O cabo da Polícia Militar Eliardo Ferreira Maciel, preso nessa quarta-feira (9), no município de Boa Viagem, participava de uma organização criminosa e liderava um esquema de milícia privada que extorquia comerciantes da região. A informação foi repassada pela Polícia Civil, durante coletiva de imprensa realizada ontem, no Complexo de Delegacias Especializadas
(Code), em Fortaleza.
Conforme o delegado Tiago Martinez, titular da Delegacia de Boa Viagem, o PM integrava um grupo alvo de investigações iniciadas há um ano. O cabo foi preso durante a Operação Overdose, deflagrada pela Polícia Civil no intuito de combater o tráfico de drogas.
O PM estaria cobrando uma 'taxa de proteção' da população em troca de garantir segurança. Em paralelo à captura de Maciel, outros 12 suspeitos foram presos, são eles: Iramilton Gomes dos Santos, Ednaldo de Souza Araújo, Antônio Jadson Viana Rodrigues, Deusimar Martins Rodrigues, Fernando Vitor Campelo, Otávio Rodrigues de Souza, Renê Gomes de Sousa, Jonatas Fragoso da Silva, Lucas Batista Bezerra, Lucas Costa Damasceno, Gleidson Lopes de Lima e Lídia Soares de Freitas Torres.
Martinez contou que o bando atuava em diversas localidades do Ceará e agia com apoio de uma facção criminosa relacionada a outros estados do Brasil. A Polícia Civil afirma que, além das extorsões, o grupo vinha praticando crimes como roubos, furtos e tráfico de drogas.
"A organização tem atuação, praticamente, no Estado do Ceará inteiro. Nosso objetivo inicial era combater o tráfico. Ao decorrer das apurações, diversos crimes foram identificados. Sabemos que eles desenvolveram outras três linhas de atuação além do tráfico. Com a milícia privada, eles vendiam dificuldade para cobrar facilidade", se refere o delegado Tiago Martinez sobre a cobrança pela proteção.
Funcionamento
A Polícia Civil afirma que a organização criminosa também era responsável pelo comércio de armas de fogo e munições em Boa Viagem. Já o PM tinha como uma das funções arrecadar valores dos comerciantes que aceitavam pagar pela segurança privada. Caso as vítimas não quisessem o serviço, elas estariam suscetíveis a serem assaltadas.
"O PM era lotado na companhia que cobre Boa Viagem. Além de atuar na milícia privada, ele movimentava os bens roubados dos comerciantes. Nós chegamos a eles por meio da ascensão dos crimes contra o patrimônio em Boa Viagem. Não sabemos ainda se há participação de outros agentes de segurança", acrescentou Martinez.
Ainda segundo o delegado, por vezes, as vítimas ainda tinham de pagar para reaver seu bem material roubado. Motocicletas e aparelhos telefônicos eram os objetos mais subtraídos pelo bando. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o grupo também era responsável pelo ingresso de celulares em estabelecimentos prisionais.
Além das prisões, a Polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na cidade de Boa Viagem. Foram apreendidos R$ 12 mil em espécie, nove armas de fogo, centenas de munições e pequena quantidade de entorpecentes (quantidade não especificada pelas autoridades).
Para o delegado, o resultado da operação foi positivo. Martinez afirma que as investigações devem continuar. O envolvimento de outros policiais nos crimes não foi descartado.
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