Editorial do O POVO deste domingo (12) avalia que o desfecho da ação jurídica da Chacina da Grande Messejana precisa se dar em um tempo razoável. Confira:
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Eliomar de Lima ste domingo, faz 2 anos de um dos mais bárbaros crimes acontecidos no Ceará, que ficou conhecido como “Chacina da Grande Messejana” ou “Chacina do Curió”, referências ao local onde um ataque, coordenado e praticado por policiais militares – segundo os autos do processo – resultou em um rastro de sangue, torturas e mortes. A ação deixou 11 pessoas assassinadas, sete gravemente feridas e três com marcas de tortura. A maioria dos mortos era jovens: oito deles tinham entre 16 e 19 anos de idade. A possível causa do massacre, conforme o indiciamento do Ministério Público, teria sido retaliação à comunidade, devido ao assassinato de um policial nas proximidades do bairro.
Depois de nove meses, a investigação, coordenada pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Defesa Social (CGD), levou à detenção de 44 policiais militares, que depois tiveram a prisão revogada. O processo tramita na 1ª Vara do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, em três ações distintas, referente aos 34 réus que foram pronunciados pela Justiça, e que serão levados a júri popular (10 dos policiais tiveram seus processos arquivados por falta de evidência).
A tensão que cerca o caso permanece, pois se, a princípio os parentes das vítimas tinham dúvida se a investigação chegaria aos culpados, agora o temor é que a conclusão do processo demore tanto a ponto de deixar impunes os responsáveis pelos crimes. A comunidade continua mobilizada e foi até criada uma entidade para acompanhar o desenrolar do caso, as “Mães do Curió”. Essas mulheres buscam preservar a memória dos filhos e vêm realizando várias atividades para lembrar os dois anos da chacina.
Mesmo sendo razoável supor que um processo dessa complexidade demore a ser julgado, a Justiça não pode perder de vista a gravidade desse caso. Os procedimentos jurídicos têm de ser concluídos em tempo satisfatório, de modo a levar um pouco de paz a essas famílias, que já sofreram demasiadamente.
Também é preciso deixar um exemplo bastante claro, mostrando que ninguém pode se dar o direito de tomar a lei nas próprias mãos, muito menos aqueles investidos pelo Estado para garantir a segurança e a legalidade para todos os cidadãos.
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