Justiça nega liberdade a policial que admitiu 'bico' para traficante no RS
Nilson Aneli trabalhou com o ex-secretário da segurança Airton Michels. Segundo Michels, suspeito confirmou trabalho durante festa de criminoso.
30/01/2015 18h40 - Atualizado em 30/01/2015 18h40
A Justiça do Rio Grande do Sul negou um pedido de habeas corpus ao comissário da Polícia Civil Nilson Aneli, investigado por uma suposta ligação com otraficante executado por um grupo rival no último domingo (4) em Tramandaí, no Litoral Norte. O policial trabalhou no gabinete do ex-secretário estadual de segurança Airton Michels até o final do ano passado. Michels disse que Aneli reconheceu ter feito "bicos" em vigilância privada ao traficante, mas garantiu que não sabia que se tratava de um criminoso.
A decisão foi tomada pela desembargadora Osnilda Pisa, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça gaúcho. Aneli, conforme o ex-secretário, confirmou por telefone que trabalhava em uma casa de praia, quando Alexandre Goulart Medeiros, o Xandi, foi assassinado, em Tramandaí.
Segundo a defesa do comissário, ele não estava trabalhando no momento do tiroteio. Pouco depois da morte do traficante, que estava em visita na casa, ele foi até lá para receber o pagamento referente a um trabalho em outra ocasião no mesmo local. "Muito embora sintética, a decisão que decretou a prisão preventiva do paciente está minimamente fundamentada na garantia da ordem pública", argumenta Osnilda na sentença.
Na semana passada, Michels afirmou que a prática de "bicos" por servidores públicos em vigilância privada é uma "realidade nacional", "praticamente impossível" de ser combatida. "Não tem como fugir, é uma realidade brasileira. É um vício histórico, é uma cultura, e tem outros fatores: a natureza do trabalho policial, por exemplo, pode deixar eles muito tempo sem ter nada para fazer. Acabam fazendo esse bico. Então a primeira tarefa é pagar salários mais dignos aos policiais e isso nós fizemos", disse Michels, que comandou a Segurança Pública do estado durante quatro anos na gestão de Tarso Genro (PT).
Logo após a morte de Xandi, o ex-secretário haviadefendido o ex-funcionário. "Acho muito difícil, quase improvável, que ele tenha envolvimento com quadrilha de tráfico de drogas. Mas é verdade que, claro que não comigo, ele buscava recursos fazendo segurança privada", disse na época.
Arsenal foi apreendido dentro da casa em
Tramandaí (Foto: Robson Alves/Brigada Militar)
Tramandaí (Foto: Robson Alves/Brigada Militar)
O crime
O tiroteio ocorreu por volta das 14h na casa localizada na Rua 3 de Outubro. Segundo a Brigada Militar, quatro homens chegaram ao local em um Corsa vermelho. Dois deles desceram e atiraram contra a residência. Foram feitos vários disparos de fuzil e de pistola 9 mm.
O tiroteio ocorreu por volta das 14h na casa localizada na Rua 3 de Outubro. Segundo a Brigada Militar, quatro homens chegaram ao local em um Corsa vermelho. Dois deles desceram e atiraram contra a residência. Foram feitos vários disparos de fuzil e de pistola 9 mm.
Xandi, que estava à beira da piscina, foi atingido na cabeça e morreu no local. Outro homem, que seria sobrinho do policial, foi atingido nas costas. Ele foi socorrido e transferido para o Hospital de Pronto Socorro da capital, onde foi internado em estado grave. Uma mulher levou um tiro de raspão na barriga.
A casa alugada pelos criminosos fica a uma quadra do mar, perto da plataforma, em um dos pontos mais movimentados de Tramandaí. Segundo a polícia, a quadrilha chegou ao local em 26 de dezembro e voltaria para Porto Alegre na tarde de domingo (5). A diária paga por eles pelo aluguel da casa foi de R$ 1,2 mil.
Na residência, foram apreendidas cinco pistolas, seis carregadores de 31 tiros, outras 200 munições, uma grande quantia em dinheiro e quatro veículos (entre eles uma caminhonete de luxo), além de joias e uma quantidade de drogas.
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