Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

quarta-feira, 4 de março de 2020

Inquéritos indiciam 100 PMs pelo protesto

13 DE SETEMBRO DE 2001
Telma Elorza


Pelo menos 100 policiais militares podem ter sido indiciados nos Inquéritos Policiais Militares (IPMs) que estavam sendo realizados no 5º Batalhão da Policia Militar de Londrina (BPM). A Folha apurou que em apenas um dos IPMs - que investigou a manifestação dos policiais durante um palestra no Com-Tour, em maio -, 63 policiais foram indiciados, 37 deles por crime militar. Esses podem vir a ser julgados por um tribunal militar, entre eles alguns oficiais.

Os inquéritos foram encerrados esta semana, exatamente 60 dias após a abertura, determinada pelo comando geral da PM. Os relatórios foram encaminhados ao Serviço de Justiça e Disciplina da PM na terça-feira e, somente após checagem contra possíveis irregularidades, será encaminhado ao comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Gilberto Foltran. O processo deve levar uma semana para chegar às mãos de Foltran.

Segundo o oficial responsável pelo IPM que investigou a manifestação dos policiais no Com-Tour, coronel Gilberto Kummer, durante o inquérito foram ouvidas cerca de 120 pessoas entre testemunhas e suspeitos. Mas as principais provas foram as imagens de televisão e fotos publicadas nos jornais sobre a manifestação, quando 350 policiais viraram as costas e vaiaram o então comandante do 5º BPM, tenente-coronel Robenson Máximo Fim. ''Através de análise de frames (quadros de imagem dos filmes), pudemos identificar apenas 63 pessoas que aparecem se manifestando de forma mais contudente'', explicou.

Segundo ele, o relatório aponta indícios de transgressões disciplinares - cuja alçada de punição é do comando geral - e crime militar - que será analisado por uma auditoria. ''A auditoria deve encaminhar o processo ao promotor militar, que pode apresentar denúncia ou pedir arquivamento. Se apresentar denúncia, os indiciados vão a julgamento em tribunal militar'', explicou.

De acordo com Kummer, alguns oficiais que estavam no Com-Tour, durante a manifestação, também foram indiciados por ''estarem em atitudes incorretas ou por não terem agido como deveriam''. Um dos principais questionamentos dos soldados do 5º BPM sobre os inquéritos era justamente a punição aos oficiais. De acordo com os soldados, se houve crime militar na manifestação, os oficiais também cometaram o crime de prevaricação, ao não darem voz de comando no ato.

De acordo com o coronel Kummer, todo o inquérito foi conduzido ''de forma meticulosa e responsável''. Segundo ele, o relatório não apresenta culpados, apenas indícios. ''Agora é a justiça militar que vai apontar culpabilidade ou não'', afirmou.

O segundo IPM, conduzido pelo capitão Fábio Rincoski, hoje comandante da 3 Companhia de Polícia Metropolitana do 5º BPM, de Cambé (13 quilômetros a oeste de Londrina), apurou participação de soldados na manifestação das esposas de policiais militares, em maio, quando fecharam por cinco dias o quartel da PM em Londrina. A Folha não conseguiu entrar em contato com o capitão durante todo o dia de ontem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário