Comandante da PM pede para repórter do "Lance!" depor sobre agressão de policiais Redação Portal IMPRENSA | 03/12/2014 09:00 Tweet O Comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar do Interior (6º BPMI/I), em Santos (SP), Ricardo Ferreira de Jesus, recebeu o Diretor Regional do Sindicato dos Jornalistas, Carlos Ratton na última terça-feira (2/12) para falar sobre o caso envolvendo o repórter Bruno Cassucci, do diário Lance!, que disse ter sido agredido por policiais militares no domingo (30/11), após o jogo entre Santos e Botafogo, na Vila Belmiro. Crédito:TCM/Divulgação  Comandante Ricardo Ferreira de Jesus quer que repórter deponha e reconheça os supostos agressores Segundo o Lance!, o coronel prometeu rigor na investigação e pediu para o jornalista se apresentar ao batalhão para depor sobre o que aconteceu e reconhecer os supostos agressores. Ele afirmou que o objetivo é concluir o inquérito militar no prazo de 40 dias para que os policiais envolvidos possam responder de maneira administrativa, civil e penal por seus atos, que podem se encaixar no crime de abuso de autoridade. "A Polícia Militar não compactua com atitudes como as narradas pelo jornalista. Podemos fazer exame do corpo de delito, pedir o celular para enviar a perícia, recuperar as imagens apagadas e, por fim, solicitar a escala de serviço dos policiais para um possível reconhecimento fotográfico e pessoal. O importante é que vamos apurar com rigor esse fato", explicou. Ferreira disse ainda que está à disposição de Cassucci para registrar suas declarações e que o ofício do Sindicato de Jornalistas será anexado ao inquérito. O repórter não foi procurado até o momento. Ele registrou boletim de ocorrência no início da tarde da última terça (2/12). O caso A tensão teve início quando torcedores do Santos tentaram invadir a rua onde estavam os botafoguenses, que também partiram em direção ao time. Durante a briga foram arremessadas bombas, pedras e paus. Mais tarde, o confronto passou a ser entre a PM e os santistas. A sede da organizada Sangue Jovem, na rua Paisandú, ao lado do estádio, foi invadida e várias pessoas ficaram feridas. Bruno Cassucci foi detido, revistado e agredido sob a mira de uma arma quando tentava se aproximar do local para registrar o incidente. Um policial pegou o celular e apagou todas as imagens, enquanto o colega pegou uma bomba de efeito moral, colocou dentro da calça dele e ameaçou liberá-la. Em seguida, o PM solicitou um documento do jornalista, que foi liberado dez minutos depois com a condição de que não retornasse. Em seu perfil no Facebook, ele relatou o episódio que classificou como "o pior dia" de sua carreira jornalística e "um dos piores" da sua vida. "Escrevo aqui não para fazer juízo de valor, nem generalizar uma classe que sei que é mal paga, mal equipada e que deveria servir a uma sociedade que em boa parte lhe detesta. Como jornalista, acredito que não há opinião sem informação, e é por isso que venho aqui relatar o que vivi na tarde desse domingo", justificou. O jornalista conta que no momento em que o PM apagava as imagens que registrou, uma outra autoridade pediu que ele não olhasse para trás. Instintivamente, ele desobedeceu a ordem e foi agredido no rosto. Carsucci tentou argumentar mais de duas vezes que estava apenas exercendo seu trabalho, mas não adiantou. Um outro oficial se aproximou e disse que ele estava ali para "defender torcedor" e que a imprensa apenas mostrava quando a polícia bate "nesses caras". "A minha intenção era exatamente outra, ouvir algum responsável pela operação para tentar entender o que estava acontecendo", alegou. Petição Após o relato de Bruno, jornalistas esportivos organizaram uma petição para pedir que os policiais que o agrediram sejam punidos. "É obrigação da Polícia Militar identificar e punir todos os policiais envolvidos nesta ação, que envergonha todas as pessoas que lutam para o livre exercício do jornalismo", diz um trecho do texto. Os repórteres, que também trabalham na cobertura diária do esporte, destacaram a violência frequente dentro e fora dos estádios e pontuaram a importância da liberdade para o exercício do jornalismo. "Também não queremos generalizar e temos certeza que a ação de alguns policiais não representa a Polícia Militar e que o Comando tomará atitudes para que isso não manche o nome da corporação. No aguardo de que todos os envolvidos sejam identificados e que as medidas cabíveis tomadas para que tais abusos jamais ocorram contra outros jornalistas", acrescenta a nota. Leia também - SSP investigará agressão de PMs a repórter do "Lance!"; jornalistas cobram punição - Repórter do "Lance!" é agredido em confronto entre PMs e torcedores em Santos (SP) -
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