Atualizado em 08/04/18, às 11h30
Enquanto isso, manifestantes a favor da Lava Jato soltavam rojões sem serem incomodados.
A vigília de milhares de pessoas que ocorria desde a manhã de sábado (7) em Curitiba foi reprimida de forma violenta e truculenta pela Polícia Militar durante a noite no momento em que o ex-presidente Lula chegava à capital paranaense. Bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes atingiram diversas pessoas que participavam de ato em apoio ao petista. Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas. Quatro delas são crianças.
Relatos da estudante Ana Júlia dão conta que, “no momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à capital paranaense, a Polícia Militar soltou bombas de gás lacrimogênio e agrediu manifestantes”. Várias pessoas ficaram feridas por balas de borracha e cassetetes.
De acordo com informações de pessoas presentes, a manifestação seguia tranquila, com música e palavras de ordem. Quando o helicóptero com o presidente Lula chegou, a polícia começou a soltar bombas e atirar com balas de borracha.
O jornal Folha de S. Paulo publicou que houve correria e os manifestantes se dispersaram. A PM permanece perfilada em uma rua nas proximidades e parte dos manifestantes segue no local. Não houve violência por parte dos manifestantes antes da ação.
Muitos se penduravam na grade da superintendência, mas a PM não havia feito alertas. Os simpatizantes planejavam manter uma vigília com barracas em um dos acessos da PF.
Ainda conforme o jornal, “enquanto isso, opositores de Lula comemoram soltando fogos”.
A ação foi respaldada por um interdito probatório ajuizado pela Prefeitura Municipal de Curitiba. O juiz plantonista, Ernani Mendes Silva Filho, deferiu o interdito para proibir “movimentos e indivíduos” de transitarem na região da Polícia Federal em Curitiba e de montarem estruturas e acampamentos nas ruas e praças e da cidade. Leia o documento aqui.
No início da noite, a Justiça expediu liminar para proibir o trânsito de pessoas no entorno da Superintendência da PF em Curitiba, com o objetivo de remover a vigília pró-Lula que ocorria pacificamente até então. O juiz Ernani Mendes Silva Filho afirmou que “o justo receio de turbação ou esbulho restou comprovado através dos noticiários, que registram a prática de confrontos em diversas localidades – em especial na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo -, com pessoas feridas e baleadas, assim como agressões à jornalistas e vandalismos em prédios públicos e particulares – à exemplo do ocorrido no imóvel de propriedade da Presidente do Supremo Tribunal Federal -, o que não se pode admitir no Estado Democrático de Direito”.
No entanto, dezenas de relatos de testemunhas confirmam que a “turbação” a que o juiz se referia não aconteceu por iniciativa do povo que ocupava a frente do prédio da PF. Não teria partido nem sequer da rua, mas de trás de um portão de um terreno da PF de onde manifestantes dizem ter vistos policiais atirando bombas e balas de borracha contra apoiadores do ex-presidente.
Ontem à noite, agentes tentaram justificar a violenta agressão alegando uma tentativa de invasão ao prédio, o que não aconteceu e foi desmentido pelo próprio tenente-coronel Mário Henrique do Carmo, comandante do 20° batalhão da PM do Paraná. “Não creio que houve tentativa de invasão”, afirmou.
“Disseram que nós tínhamos forçado o portão de vidro, mas é mentira, eu estava lá”, afirmou o presidente do PT do Paraná, Dr. Rosinha. Ele participava de reunião com lideranças para negociar com agentes da Polícia Federal as condições da continuidade da vigília.
“Nós estávamos lá dentro, negociando, e tomamos conhecimento do interditório. Nós concordamos com a ordem desde que a desocupação do espaço fosse simultânea, o nosso ato e o ato contra Lula também. Só nós assinamos, os outros, não. Aí os policiais federais começaram a atirar”, conta.
“Foi uma atitude extremamente covarde e violenta do aparelho repressor do estado”, denunciou Roberto Baggio, da coordenação do MST no Paraná. “Tínhamos acabado de sair de uma reunião com a cúpula da secretaria de segurança, tendo em vista liminar da justiça determinando a desocupação da rua. Nos asseguraram que seria tudo pacífico, mas de forma arbitrária, violenta e desumana, cometeram essa violência.”
“As bombas vieram de dentro da polícia federal. Eles serão responsabilizados pelo que fizeram contra os trabalhadores”, disse o deputado Marco Maia (PT).
As pessoas atingidas pela polícia se reuniam ali para uma vigília e um ato ecumênico com representantes de quatro ordens religiosas, professores, sindicalistas, militantes e representantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Uma advogada representante do Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, acompanhada do Procurador Geral da OAB/PR, lavrou um Boletim de Ocorrência coletivo, incluindo todas as vítimas da violência policial nas imediações da Polícia Federal em Curitiba.
Nele, relatou que as bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha foram atiradas por policiais federais e militares antes do pouso do helicóptero.
Enquanto isso, do outro lado do prédio da PF, um ato organizado por grupos de direita contra o ex-presidente Lula pôde prosseguir sem grandes constrangimentos por parte da polícia.
Interdito proibitório, de acordo com o JusBrasil, é a ação de preceito cominatório utilizada para impedir agressões iminentes que ameaçam a posse de alguém.
Diante da gravidade da situação, o Coletivo protocolou Habeas Corpus Coletivo em face da decisão que deferiu liminar de interdito proibitório na ação proposta pela Prefeitura de Curitiba, junto ao plantão judiciário do TJPR.
Fotos de Gibran
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