Segundo MP-GO, homem e mulher trabalhavam no 4º DP de Goiânia. Um deles chegou a exigir dinheiro de vítima enquanto mandados eram cumpridos na delegacia.
Por Murillo Velasco, G1 GO
Dois policiais são presos suspeitos de cobrar propina para inocentar investigados em Goiás
Dois policiais civis, um homem e uma mulher que não tiveram as identidades divulgadas, foram presos, na quinta-feira (6), suspeitos de pedir propina de R$ 30 mil para inocentar um investigado em um inquérito que apurava crimes de estelionato, em Goiânia. De acordo com o Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), um dos agentes chegou a exigir dinheiro da vítima enquanto o órgão, bem como a Polícia Civil e a Corregedoria da corporação cumpriam mandados na delegacia.
“No dia em que estava sendo cumprido busca e apreensão, o Ministério Público estava no 4º Distrito [onde os policiais são lotados], a Corregedoria estava no 4º Distrito, esse agente exigiu dinheiro desta vítima”, disse o promotor de Justiça Leandro Murata
A Polícia Civil informou à TV Anhanguera que a corregedoria da corporação está apurando a conduta dos policiais presos.
O homem e a mulher foram presos preventivamente na quinta-feira, em Goiânia. Segundo o MP-GO, eles são policiais de primeira classe e têm mais de 10 anos de carreira na corporação. As irregularidades foram descobertas, segundo o órgão, depois que a investigação instalou escutas dentro do 4º Distrito Policial da capital, onde trabalham
Segundo o promotor de Justiça Paulo Vinicios Parizzoto, as escutas não foram divulgadas porque a apuração é feita sob sigilo. Ele revelou que, após os agentes fazerem o pedido de propina, no valor de R$ 30 mil, negociaram o valor com o investigado, até chegarem a um acordo de R$ 10 mil.
“A promessa era a de que a vantagem indevida, exigida por estes agentes era de afastar ou manipular o direcionamento destes fatos para excluir as responsabilidades de uma das pessoas”, explicou.
Conforme o MP-GO, eles devem responder pelo crime de concussão, que é quando um agente público utiliza o cargo para exigir vantagem ilícita.
Policiais presos eram lotados no 4º DP de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Arapuca
Esta não é a primeira vez que a delegacia é alvo de uma investigação que apura a conduta dos policiais. Em agosto deste ano, seis agentes policiais, dois advogados, um homem que se passava por policial e um fornecedor de medicamentos foram presos durante a Operação Arapuca, do MP-GO em parceria com a Polícia Civil. Eles eram suspeitos de integrar um grupo que extorquia pessoas detidas em Goiânia.
“A organização se valia de indivíduo que se passava por policial civil, que andava armado, em viatura, e de policiais que captavam pessoas envolvidas em atos ilícitos e realizavam a prisão em flagrante. Ao invés de cumprir a lei, cobravam valores para que não fossem presas”, disse na época o promotor de Justiça Leandro Murata.
Também foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão como parte da investigação do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP) e do Centro de Inteligência do MP. As ações ocorreram na capital e em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana.
De acordo com os promotores, o núcleo da organização estava no 4º Distrito Policial, no Setor Bueno. O delegado responsável pela unidade é Eli José de Oliveira, mas não há indícios do envolvimento dele no esquema, segundo as investigações.
O delegado disse ao G1 que não tinha conhecimento das irregularidades. " Não sei o que está se passando direito, mas o nosso trabalho é sério, honesto e duro no combate à criminalidade. Se eles faziam a sujeira deles, era fora da delegacia, a gente não tinha conhecimento que esse falso policial usava nossa viatura", afirmou.
Operação Arapuca prende policiais civis, advogados e falso agente em Goiás — Foto: Paula Resende/G1
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- Carlos JuniorHÁ 2 MESESDepois ninguém confia em Polícia é por conta disso, e tem outras delegacias fazendo o mesmo, usam um advogado qualquer para extorquir dinheiro do suspeito e repassa para os agentes públicos
- Augusto NetoHÁ 2 MESESCadeia tinha que ser dobrada para agentes públicos
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