Após audiência de custódia, ficou definido que Alexandre de Almeida seguirá detido; 'a liberdade do indiciado poderá comprometer a colheita de provas e realização de diligências, havendo indícios de que o oficial envidou esforços para ocultar provas', diz juíza
Antônio Werneck e Arthur Leal
25/04/2019 - 17:08 / Atualizado em 25/04/2019 - 17:53
Tenente-coronel Alexandre de Almeida. O militar era a mais importante autoridade do setor no controle de armas que circulam no Rio de Janeiro e Espírito Santo Foto: Felipe Cavalcanti / Divulgação / Exército
RIO - Em audiência de custódia nesta quinta-feira, a Justiça Militar decidiu converter em preventiva a prisão do Tenente-coronel Alexandre de Almeida, que era responsável por fiscalizar armas do Exército e foi preso em flagrante na última segunda-feira , acusado de desviar estes armamentos para um clube de tiros em Vila Velha, no Espírito Santo.
Na decisão, a Juíza Federal Maria Placidina de Azevedo Barbosa Araújo destacou que a "liberdade do indiciado poderá comprometer a colheita de provas e realização de diligências, havendo indícios de que o oficial envidou esforços para ocultar provas".
MILITAR DEVERIA FISCALIZAR ARMAS: Tenente-coronel responsável por fiscalizar armas é preso acusado de desvio de armamento para clubes de tiros
"Com o início das investigações e as visitas dos militares à empresa GUERREIROS, o indiciado orientou o sr. Marcos a ocultar informações, falsear a verdade e esconder objetos, em clara obstrução à investigação e criando risco para a conveniência da instrução criminal, como também, por ainda ser um comandante de unidade militar (base de administração e apoio da 1ª RM), o seu atuar serve de esteio para toda a tropa, pelo que, com os fatos, ficam abaladas as normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares", diz o texto.
Marcos Antônio Loureiro de Souza é representante da empresa Guerreiros Clube de Tiro e Loja de Armamento. Ele tratou diretamente com Alexandre a compra das armas, no valor de R$ 90 mil, conforme apurado pela investigação em conversas por Whatsapp. Segundo o irmão dele, Leonardo Loureiro de Souza, a empresa não sabia da procedência ilegal destas armas.
O texto da juíza federal da Justiça Militar da 2ª auditoria da 1ª CJM também reforça os indícios colhidos na investigação de que o militar poderia estar chefiando um esquema criminoso, abusando da função que ocupava:
"Diante dos elementos de informação colhidos, fica caracterizada a probabilidade de estarmos diante, em tese, de um esquema criminoso liderado pelo indiciado, enquanto chefe do SFPC/1 (Chefe do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 1ª Região-Militar), claramente abusando da função que ocupava, desviando armamentos dos quais teve a posse em razão da função e para fins de destruição, dando-lhes destino diverso, repassando-os à empresa GUERREIROS, conforme relato do seu responsável legal, o sr. MARCOS".
Sumiço de pistola levantou suspeita
De acordo com o inquérito policial-militar instaurado pelo Exército, armas desviadas pelo tenente-coronel Alexandre de Almeida eram repassadas ao Guerreiros Escola de Tiro e Comércio de Armas , na cidade de Serra, no Espírito Santo, por intermédio do irmão do oficial, Rafael Felipe de Almeida. O fio da meada foi o desvio de uma pistola calibre 9mm, da marca Taurus, entregue por um coronel ao Serviço de Produtos Controlados, assim que este oficial passou à reserva. Ao se informar em dezembro do ano passado sobre o destino da arma, o oficial descobriu que a pistola tinha sido repassada ilegalmente para o CAC Rafael de Almeida, que a enviou para o clube capixaba.
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