SP: Corregedoria da PM apura morte de homem que fazia ex refém
atualizado às 11h51
A Corregedoria da Polícia Militar investiga a operação de policiais do 26º BPM/M para libertar uma mulher feita refém pelo ex-marido em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, na noite de segunda-feira. Caio Diego Pagonha foi morto a tiros após os PMs invadirem a casa onde ele mantinha Patrícia Anastácio Batista em cárcere privado, ameaçando-a com uma faca.
Após a ação, Patrícia foi internada no Hospital Estadual de Francisco Morato com uma bala alojada na região da bacia. Na versão dos policiais, a casa foi invadida após Caio esfaquear a vítima na altura do umbigo. Entretanto, a Santa Casa de São Paulo, que administra o hospital, afirma que não há sinais de ferimentos provocados por faca no abdome da vítima.
O crime aconteceu na noite de segunda-feira, na residência onde Patrícia morava com os pais e seus quatro filhos em Franco da Rocha. Segundo a PM, Caio não aceitava o fim do relacionamento e invadiu a casa pela cozinha e rendeu a ex-mulher. Acionada, a Polícia Militar chegou ao local e tentou negociar a rendição do suspeito. "O cômodo era muito pequeno. A negociação foi feita pela janela. Ele dava sinais constantes de que pretendia matar a vítima e cometer suicídio. Falava o tempo todo que daquela casa iam sair dois caixões", afirma o tenente-coronel João Carlos Pelissari comandante do 26 BPTM/M, responsável pela ação.
De acordo com o comandante, os policiais acionaram o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), especializado em negociações com sequestradores, mas não houve como manter a situação estável até a chegada da equipe. "Nós cumprimos todo o protocolo para casos de cárcere privado. Acionamos o resgate e também o Gate. Só que o Gate fica na capital, demora para chegar. Os PMs tentam manter uma negociação até a chegada da especializada, só que não houve esse tempo, isso durou uns 20 minutos", argumenta Pelissari.
O comandante ressalta que só houve intervenção após os policiais perceberem que Caio começara a agredir a ex-mulher com uma faca, dando início a uma luta corporal entre o casal. Os policiais, então, teriam invadido a cozinha e efetuado pelo menos oito disparos, dos quais três atingiram Caio, que morreu no local. A polícia acredita que um dos disparos tenha ricocheteado na parede e atingido a vítima na bacia. "Há marcas de disparos na geladeira, no armário e no azulejo, sendo este o que nós achamos que tenha ricocheteado. Está a mais ou menos 1 metro de altura do chão, uma altura condizente, e não encontramos o fim do projétil. Mas isso a perícia vai apontar", relata o comandante.
Levada ao Hospital Estadual de Francisco Morato, Patrícia está internada no setor de terapia semi-intensiva, em estado estável e sem risco de morrer. De acordo com a Santa Casa, entretanto, não há qualquer sinal de ferimento provocado por faca no abdome - apenas a perfuração do projétil e escoriações nos braços e pernas, resultantes da briga com o ex. Ainda segundo a administração do hospital, a vítima deve receber alta "em poucos dias".
O comandante do batalhão rechaça a versão do hospital e alega que o cirurgião que prestou o primeiro atendimento a Patrícia, identificado apenas como Márcio, teria verificado o "ferimento puntiforme no abdome, próximo ao umbigo", e afirmado que incluiria isso na ficha médica da paciente.
"Então alguém está mentindo. Ou o doutor Márcio, que falou isso na frente do próprio colega (ortopedista de plantão), falou na minha presença, na presença do meu subcomandante, na presença do oficial que estava lá fazendo a ocorrência. Então, o doutor Márcio mentiu, porque ele afirmou com todas as letras - mais de uma vez, inclusive -, confirmou para nós que lançou na ficha clínica dela essa lesão", afirma Pelissari. "Essa é uma lesão que deixa marca. A perícia vai constatar. Essa é uma informação da Santa Casa que vai se confirmar independentemente do tempo, ela vai ter que passar por perícia médica no IML (Instituto Médico Legal), e o IML vai constatar essa lesão com certeza", completou.
O comandante reafirmou a confiança no trabalho dos policiais de seu batalhão. "A ação dos policiais foi legítima. Talvez o tiro que acabou acertando a Patrícia tenha sido uma mera fatalidade. Claro que temos aguardar a perícia, mas tudo indica que tenha sido uma fatalidade", disse o tenente-coronel, que alega que a investigação da Corregedoria é de praxe em casos de operações policiais que resultam em morte.
Terra
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