael Canthé dos Santos e Silvestre André da Silva Felizardo. Já Rodrigo Mileipe Vermelho Reis, que estava fora do país no dia em que foi deflagrada a operação, foi preso na segunda-feira (14) após se apresentar ao Bope.
Um processo administrativo disciplinar foi aberto para decidir se os policiais vão ser expulsos da corporação. Entre os crimes citados na denúncia do MP, estão corrupção e a violação de segredo funcional. Segundo a promotora do Gaeco, Angélica Glioche, eles serão citados na Justiça Comum por associação ao tráfico.
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- Fernanda Rodrigueshá um anoHum... A transferência gera economia, pois o bope paga uma gratificação de mil reais, e os batalhões pagam uns 300 de poepp, parcelado em muitos anos... Seria para o estado não ter que pagar gratificação, pois muitos ali fizeram curso, e têm direito a essa grat de mil reais? Vamos ver se ocorrerão próximas transferências, de unidades que pagam bem.
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- Paulo Gandrahá um anoonde tem ser humano tem corrupção...
- Mendes Sivahá um anoNão vamos jogar fora deste cesto de excelentes policiais, a dignidade, confiança e robustez, que é a marca registrada do BOPE, por 5 peças com defeito de fabricação. BOPE o Rio te merece, e te precisa!
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