LONDRINA |
REVÉS NA ALEPApós revés na Assembleia Legislativa, Richa sofre desgaste com povo e aliados
A tentativa frustrada de votar ontem o pacote de austeridade fez o governador sofrer uma dupla derrota
- Marcelo Frazão, Rogério Galindo, Chico Marés, Euclides Lucas Garcia, Jones Rossi E Rodrigo Baptista
- 13/02/2015 02:59
Ontem, durante a segunda tentativa de votação das medidas de austeridade do governo estadual pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Beto Richa (PSDB) sofreu uma dupla derrota. Primeiro porque a sessão foi suspensa logo no início, com a invasão do prédio por manifestantes. Segundo porque, diante de toda a pressão, alguns deputados estaduais da base aliada, que chegaram em um camburão da Tropa de Choque, reavaliam desde então o apoio ao governador.
Assim como anteontem, a sessão ocorreu de forma improvisada no restaurante da Assembleia. A intenção do governo era instalar uma comissão geral, para, na sequência, votar no tratoraço os dois projetos de contingenciamento de gastos. Com a manifestação popular, que incluiu confronto com policiais, e o recuo dos deputados, o governo se viu obrigado a retirar o pacotaço de pauta e a apreciação deve ficar agora para depois do carnaval, em regime normal, o que demandaria mais tempo.
Confronto
A entrada dos parlamentares na Alep motivou a ira dos manifestantes, que entraram em confronto com os policiais militares. Embora a polícia tenha usado balas de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral, a multidão conseguiu avançar e entrou no local onde os deputados se reuniam.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informou que 11 pessoas ficaram feridas no confronto: seis manifestantes e cinco policiais. Os servidores começaram a deixar a Assembleia por volta das 18h30 de ontem, depois de o projeto ser retirado de pauta. Muitos permanecem acampados no Centro Cívico, já que a greve dos servidores continua.
Aliados
Alguns deputados aliados se mostram descontentes. Na terça-feira, um parlamentar do PSC foi visto dizendo que a primeira invasão à Assembleia, na terça-feira, era “culpa da irresponsabilidade do governador”. Ontem, outros governistas se revoltaram em bloco. Cobra Repórter (PSC), por exemplo, afirmou estar disposto a “rever a relação” com Richa. “Me senti mal vendo toda aquela mobilização. Professores sendo agredidos, confronto, bombas. Levantei aos gritos pedindo o encerramento daquela sessão. Fiquei sem condições psicológicas.”.
Cobra confirmou que “a base ficou balançada” com a pressão do governo sobre os deputados aliados e adiantou que está decidido “a não votar contra os professores”. “Quero estar do lado do governador porque sem ele não há ajuda para as cidades. Mas quanto custa estar do lado do governo em uma situação assim? Quanto custa esse apoio?”
Os projetos
Os projetos que iam ser votados ontem incluem a autorização de uso de R$ 8 bilhões da poupança do ParanaPrevidência pelo Executivo estadual. Originalmente, as iniciativas previam a retirada de benefícios do funcionalismo público, o que desencadeou uma série de greves pelo Estado. Professores estaduais e universitários, além de servidores da saúde, paralisaram as atividades.
Richa fala
Richa condenou ontem as invasões e os ataques promovidos contra a Alep. “O que aconteceu foi uma manifestação absurda e violenta, que atenta contra a democracia, a liberdade de expressão e o estado de direito. Um grupo de baderneiros, infiltrado no movimento dos professores, impôs uma mordaça ao Legislativo, impedindo temporariamente o seu funcionamento”, afirmou.
Para ele, quem perde com a situação é o cidadão paranaense, que espera que o governo possa garantir serviços de melhor qualidade e obras de infraestrutura que ajudem o desenvolvimento econômico do Estado.
COMENTÁRIOS
*Os comentários realizados no site do JL podem ser publicados no jornal impresso.
LOURIVAL BARBOSA,
O parlamento brasileiro tem preço sim Sr deputado "cobra" e não custa pouco aos contribuintes, somos esfolados pagando impostos extorsivos para manter um legislativo, inoperante do ponto de vista de benefícios aos contribuintes, caro demais e sem a contrapartida exigida. Cobra normalmente está associada a traição. O Sr. pergunta qual o preço para se votar com o governo, esta pergunta quem tem que responder é o "ilustre" parlamentar. Cada político em regra tem o seu preço.
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