20/2/2014 às 20h54 - Atualizado em 20/2/2014 às 21h6
Corregedoria da PM conclui inquérito sobre conduta de tenente-coronel que deu "carteirada" em blitz
Corregedoria da PM conclui inquérito sobre conduta de tenente-coronel que deu "carteirada" em blitz
A corregedoria da Polícia Militar finalizu, nesta quinta-feira (20), o inquérito que investigava a conduta do tenente-coronel José Dirceu Pereira, que deu uma carteirada ao ser parado em uma blitz da Lei Seca em Vitória, em outubro do ano passado.
De acordo com o Corregedor da Polícia Militar, Coronel Ilton Borges, há indícios de transgressão da disciplina, e crimes de natureza militar.
“O inquérito policial militar foi encerrado, e o comandante geral fez a homologação em torno das investigações que foram feitas. Ele chegou à conclusão que houve algumas condutas inadequadas por parte do oficial, e essas condutas configurariam, em tese, prática de infração disciplinar e de crime de natureza militar. Os pontos classificados como indícios foram o fato de o tenente-coronel não se submeter aos procedimentos da abordagem, ele usou um linguajar inadequado e deixou o local da ocorrência, antes da chegada do oficial que foi acionado. O inquérito será encaminhado à auditoria de Justiça Militar para ele ser avaliado com relação às condutas. No âmbito disciplinar, ele também será avaliado”, explica.
O tenente-coronel só poderá ser condenado no final do julgamento. O resultado da investigação vai dar origem a dois processos, um na Justiça comum e um processo interno, considerado como administrativo militar, que será julgado em 40 dias.
Entenda o caso
O tenente-coronel José Dirceu Pereira foi flagrado em uma blitz da lei seca que aconteceu na Avenida Nossa Senhora da Penha, próximo a uma boate, em Vitória, no dia 13 de outubro de 2013.
Em uma gravação feita pelos próprios policiais militares, é possível ver o coronel sem cinto de segurança. Assim que parou o veículo, ele se identificou como coronel. Após ser abordado pelos militares, ele se irritou, se recusou a passar pela fiscalização e foi embora dirigindo.
Depois de ir embora, o tenente-coronel ligou para o Ciodes e solicitou que o boletim de ocorrência feito pelos militares do Batalhão de Trânsito fosse cancelado. O coronel ainda procurou o Ministério Público do Estado para denunciar os policiais que o abordaram e disse que foi humilhado.
O chefe da corregedoria da Polícia Militar negou que o boletim de ocorrência tenha sido cancelado, e disse que foi aberto um inquérito militar para apurar a ocorrência. Os policiais denunciados pelo tenente continuam exercendo suas funções normalmente, e não devem ser afastados do cargo.
No dia 30 de outubro, o coronel foi afastado do cargo de assessor jurídico do comando geral. Já no dia 27 de novembro, o tenente passou a exercer uma nova função no Centro Administrativo da Polícia Militar e recebeu um aumento de salário.
Calado em depoimento
Após faltar duas vezes para prestar depoimento, José Dirceu ficou em silêncio durante as duas horas de interrogatório na Delegacia de Delitos de Trânsito. Ele compareceu com um coronel da corregedoria da Polícia Militar. "Ele alegou que só falaria em juízo. É um direito dele, mas é meu dever interrogar. Fiz todas as perguntas que queria. Foram quatro folhas de interrogatório, mas ele se recusou a falar. O importante é ele ter ido à delegacia", comentou Contarato.
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