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Comandante rebate críticas sobre a Guarda Municipal
Última atualização em 19/03/2011, às 18h40
Volta Redonda
O comandante da Guarda Municipal de Volta Redonda, major Luiz Henrique, concedeu entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO VALE, em que rebateu as críticas à sua gestão. O major reconhece que existe, atualmente, um movimento pedindo a mudança do comando. No entanto, ele atribuiu esta resistência à postura rígida e dentro da legalidade que adotou. Disse também que a 'aversão' à sua postura proativa se deve a setores que sofreram incisiva fiscalização da GM, como os ambulantes que praticavam a venda de produtos pirateados. O major contou ainda sobre sua experiência enquanto policial militar e suas dificuldades à frente da administração do grupo.
DIÁRIO DO VALE - Fale um pouco sobre sua carreira como major da PM.
Major Luiz Henrique - Ingressei na corporação em 1994 por vocação, e passei por diversas unidades importantes da PMERJ como o Batalhão de Polícia de Trânsito e o Batalhão de Polícia de Choque, tendo desempenhado diversas funções. Dentre elas posso citar a chefia de Logística e Operações. No momento, me sinto realizado à frente da Guarda Municipal de Volta Redonda, pois estou colocando em prática tudo que aprendi na minha vida profissional, além de aprender muito também com os próprios guardas municipais.
DV - Como o senhor conheceu o prefeito Neto e de que forma ocorreu o convite para trabalhar com a GM de Volta Redonda?
Luiz Henrique - Fui indicado por uma pessoa amiga do prefeito, pois na época ele (Neto) sofria algumas ameaças no Rio de Janeiro por conta das funções que exercia junto ao governo do estado, como presidente da Cohab (Companhia de Habitação) e secretário de Receita. Vim realmente a conhecê-lo e trabalhar junto com ele somente no DETRAN-RJ, onde exerci as funções de coordenador dos Postos de Vistoria, Habilitação e Identificação Civil, ou seja, eu era uma espécie de 'olhos do presidente'. Além de ter passado pela corregedoria, onde fui responsável pelas operações de fiscalização de trânsito.
Luiz Henrique - Fui indicado por uma pessoa amiga do prefeito, pois na época ele (Neto) sofria algumas ameaças no Rio de Janeiro por conta das funções que exercia junto ao governo do estado, como presidente da Cohab (Companhia de Habitação) e secretário de Receita. Vim realmente a conhecê-lo e trabalhar junto com ele somente no DETRAN-RJ, onde exerci as funções de coordenador dos Postos de Vistoria, Habilitação e Identificação Civil, ou seja, eu era uma espécie de 'olhos do presidente'. Além de ter passado pela corregedoria, onde fui responsável pelas operações de fiscalização de trânsito.
DV - Quais as maiores dificuldades que o senhor encontrou e tem encontrado para administrar a Guarda Municipal?
Luiz Henrique - Foi quando substitui uma administração que perdurava por mais de dez anos e tentei implantar uma mudança de atitude. Procurei empenhar a maior parte do efetivo nas ruas com a padronização de escalas, retirada do efetivo do expediente para a atividade fim e que se encontrava em desvio de função, entre outras medidas, tendo aumentado o efetivo das ruas em mais de 70%. Podemos exemplificar da seguinte forma: quando assumi só tínhamos uma viatura à noite, e até meia-noite. Hoje temos nove viaturas, inclusive o reboque que trabalha em todo o período noturno. Além de buscar tornar a GMVR independente, sem que fosse submissa à Polícia Civil e à Polícia Militar, procurei mostrar que a guarda trabalharia sempre em conjunto com os demais órgãos de segurança, mas cada um dentro das suas atribuições e com o mesmo objetivo.
DV - A campanha 'VR em Ordem' está conseguindo resultados? Quais?
Luiz Henrique - Com certeza. Nesta primeira fase criamos a Patrulha Comunitária, para se aproximar dos bairros através das associações, a fim de trabalharmos aquilo que é competência do município na segurança pública, como lâmpadas queimadas, podas de árvores, retiradas de entulhos das calçadas e retirada de veículos abandonados. Tudo isso poderia contribuir para uma prática delituosa. Paralelamente a isso, realizamos operações diariamente em até cinco pontos simultâneos com o objetivo de orientar e conscientizar os condutores para utilizarem o cinto de segurança, a não falarem no celular quando estiverem dirigindo, o uso obrigatório das 'cadeirinhas', bem como a retirada das ruas de motocicletas que estejam sem placas e/ou sem habilitação. Não tenho nada contra os motociclistas, pois sei que a maioria anda corretamente. Apenas buscamos retirar de circulação aqueles que querem burlar as leis, além de saber que a prática delituosa como roubo a casas lotéricas, 'saidinhas de bancos', dentre outras, é praticada, na sua maioria, por motos sem qualquer identificação. Aliado a isso ainda temos o fato de a moto ser um veículo que permite uma manobra mais rápida. Cabe ressaltar que a maioria também não possuía a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), ou seja, não tinha perícia para conduzir uma motocicleta. Certamente estamos contribuindo para uma redução dos acidentes de trânsito.
DV - Muitos dizem que o senhor não tem 'jogo de cintura'. Até que ponto vai o seu 'jogo de cintura'?
Luiz Henrique - Procuro exercer a 'Teoria das Janelas Partidas', baseado no livro 'Broken Windows'. Basicamente ele se define mostrando que o crime se desenvolve mais facilmente nas zonas onde existem o descuido e a desordem, ou seja, é o aplicado no conceito de 'polícia comunitária'. Não se trata de tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas sim em relação ao próprio delito. Procuro sempre achar um ponto harmônico entre a Guarda Municipal, o denunciante e o denunciado, mas sem perder o aspecto da legalidade e legitimidade.
DV - Outra crítica é de que a Guarda Municipal seria muito dura na sua administração, até mesmo truculenta. O que o senhor teria a dizer?
Luiz Henrique - Na realidade pregamos que o guarda municipal tem que dar oportunidade sem ser omisso. Tem de ser rigoroso, sem ser intolerante e arbitrário. Temos que ter uma guarda que acompanhe a evolução da cidade e que trabalhe para a população. Logicamente, sem perder os preceitos da legalidade.
DV - Tudo indica que há uma 'campanha' para tirá-lo do cargo. Qual seria a razão? Já identificou quem poderia estar por trás disso?
Luiz Henrique - Mexemos em muita coisa errada, acabamos com a permissividade. A Guarda Municipal hoje está nas ruas, trabalhando de forma proativa. Estamos onde o cidadão está e precisa, procuramos contribuir para uma cidade mais ordenada e não abrimos mão da legalidade, e acabamos colocando limites. Podemos exemplificar o combate aos CDs e DVDs pirateados, pois já foram mais de 100 mil mídias apreendidas e cerca de 20 pessoas presas em flagrante. Mercadorias expostas na via, ou seja, uma quantidade imensa de ambulantes sem qualquer controle, estacionamentos irregulares, ações de 'flanelinhas', dentre muitas outras ações que foram desencadeadas. Sabemos que ainda falta muito, mas acho que já estamos em níveis aceitáveis. Não tenho nada contra qualquer tipo de trabalhador, mas é preciso que eles se organizem e procurem andar de forma correta, minimizando os transtornos causados ao cidadão, pois são inúmeras as reclamações que recebemos diariamente.
DV - Que mensagem o senhor costuma passar aos guardas municipais?
Luiz Henrique - Em todas as notas de serviço e nas orientações diárias dadas pelos inspetores passamos os princípios do comando que são: honestidade, lealdade, iniciativa, perseverança, profissionalismo, comprometimento e exemplo.
DV - Existe algum novo projeto para a Guarda Municipal?
Luiz Henrique - Amanhã será efetivada a Patrulha Ambiental em parceria com a Defesa Civil, pois nesta semana estamos concluindo o curso ministrado pelo Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente da PMERJ. Ou seja, estamos capacitando um número grande de guardas municipais inclusive para serem multiplicadores, para que a GMVR possa olhar com mais clareza e eficiência para este tipo de crime (ambiental).
DV - Qual seria o seu conceito de uma tropa ideal?
Luiz Henrique - Primeiro: o profissional tem que gostar do que faz, para fazer bem feito. Segundo: temos que dar todas as condições de trabalho para que (o trabalho) possa ser executado, inclusive conhecimento. Agradeço ao chefe do executivo por entender que segurança pública também faz parte da qualidade de vida de uma cidade, e também por apoiar todas as ações e trabalhar para a valorização do profissional em todos os aspectos.
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