Além de celas 'luxo', revista em prisão no AM acha túnel, telefones e games
Balanço foi divulgado pela SSP; supostos parafusos de celas foram achados. Ação foi realizada pela PM, Secretaria de Segurança e Exército.
29/07/2015 22h09 - Atualizado em 29/07/2015 22h09
Uma operação realizada no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado na Zona Rural de Manaus, na manhã desta quarta-feira (29) encontrou diversos itens não permitidos dentro de celas do local. Celulares, armas brancas, objetos para uso de entorpecentes, videogames e um túnel foram achados. A ação - realizada pela Secretartia de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Polícia Militar e Exército - encontrou ainda celas que possuíam regalias como frigobar e churrasqueira.
O número de celulares encontrados no local passa de 20 aparelhos. Segundo o titular da SSP-AM, Sérgio Fontes, os telefones eram utilizados para comandar o tráfico de drogas em Manaus.
"Houve falha, não tenho dúvida", disse Fontes. "Em um sistema prisional, isto simplesmente não é aceito. O Estado é quem domina a situação. Se tivermos que entrar lá 500 vezes, entraremos", afirmou.
Durante a operação, foram encontrados ainda entorpecentes, cachimbos e armas de fogo. Estas, de acordo com Fontes, seriam utilizadas em brigas entre facções criminosas dentro do complexo penitenciário.
Além dos objetos encontrados, os envolvidos na operação descobriram uma escavação que aponta o início de um túnel de fuga. Pedaços de madeira para construção de escadas e metros de "tereza" (uma armação de cordas utilizada em fugas) também foram encontrados.
Mais de 20 celulares foram encontrados durante revista (Foto: Diego Toledano/ G1 AM)
"É da natureza do preso planejar fugas. Se houver retaliação dos presos, vamos usar toda a força que o estado tem disponível. É nossa obrigação", disse.
Sobre os objetos encontrados, o comandante da Polícia Militar, Gilberto Gouvêa, contou que existe a necessidade de corrigir os processos implantados no complexo que permitiram a entrada dos mesmos. Questionado se há a possibilidade de falha de policiais militares, o comandante negou ter conhecimento de falha neste sentido.
Armas brancas, equipamentos eletrônicos e
máscaras também foram achados (Foto: Diego
Toledano/ G1 AM)
máscaras também foram achados (Foto: Diego
Toledano/ G1 AM)
"Não há lugar em que a Polícia Militar não entre. Temos acesso a todo e qualquer lugar. Nesse ano, não recordo de uma operação no regime fechado do Compaj. Se houver necessidade de apurar alguma conduta da polícia militar, com certeza isto será feito", dissde.
As evidências de ação irregular no presídio foram além. Em uma bíblia encontrada em uma das celas "especiais", os policiais encontraram uma folha de contabilidade que controlaria os custos de ligações feitas.
O equipamento utilizado na operação - pertencente ao Exército - é utilizado na busca de minas. Segundo o Major Nixon Frotas, o aparelho já chegou a ser utilizado internacionalmente. "Hoje, empregamos 40 militares, entre inteligência e logística. Deste total, dez operaram os detectores de minas. O equipamento chegou no final de semana e já passou por este primeiro teste, que identificou armas brancos e celulares".
Eletrodomésticos, frigobar e estoque de alimentos
foram encontrados em cela de presídio (Foto:
Divulgação/SSP-AM)
foram encontrados em cela de presídio (Foto:
Divulgação/SSP-AM)
Celas "de luxo"
O secretário de segurança chegou a comentar que a existência de duas celas repletas de regalias que iam de frigobar a churrasqueira são incoerentes com o sistema prisional brasileiro. "No sistema prisional superlotado, aquele tipo de cela não é correto. Estamos à disposicao para investigar e fazer inquérito", contou.
O secretário de segurança chegou a comentar que a existência de duas celas repletas de regalias que iam de frigobar a churrasqueira são incoerentes com o sistema prisional brasileiro. "No sistema prisional superlotado, aquele tipo de cela não é correto. Estamos à disposicao para investigar e fazer inquérito", contou.
Dentro de uma destas celas, o secretário contou que foi encontrado um quadro de energia que permitia que o detento controlasse o fornecimento de energia a várias outras celas. "É absurdo que isso exista. Isso, com certeza, mostra que havia um domínio deste preso sobre os outros", avaliou.
O secretário informou ainda que parafusos grossos foram encontrados no local. Segundo ele, há a possibilidade de que os objetos pertençam às grades da cela. "Isso ainda deverá ser confirmado, mas é nossa principal suspeita", ressaltou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário