Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Keka Werneck
Juíza culpa vítima e inocenta PMs acusados de matar africano

A justiça de Mato Grosso absolveu os policiais militares Weslley Fagundes e Higor Montenegro, envolvidos no assassinato do estudante africano Toni Bernardo da Silva, de 27 anos, natural da Guiné-Bissau. Ele foi torturado até a morte no dia 22 de setembro de 2011, na pizzaria Rola Papo, em Cuiabá, capital do Estado. O empresário Sérgio Marcelo Silva da Costa foi o único responsabilizado pela morte e foi condenado a dois anos e oito meses de reclusão, em regime aberto. Os três participaram do espancamento, que repercutiu internacionalmente.
Na sentença, a juíza Marcemila Mello Reis, da 3ª Vara Criminal de Cuiabá, assegura que, no episódio, Toni estava extremamente alterado e seu comportamento causou a trágédia. “A vítima foi o agente provocador dos fatos, e seu comportamento foi decisivo para o desenrolar dos acontecimentos”.
O local do crime é próximo à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde Toni estudou através um projeto de intercâmbio. Ele fazia parte de uma comunidade de africanos.
Toni passava por uma fase complicada na vida pessoal e, no dia em que morreu, segundo laudo policial, havia ingerido drogas e álcool. Depois disso, foi à pizzaria onde teria pedido dinheiro às pessoas de forma desconfortável.
A noiva do empresário disse em depoimento que, apesar do casal já ter negado a dar esmola, o rapaz ficou por ali incomodando e chegou a passar a mão na região do peito dela. Depois disso, o empresário desferiu vários socos no estudante, derrubando mesas e cadeiras, até chegar próximo onde estavam os policiais militares Weslley e Higor e seus familiares. Os PMs entraram na briga.
A estudante Diela, que faz parte da comunidade africana em Cuiabá, não aceita isso como argumento. “Isso justifica a morte de Toni?”, questiona Diela, que também é da Guiné-Bissau, conterrânea e amiga da vítima. O problema para ela, neste caso, foi a cor da pele de Toni. “Nascer pobre e preto no Brasil é uma condenação”. O estudante africano Ernani, que também é da comunidade de estudantes africanos, reforçou que não há dúvida. “Se Toni fosse loiro, morreria assim?”
Alguns meses após o crime, a professora Janaína Pereira, que mora próximo à pizzaria, chegou a contar publicamente que, devido à gritaria, correu até o portão de casa e viu tudo acontecer. Ela teme pela própria vida por ser testemunha ocular. Segundo ela, os três acusados desferiram uma série descomunal de golpes de chutes e pontapés, quando Toni já estava sem forças. “Um deles foi tão forte que se Toni tivesse sobrevivido perderia um dos testículos”, relatou durante audiência pública sobre o caso.
Conforme a juíza, várias pessoas bateram na vítima e não somente os três acusados. Conforme laudo médico, a morte de Toni se deu por asfixia mecânica, decorrente de uma fratura na traqueia.
Apesar da força dos fatos, ao sentenciar a juíza levou em conta o fato dos “envolvidos não terem antecedentes criminais”. A sentença, assinada na última sexta-feira, mais de dois anos após o crime, desagrada o movimento negro, que entende que este foi mais um violento caso de racismo.
“Vamos denunciar esse absurdo em âmbito local, nacional e internacional”, avisa o jornalista João Negrão, da coordenação da União dos Negros pela Igualdade (UNEGRO) do Distrito Federal e membro do Conselho de Defesa do Negro do Distrito Federal. “Além disso, vamos entrar em contato com familiares do Toni, para saber se desejam recorrer a instâncias superiores no Brasil”.
O UNEGRO do Distrito Federal já havia denunciado o Estado de Mato Grosso à Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). E agora levará o caso também à Corte Interamericana de Direitos Humanos, onde tramitam casos que configuram como injustiça. 


Fonte: Terra
O Colóquio resultou num documento que será utilizado como ferramenta para consolidar a pactuação do município com o Plano Juventude Viva do Governo Federal
022
O auditório da Uneb Campus X, em Teixeira de Freitas, recebeu o debatedor de políticas sociais para Juventude Dj Branco, representante do Conselho da Comunidade Negra da Bahia. Em pauta estava a juventude e as violações aos seus direitos que culminam em altos índices de letalidade. O debate desta quarta-feira (23) reuniu estudantes de ensino médio do Ceprog, acadêmicos da própria Uneb, representantes das forças policiais, professores de ensino fundamental, imprensa e gestores municipais.
O Colóquio de Direitos Humanos: Violência contra a Juventude resultou num documento com registro de falas das autoridades, palestrante e participantes que será utilizado como ferramenta para consolidar a pactuação do município com o Plano Juventude Viva do Governo Federal. O evento foi provocado pela Prefeitura de Teixeira de Freitas, por meio de sua Secretaria de Segurança com Cidadania.
043
O Plano Juventude Viva: Os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios em 2010 no Brasil eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos).
Em resposta a esse desafio, o Governo Federal lançou a primeira fase do Plano Juventude Viva. Sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República, por meio da Secretaria Nacional de Juventude, e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, o Juventude Viva é fruto de uma articulação interministerial. O Plano reúne ações de prevenção que visam reduzir a vulnerabilidade dos jovens a situações de violência física e simbólica, a partir da criação de oportunidades de inclusão social e autonomia; da oferta de equipamentos, serviços públicos e espaços de convivência em territórios que concentram altos índices de homicídio; e do aprimoramento da atuação do Estado por meio do enfrentamento ao racismo institucional e da sensibilização de agentes públicos para o problema.
05
O prefeito João Bosco participou da abertura do evento
O evento: A abertura do Colóquio se deu com as falas do subcomandante do 13º Batalhão de Polícia Militar, capitão Anilton Almeida, que ressaltou a importância dos movimentos da juventude como vetores de valorização do jovem e demonstração de senso crítico e político. Já o Secretário Municipal de Assistência Social Marco Veronesi falou sobre a execução de políticas sociais neste mesmo objetivo, citando o trabalho desenvolvido pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Em seu pronunciamento o secretário de Segurança com Cidadania, coronel Calheiros, lembrou que em Teixeira de Freitas, cerca de 80% dos internos do Conjunto Penal, são jovens " eles são as principais vítimas e também os principais autores", lamentou ele. O fechamento deste momento foi feito pelo prefeito João Bosco Bittencourt, para quem o cenário atual de violência e criminalidade associado à juventude tem ligação direta com o histórico de violação de direitos das minorias, iniciado no processo escravagista, cujas consequências ainda são visíveis.
032
Na sequência o Dj Branco, foto, assumiu o debate e apresentou o Plano Juventude Viva justificando que: "no Brasil a criminalidade tem faixa etária e cor de pele", referindo-se à juventude negra, por isso o Juventude Viva foi criado, para cobrir um lacuna deixada por outras metodologias de segurança social que são mais repressoras do que preventivas. "Nós entendemos que todas as vidas têm o mesmo valor, e precisamos nos indignar e manifestar por todas as mortes violentas, independente da cor, idade, credo ou raça da vítima", disse o debatedor. Ao fim desta explanação a plateia contribuiu com questionamentos e argumentações que também constarão no documento em favor da pactuação de Teixeira de Freitas ao Plano.
Além das autoridades citadas, compareceram ao evento o chefe de Gabinete Claudio Guaraná, o secretário de Comunicação Paulo Costa, o diretor do Departamento de Cultura Ramiro Guedes, o representante do conjunto Penal Marcos Vinícius, a vereadora Oneidi e Ailton da Saúde.
por : Kiko Nogueira
dançarino Douglas
A morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, foi anunciada por ele mesmo em 2013, em mais uma prova cabal de que a vida imita a arte.
DG foi o personagem principal de um curta metragem chamado "Made In Brazil". Está disponível no YouTube e você pode vê-lo acima.
Douglas faz o papel dele mesmo. Sai de uma partida de futebol de praia em Copacabana e vaga pelas imediações da favela Pavão-Pavãozinho. Passa em frente a uma creche, fala com moradores, ajuda uma mulher a levar sacolas de compras morro acima, toma um passe de um pastor evangélico.
Até que há um tiroteio. Ele é abordado por PMs que o agridem e, afinal, o executam com um tiro na nuca. A ideia do diretor Wanderson Chan era contar uma história sobre "os nossos problemas sociais em paralelo com a euforia da Copa".
A realidade acabou por dar ao filme despretensioso um caráter transcendente. O corpo de DG, você sabe, foi descoberto na escadaria daquela creche. Segundo o IML, ele teve uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente". Leia-se tiro. O secretário de segurança do Rio, Beltrame, declarou que não descarta uma "possível culpa de PMs".
A mãe de Douglas, Maria de Fátima, crê que houve tortura. "Eu fiquei com o corpo do meu filho até as 3h30 da madrugada e vi que ele tem um afundamento no crânio, um corte no supercílio e está com o nariz roxo. Eu acredito que mataram ele. Tenho certeza que ele foi torturado pelos policiais da UPP", disse.
"Crônica de Uma Morte Anunciada", de García Márquez, começa assim: "No dia em que iam matá-lo, Santiago Nasar levantou-se às 5 e 30 da manhã para esperar o barco em que chegava o bispo". No livro, Santiago é acusado de desonrar Ângela Vicário. Toda o vilarejo fica sabendo que o pior está a caminho, mas Santiago segue adiante para cumprir seu destino pelas mãos dos irmãos gêmeos de Ângela.
Maria de Fátima diz que pessoas registraram em vídeo o ataque a seu filho. Pediu a elas que tenham a coragem de divulgar as imagens. Talvez os vídeos não existam, mas não é necessário. "Made In Brazil", feito um ano antes da morte de Douglas, explica muito sobre a morte e a vida de Douglas.

Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
Fonte: DCM

Maratonista e nadadora, Maria de Fátima Silva afirma que fará de tudo para que a morte do dançarino não caia no esquecimento
Catharina Wrede
Gustavo Goulart
mae-douglas-dancarino
RIO — Da trágica morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, de 26 anos, que revoltou a comunidade Pavão-Pavãozinho e chocou o país nos últimos dias, emergiu uma mulher que não se deixa calar. Da boca de Maria de Fátima Silva, a mãe de DG, o Brasil não ouviu apenas o grito de dor: foi bombardeado por palavras fortes, eloquentes e esclarecidas. Com nome de santa e garra de mãe coragem, ela diz que seu único objetivo é lutar por Justiça.
Mãe da médica Isabel Cristina, de 37 anos, que mora na Espanha — e, por isso, não conseguiu estar presente no enterro do irmão —, e de Jaqueline, de 34, que está grávida, Maria de Fátima perdeu, aos 56 anos, seu único filho homem. Auxiliar de enfermagem, profissão que exerceu também em Portugal, durante 15 anos, entre idas e vindas, ela consegue manter, em meio a tanta revolta, um discurso marcado pela clareza. Diante das câmeras, chegou a descrever os ferimentos no corpo do filho com objetividade ("afundamento do crânio e muita marca de espancamento no tórax"). Tomada pela cólera, ela voltou a afirmar, nesta quinta-feira, durante o sepultamento de Douglas no Cemitério São João Batista, em Botafogo, estar convencida de que ele foi torturado até a morte por PMs da UPP, o que a polícia nega. Além da lucidez, outra marca de Maria de Fátima é uma determinação que parece imune até ao sofrimento que agora a devasta. Flamenguista doente e apaixonada por samba, maratonista e nadadora de águas abertas — em março, ficou em sexto lugar numa prova entre as praias do Leblon e do Arpoador —, ela falou nesta quinta-feira para o GLOBO, na sala de de seu apartamento onde tem mais de 50 medalhas penduradas na parede:
— A depressão não vai me derrubar. O esporte e o samba vão me salvar — disse, com a voz segura, ela que, logo depois do crime, fez a denúncia que promete levar à Anistia Internacional. — Meu filho foi torturado com requintes de crueldade. Eles (policiais) pretendiam ensacar e sumir com o corpo dele.
Em 75, Maria de Fátima, que nasceu em Itororó, na Bahia, conheceu o jornalista português Paulo César Calazans, em Salvador, pai de seus três filhos. Ele viera para o Brasil, curiosamente, cobrir assassinatos de jovens do Pelourinho, que tiveram grande repercussão à época. A paixão fulminante acabou em 88, quando ela veio para o Rio (ontem, ele esteve no enterro do filho). Moradora da Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, Maria de Fátima toca percussão e faz parte do projeto Natação no Mar. No site do projeto, há uma declaração dela, de seis anos atrás, quando contou ter superado o medo do mar: "Eu só tomava banho no estilo cachorrinho, na beirinha, com baldinho. Hoje, eu já fiz uma travessia, em Rio das Ostras. Fui muito bem. Entrei na água meio receosa, mas depois tomei coragem e fui embora."
Quando perguntada sobre como enfrentará a morte do filho daqui para a frente, Maria de Fátima responde como uma nadadora que venceu o medo da água:
— Vou buscar força no mar. Eu nado. E se não tiver mais força, eu vou arrumar garra de qualquer jeito para que a morte do meu filho não caia no esquecimento.
Fonte: O Globo
'Tenho certeza que ele foi torturado', diz mãe de dançarino achado morto no Rio de Janeiro. Corpo de Douglas Rafael da Silva Pereira, foi encontrado em uma creche do Morro Pavão-Pavãozinho. Policiais são suspeitos do crime
douglas-dançarino-assassinado
Maria de Fátima Pereira, mãe de Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG dançarino do programa "Esquenta", acredita que o filho encontrado morto nesta terça-feira em uma creche da comunidade do Morro Pavão-Pavaozinho, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, foi torturado antes de morrer. "Tenho certeza que ele foi torturado. As pessoas dizem que ouviram gritos e muitos moradores da comunidade já falaram isso", declarou ela na manhã desta quarta-feira.
A dona de casa acredita que DG tenha sido torturado por policiais já que o rapaz foi encontrado com afundamento do lado direito do crânio, um corte no supercílio direito, machucado no nariz e marcas nas costas."Ele foi achado em posição como se tivesse lutando", disse. Maria também contou que DG foi encontrado sem os documentos e sem R$ 800. A carteira de identidade e o passaporte só apareceram na 13ª DP. "Os documentos dele estavam molhados assim como ele", falou.
Ainda de acordo com Maria de Fátima, há cerca de dois anos, quando ainda trabalhava como mototaxista, DG teve o veículo apreendido pelos PMs. "Os policiais encheram o tanque da moto dele de areia", contou a mãe. Dias depois, a moto foi furtada. Um morador contou à família que a moto foi levada numa picape pelos próprios policiais da UPP.
Para Maria de Fátima, a última imagem que vai ficar de seu filho é a lembrança dele vestido de coelho no especial de Páscoa do programa "Esquenta", onde Douglas distribuiu chocolate para as crianças e dançou alegremente. O corpo de DG será velado nesta quarta-feira, às 17h. O enterro está marcado para às 15h de amanhã, no cemitério João Batista, em Botafogo.
Protesto interditou a Avenida Nossa Senhora de Copacabana por mais de cinco horas
Revoltados com a morte do dançarino, moradores do Pavão-Pavãozinho, fecharam na última terça-feira, por volta das 17h, as principais ruas do bairro e fizeram barricadas ateando fogo em objetos. O medo se espalhou pelo bairro. A PM foi chamada, e houve tiroteio. Um homem de 30 anos foi encontrado morto num campo de futebol na favela, e um adolescente de 13 anos, identificado apenas como Mateus, baleado na cabeça. Centenas de pessoas ficaram na rua sem conseguir voltar para casa.
De acordo com a PM, o policiamento foi reforçado na favela com efetivo de diversas UPPs, do 23º BPM (Leblon), 19º BPM (Copacabana), batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque. O acesso ao metrô pela Rua Sá Ferreira da Estação General Osório foi fechado, assim como o Túnel Sá Freire Alvim, que liga as ruas Raul Pompeia e Barata Ribeiro. O tráfego precisou ser desviado pela Rua Miguel Lemos. A Avenida Nossa Senhora de Copacabana só foi liberada por volta das 23h30.
A confusão começou logo depois que o corpo de Douglas foi encontrado dentro da creche Menino de Luz, na comunidade. Moradores acusam policiais de terem matado o dançarino. Segundo eles, houve um tiroteio na madrugada de ontem entre PMs e traficantes. Douglas teria pulado um muro da creche para fugir do confronto e despencado de uma altura de sete metros. Mas familiares acreditam que o dançarino tenha sido agredido por PMs durante a confusão.
linchamento-es-1
Passado quase um mês do fato ocorrido, a Sociedade Capixaba ainda não obteve nenhum posicionamento acerca dos atos de violência praticados em nome da “justiça” e que vitimou um jovem de apenas 17 anos após um linchamento. Tal barbaridade ocorrida em território capixaba, repercutiu na imprensa nacional e internacional, mas sequer houve qualquer pronunciamento oficial do Governo do Estado do ES.
Face ao exposto:
REPUDIAMOS todos atos de violência praticados pela população em nome da “Justiça”, como os que ocorreram no domingo 06/04/2014 e que levou ao linchamento público de um Jovem, Negro, acusado de roubo e estupro no bairro vista da Serra, município da Serra-ES. Alailton Ferreira de apenas 17 anos sofria de “epilepsia”, foi brutalmente espancado por populares “enfurecidos” que  buscaram fazer “justiça com as próprias mãos” eivados de ódio, preconceitos raciais e sociais, o que culminou na morte de Alailton no dia 08/06/2014, após dois dias dos atos de violência sofridos, nenhuma denúncia foi registrada contra o jovem.
Ao analisarmos a forma que a mídia se coloca, reproduzindo discursos preconceituosos e influenciando à violência e agressões, pode-se considerar que durante muitos anos os cursos de Comunicação  foram majoritariamente compostos por brancos, não só pela falta de acesso de negros ao ensino superior, mas por seu caráter deveras elitizado. Isso também ocorre em diversos âmbitos como a literatura, a televisão e outros. A imagem que se tem do negro é estereotipada, com menores índices de relações amorosas, a mulher negra hipersensualizada, o negro revoltado, dentre outras.
A partir desses discursos impostos  pelos meios de comunicação que se constrói a imagem do homem e da mulher negra.O caso ocorrido com o jovem Alailton Ferreira é fruto desses discursos que disseminam o rancor e o ódio contra população negra. Ele não foi o primeiro jovem que veio a sofrer esse tipo de agressão,  principalmente, ao considerar que nos últimos meses o jornalismo brasileiro, especificamente, o jornalismo do SBT propaga a violência como arma da população, considerada “de bem”. Esse pensamento exposto pela jornalista Raquel Sherazade, além de não ter coerência nenhuma,  por não respeitar os direitos humanos, desconsidera o processo histórico brasileiro,  que excluiu e exclui  o negro de diversas práticas sociais, lembrando que o Estado brasileiro em consonância com as políticas racistas da Europa do século XIX estimulou a imigração europeia na tentativa de clarear a população brasileira. Os anos se passaram, no entanto, práticas de dominação sobre a população negra e pobre ocorrem de diversas formas, apenas mudando os mecanismos sociais.
REPUDIAMOS os meios de comunicação  que  estimulam a população fazer justiça com as próprias mãos, deve-se lembrar que antes deste epsódio um outro jovem foi amarrado ao poste, no Rio de Janeiro, foi torturado e espancado por 30 pessoas e outros acontecimentos vindo de “justiceiros” também  ocorreram em diversas cidades do país. A Mídia, por sua vez, tem um papel  fundamental, lembrando que a construção da identidade de uma sociedade se dá a partir de práticas discursivas que permeiam os contextos sociais. Por mais que uma parte da sociedade não assuma e reproduza o discurso preconceituoso, infelizmente grande maioria assume o status quo étnico- social.
Exigimos que todas as medidas sejam tomadas para impedir a reincidência de casos como o que ocorreu com o Alaiton Ferreira, e que vem ocorrendo em todo país, evitando que atos de violência e intolerância sejam torne “Modelo” de atuação de nossa sociedade para garantir “segurança” ou  “justiça”, pois tais atos desprezam, ignoram e desrespeitam por sua vez, o devido processo legal, os valores pela vida e os direitos a dignidade da pessoa humana, tão necessários para o pleno exercício da democracia.
Para tanto, rogamos que o Governo do Estado do Espírito Santo, se pronuncie perante a sociedade capixaba e comprometa-se por meio de seus orgãos competentes no sentido de punir conforme prevê a lei e seus instrumentos e procedimentos legais, todos os responsáveis pela prática de tamanha atrocidade que tirou a vida de Alailton Ferreira. E, que o Estado forneça o mais breve possível o suporte psicossocial à seus familiares para que possam suportar a dor e tamanho sofrimento, além de garantir a indenização nas perdas e danos cabíveis.Assinam esta Nota de Repúdio o Coletivo Negrada – organização de estudantes negros/negras, indígenas e cotistas da UFES, a Juventude APNs/ES, o Coletivo Meninas Black Power, a Casa da América Latina – CAL-ES e demais representantes dos movimentos sociais que abaixo subscrevem…17 de Abril de 2014, Vitória, ESSUBSCREVEM:Coletivo Negrada
  • Casa da América Latina-CAL-ES
  • Juventude APNs/ES
  • Aila Ferreira Felício – Coletivo Negrada
  • Arielly dos Santos – Coletivo Negrada
  • Fernanda Tardin – Casa da América Latina-CAL-ES
  • Inamilé Sanca Djonu Biague – Coletivo Negrada
  • Josimar Nunes Pereira de Freitas – Coletivo Negrada
  • Mirtes Aparecida dos Santos – Coletivo Negrada
  • Noemi Dandara dos Santos – Juventude APNs/ES
  • Sonia Rodrigues da Penha – Grupo de Mulheres Negras Capixaba
  • Vitor Taveira – Casa da América Latina – CAL-ES
  • Wagner Silva Gomes – Universitário e Escritor


  • danca1-1
    O Rio de Janeiro foi mais uma vez palco de protestos na noite de terça-feira. As ações violentas começaram depois da morte de um dançarino profissional na favela pavão-Pavãozinho, na região de Copacabana, zona sul do Rio. Os moradores da favela acusam a polícia pelo assassinato.
    Grandes avenidas da área turística de Copacabana foram fechadas pela polícia. Manifestantes fizeram barricadas e colocaram fogo em pneus dentro da favela.
    O protesto começou após a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, um dançarino que costumava se apresentar em um programa da TV Globo. Ele teria sido baleado após ser confundido com um traficante de drogas.
    Familiares afirmaram suspeitar que a vítima tenha sido agredida antes de ser morta por policiais. A polícia afirmou por meio de nota que os ferimentos de Pereira seriam compatíveis com os de uma queda.
    O protesto acontece a menos de dois meses da abertura da Copa do Mundo.
    Ao menos um homem morreu durante o protesto. Testemunhas afirmaram que carros foram incendiados e uma base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) teria sido atacada por homens armados.
    Segundo órgãos de imprensa locais, um grupo de policiais militares teria sido cercado por criminosos em uma casa dentro da favela. Eles foram resgatados por equipes táticas do Bope, a unidade de elite da polícia militar do Rio.
    O corpo de DG foi encontrado na manhã de terça-feira dentro de uma escola municipal no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio. A mãe, identificada como Maria de Fátima, disse que ele não morava na comunidade e havia ido até lá para visitar a filha.
    Em nota divulgada mais cedo, a Polícia Civil informou que a análise do IML mostrou que as escoriações eram "compatíveis com morte ocasionada por queda". A mãe de DG contestou a versão: "Ele não caiu, ele estava machucado. Tinha marcas de chutes nas costas, nas costelas".
    "[Policiais Militares] bateram nele e quando viram que era um menino da 'Globo' tentaram esconder o corpo. Meu filho seria mais um Amarildo se não tivessem visto o corpo dele", afirmou. A família de Douglas acredita que ele tenha sido espancado por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
    Regina Casé, apresentadora do programa "Esquenta", se manifestou através de sua conta do Facebook sobre a morte do dançarino: "Eu estou arrasada e toda a família 'Esquenta' está devastada com essa notícia terrível. Uma tristeza imensa me provoca a morte do DG, um garoto alegre, esforçado, com vontade imensa de crescer. O que dizer num momento desses? Lamentar claro essa violência toda que só produz tragédias assim. Que só leva insegurança às populações mais pobres do país".
    Fonte: DCM
    Por:Walmyr Júnior *
     
    mare
    Segundo as informações da prefeitura, o Complexo da Maré deverá ganhar 19 escolas e creches até 2016. Dessas, seis escolas e um Espaço de Desenvolvimento Infantil farão parte do Campus Educacional da Maré. Caso abra de fato a licitação para a obra, as primeiras unidades estarão previstas para ser entregues a partir do segundo semestre do próximo ano.
    Esse investimento de R$ 325 milhões poderá atender mais de 10 mil crianças das 16 comunidades que compõem a Maré. Elas talvez estudem em turno único de sete horas diárias e, quem sabe, terão outra oportunidade em um futuro próximo. Essas informações foram divulgadas no dia 31 de março pela subsecretária municipal de Educação, Helena Bomeny. 
    De acordo com a subsecretária, a pacificação das favelas, iniciada no domingo (30/3), com a ocupação por forças de segurança, possibilita que a educação mude os futuros das crianças da Maré. 
    "O que os pais podem esperar agora é que os professores possam ir com mais prazer à escola, que a diretora possa abrir a escola com mais tranquilidade e que possam deixar os filhos lá, sem precisar ficar telefonando [para saber da situação]. Isso vai ter uma repercussão enorme no aprendizado dos alunos".
    Sabemos que existe um ódio nutrido entre as três facções do tráfico de drogas que ocupam a Maré, além de uma facção de grupos de milicianos que ocupa duas das dezesseis favelas. O mapa da Maré, loteado por poderes paralelos ao do Estado, são cultuados nestes últimos 25 anos. Não existe uma surpresa nessa ocupação. Estamos diante de uma subcultura de rivalidade entre as mais variadas juventudes, que por ter ‘a malandragem da favela’ como única liderança que se ‘preocupa’ com o morador, cultua e idolatra tais ‘soberanos’. 
    Na favela o Estado não é o promotor da cultura, do lazer e nem da educação. Tanto o baile quanto o samba tem um patrocinador. O campo de futebol, ou os brinquedos da pracinhas recebem a manutenção de um agente comunitário que não recebe ordens do prefeito e nem do governador. Dia dos Pais, das Mães, Páscoa, Dia das Crianças, Natal e tantas outras festas só são comemoradas na favela porque o Robin Hood deixou ali seu ‘presente’. O transporte não tem aparto dos veículos competentes e o morador fica à mercê de uma segurança privada que não usa farda. 
    Escravos do paternalismo paralelo, o morador quando vê o prefeito chegando sente na sua garganta o gosto da desconfiança. O fardado traz o medo e a insegurança, ouve bater nas portas o som da patrulha que só enxerga na imagem do pobre favelado o estereótipo subversivo. A polícia que sempre entrou para bater e para matar quer construir um mito da ‘paz’ na favela, o Estado quer limpar seu nome que está sujo nas marcas do descaso e abandono.
    Eis ai o desafio da pacificação: desconstruir os ódios coletivos e multifacetados que fazem parte da vida e da história desses moradores. Dar um novo sentido para a guerra que impulsionou tantos jovens a dar suas vidas por uma ideia de conforto e ostentação na favela. Uma guerra que deixou órfãos, viúvas e muitas mães chorando por seus filhos. Geralmente na favela o vilão usa farda e o mocinho come na mesa de casa. Me questiono se as escolas prometidas pela prefeitura vão chegar na Maré, e quem sabe possibilitar que tantas crianças possam reescrever sua história.  
    * Walmyr Júnior Integra a Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro, assim como da equipe da Pastoral Universitária Anchieta da PUC-Rio. É membro do Coletivo de Juventude Negra - Enegrecer. Graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.




    De Douglas Belchior
    No último sábado, 12, cerca de 20 ativistas ligados à Uneafro e a família da menina negra agredida por um PM em uma escola pública da zona leste de São Paulo, realizaram um protesto durante o Congresso de Segurança Pública, promovido pela OAB no Teatro Gazeta, na Av. Paulista.
    O Cel. PM Benedito Roberto Meira, Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o Delegado Geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Luiz Maurício Souza Blazeck e o ex-presidente da OAB SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, negaram o direito ao uso da palavra aos manifestantes e à mãe da menina agredida. Os seguranças expulsaram os ativistas.
    Continuaremos a ação no sentido de dar visibilidade ao caso e levar adiante a denúncia.
    Leia o detalhado relato da mãe e da menina agredida, registrada pelo site Info Diretas.
    IMG 659322
    "Macaca Favelada", um soco na boca, 2 dentes quebrados e outros dois dentes moles, escoriações no corpo e muita revolta. Mãe diz que Escola foi conivente com ação da PM.
    De Info Diretas
    Fotos de Info Diretas e Davi de Freitas
    Familiares de uma adolescente acusam um policial militar de ter desferido um soco na boca e posterior uso de cassetete e força excessiva, além de racismo, dentro do uma unidade estudantil na região do Itaim Paulista, no extremo Leste da capital. A garota teve dois dentes quebrados, dois estão moles e ferimentos visíveis na boca. A agressão por parte do PM teria ocorrido na tarde da última terça-feira, dia 8.
    Segundo a vítima, L. M. C. S., de 15 anos, no domingo, 6, meninas teriam ido até a casa da família e contado que outras garotas "queriam pegar sua irmã". Por conta do medo, a irmã mais nova da jovem, R. M. C. S., de 13 anos, não teria ido à escola na segunda-feira, 7. L., que não estuda na mesma instituição, teria acompanhado a irmã na terça-feira, até a entrada da Escola Estadual Wilson Roberto Simonini, na Vila Curuçá, para "apenas conversar com as meninas e apaziguar a situação". Mas o que teria ocorrido foi uma série de agressões e acusações de omissão.
    A adolescente conta que, ao chegar à porta da escola, por volta das 13h30, três primas e duas tias da menina que havia feito a ameaça estavam no local. A briga teria acontecido por conta de "risadas" no páteo da escola. Com a situação, a diretora teria chamado à PM, que enviou uma viatura com dois PMs homens. Dentro da escola, uma das tias da menina de 14 anos, teria dito a frase: "se encostar na minha sobrinha, vou te matar. Não é uma ameaça é uma promessa". Segundo a vítima, o PM interveio, dizendo que a mulher, supostamente maior de idade, poderia agredir a garota, pois ele "passaria um pano". A vítima alega que, neste momento, teria se virado para ver o PM, quando recebeu um soco que acertou a boca. Sangrando, ela teria se levantado e virado de costas, recebendo um golpe com uma pedaço de madeira na nuca. A paulada teria sido desferida pela tia, enquanto o PM, teria dado um golpe com o cassetete em sua perna.
    IMG 20140412 160709
    Ainda dentro da escola, a menina teria sido socorrida por algumas garotas que a viram sangrando. A irmã, que já estava dentro unidade, foi impedida de socorrê-la. Nesta hora, a menina teria sido ofendida pelo mesmo PM. "Meu chinelo acabou ficando lá, quando voltei para pegar, o PM disse, vai embora neguinha favelada, macaca".
    A adolescente L. M. C. S, não teria recebido apoio da direção da escola e nem mesmo da PM, indo para casa sangrando e a pé. Os PMs, junto as supostas agressoras teriam ido até o 67° DP (Jardim Robru), e elaborado um boletim de ocorrência, de agressão e desacato, mas, contra a vítima, deixando a família da menina indignada. De acordo com o Boletim de Ocorrência número 929/2014, a menina teria agredido os policiais militares, sendo um com ferimentos no rosto, e desacato à autoridade. "Minha filha apanhou da PM, ninguém fez nada, e ainda passa como culpada, estou indignada", diz a professora Luciana Brason, de 39 anos, mãe da menina.
    A mãe da adolescente também se diz chateada com a direção da escola. "Na escola todos me conhecem, assim como minhas filhas. Deu tempo de chamar à família da menina, à PM, mas não me chamaram. Minha filha apanhou e fui a última a ser informada. O caso está sendo apurado por advogados ligados à Uneafro.
    Um ato de repúdio foi realizado na tarde do último sábado, 12, na Avenida Paulista. Cerca de 20 pessoas carregando faixas e bandeiras contra a PM e pela desmilitarização da polícia interromperam aos gritos de "fora PM" e "PM racista" um encontro organizado pela OAB, que contou com a presença do comando da Polícia Militar, no auditório da TV Gazeta. Seguranças do evento retiraram os manifestantes.
    UNEAFRO-1
    uneafro2
    IMG 20140412 170749
    IMG 20140412 153858
    “Vista preto ou branco e leve sua rosa vermelha” é o pedido feito pelos organizadores do ato que ocorrerá dia 18 de abril com concentração em frente à Igreja da Nossa Senhora da Consolação, às 15h
     a-paixao-de-claudia
    O ato público e cultural “A Paixão de Cláudia” , articulado pela empresa Cubo Preto Ensino de Arte e Cultura Ltda., juntamente com ONGs, Associações, Empresas, Órgãos da Imprensa Formal e Informal e por profissionais de várias áreas das artes e interessados na vida em sociedade de modo geral, constitui-se como uma homenagem à mulher negra, trabalhadora e mãe brasileira, Cláudia da Silva Ferreira, de 38 anos, que no dia 16 de março de 2014, foi atingida por uma bala perdida dispara por agentes da Polícia Militar do Rio de Janeiro, socorrida pela mesma ainda em vida e arrastada por cerca de 350 metros, chegando ao hospital morta e com partes de seu corpo em carne viva.
    O ato consiste em ações e manifestações, performances e apresentações realizadas nas mais diversas linguagens das artes. “Nos reuniremos para celebrar a mãe preta do Brasil, as famílias negras, as famílias coloridas, o direito à vida, ao respeito ao cidadão, à cidadã, aos acessos básicos ao direito de ir e vir, à saúde, à educação, à moradia, ao fim dessa condição de cidadania de segunda classe a qual está relegada parte expressiva da população brasileira”, afirma Renata Felinto organizadora do evento.
    A concentração será na Igreja Nossa Senhora da Consolação, dia 18 de abril, às 14 horas. A organização do evento pede aos participantes que se vistam de branco ou de preto e que tragam rosas vermelhas, “uma beleza que a própria natureza armou com espinhos para se proteger de seus opressores”, explica o texto do convite para o ato.
    Da Igreja da Nossa Senhora da Consolação, às 15h, ao som de atabaques que invocam ancestrais africanos que com seus braços, pernas, sangue e suor, erigiram o Brasil, o cortejo segue até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, localizada no Largo do Paissandu, onde encontra-se a estátua da Mãe Preta, feita pelo artista Júlio Guerra representando todas as mães pretas que foram e são base desse Brasil.
    No Largo do Paissandu será armado um palco no qual, das 16h às 20h, ocorrerão apresentações de música, dança, artes cênicas, literatura e artes visuais.
    Para saber a programação completa acesse: Fan Page “A paixão de Cláudia”.



    Testemunha ouviu pedido, mas encontrou a vítima morta, em um terreno
    Gilson Francisco de Carvalho
    A mulher que encontrou o irmão da cantora Negra Li morto na noite de sábado (12) contou à polícia que ouviu Gilson Francisco de Carvalho, de 41 anos, gritar por socorro e em seguida cair. Ele foi morto com um tiro na cabeça na Brasilândia, zona norte de São Paulo.
    A testemunha disse aos policiais militares que saía de uma festa com outras pessoas quando tudo aconteceu. Ela reforçou, no entanto, que não conhecia a vítima e que também não ouviu qualquer disparo de arma de fogo. O caso será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
    Gilson trabalhou como produtor do seriado Antônia, da Globo, em que Negra Li foi uma das protagonistas. Os episódios foram gravados no mesmo bairro em que ele foi morto, a Brasilândia. Ele era casado e tinha um filho.
    Em sua página no Facebook, a cantora lamentou a morte do irmão.
    — Obrigada pelas mensagens de conforto... Não existem palavras nesse momento... :( #Luto
    Negra Li está em cartaz em São Paulo no musical "Jesus Cristo Superstar", de quinta a domingo. Segundo a assessoria de imprensa do espetáculo, neste domingo (13), ela será substituída por outra atriz
    Fonte: Tribuna Hoje
    A epidemia da justiça popular

    A situação na Argentina se mimetiza no Brasil, com cidadãos que decidem fazer justiça por conta própria
    Um milhão de brasileiros participou de linchamentos
    O Brasil se revolta a cada imagem

    As notícias sobre linchamentos proliferam nos jornais locais de todos os Estados brasileiros, mas não constam nas estatísticas. Segundo o Código Penal, o linchamento não é reconhecido como crime e por isso é difícil de calcular quantos atos ocorrem no país. A lista de ações de violência que têm como argumento penalizar crimes de rua é grande. Nos últimos dois meses, pelo menos 10 casos foram noticiados no Brasil. A situação é similar à que acontece na Argentina, que vive uma onda de linchamentos desde meados de março, já levou até mesmo o Papa a se pronunciar sobre a brutalidade dos atos contra ladrões. Apesar da repetição, que prova que não se trata de uma atividade isolada, o Brasil é imbatível em linchamentos, segundo o sociólogo José de Souza Martins, especialista no tema. "Há três anos atrás, eram três ou quatro por semana. Depois das manifestações de junho, passou a uma média de uma tentativa por dia. Hoje estamos a mais de uma tentativa de linchamento diária", explica.
    A humilhação pública é o princípio do fim, que muitas vezes não acaba na delegacia, mas sim em morte. Um dos casos mais recentes foi o de um adolescente de 17 anos que morreu ontem em Serra, em Espírito Santo (sudeste do Brasil). O jovem Alailton Ferreira foi espancado por um grupo de pessoas que o agrediu com pedras, pedaços de madeira e ferro. Até o momento em que a polícia chegou ao local, segundo o blog Negro Belchior, da revista Carta Capital, não se sabia ao certo a motivação do espancamento. Especulava-se que o rapaz havia tentado praticar um roubo, abusar de uma criança ou estuprar uma mulher. Mas nada ficou comprovado. Também ontem, em São Francisco, no Maranhão um assaltante foi linchado na rua depois de roubar bolsas, joias e celulares de clientes de uma clínica, segundo o jornal local O Dia. Felizmente, outros vizinhos impediram que a agressão continuasse e ele foi encaminhado à delegacia.
    Na quinta-feira, dia 10, um homem conseguiu escapar da ira dos vizinhos em Campina Grande, na Paraíba. Ele foi espancado depois que a polícia o flagrou com dois menores, uma menina de 12 e um menino de 11 anos, em sua casa. Segundo o site de notícias Paraíba Agora, os menores passariam por exame de corpo de delito para comprovar se o abuso chegou a ser consumado.
    A mesma sorte não teve um jovem de 24 anos em Nova Crixás, Goiás, que morreu na segunda-feira, dia 7, depois de ser linchado por um grupo de moradores. O site Goiás News publicou um vídeo gravado pelo celular, em que a cena de extrema violência foi registrada. Isaías dos Santos Novaes, que já tinha passagem pela polícia por estupro, foi detido pela polícia sob suspeita de ter realizado um furto horas depois de uma criança de seis anos ter sido estuprada na cidade. Não havia indícios de que ele havia sido o autor deste crime. Por causa do furto, ele foi autuado e levado para um hospital, onde realizaria um exame de corpo de delito antes da prisão. Mesmo acompanhado de um grupo de policiais, centenas de moradores invadiram o hospital e bateram no rapaz até a morte, conta o site de notícias G1. Outro linchamento, de um suspeito de assalto em Teresina, Piauí, no dia 8 de abril, também foi gravado. Somente esta semana, oito vídeos de linchamento foram colocados no YouTube.
    Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, um jovem de 15 anos foi linchado pelos moradores no domingo passado, dia 5, por acertar o irmão de cinco anos com uma faca, mas acabou morto com tiros na cabeça. Segundo a Polícia, o homicídio se deve a uma ação de gangue, motivada por vingança, o que não tira o peso do espancamento que sofreu na porta de sua casa, vítima de familiares e vizinhos, segundo conta o portal de notícias Terra.
    Em março, os crimes já eram notícia. No dia 22, segundo o Correio de Uberlândia, um homem foi encaminhado ao hospital em estado grave depois de ser agredido por vizinhos que o acusavam de furto, em Uberlândia, Minas Gerais. No mesmo dia, a polícia conseguiu impedir a continuidade de um linchamento em Macapá, no Amapá. Os dois suspeitos de assaltar uma adolescente foram agredidos pelos pedestres que presenciaram o roubo. O G1 colheu depoimentos dos transeuntes e um deles, o auxiliar de serviços gerais Domênico Marques, de 41 anos, chegou a dizer que iam dar uma lição "nesses 'caras' porque não tem cabimento as pessoas suarem no trabalho para um homem desse vir e roubar à luz do dia", um discurso repetido também no ato de violência em Botafogo, no Rio de Janeiro. Naquele dia, um adolescente havia sido amarrado em um poste com um cadeado de bicicleta.
    No mesmo final de semana dos linchamentos de Uberlândia e Macapá, um homem foi morto e duas mulheres foram espancadas depois de roubarem um táxi, em São Luis, Maranhão. Segundo informações do jornal O Imparcial, outros taxistas conseguiram localizar o veículo e atuaram por conta própria, junto a cidadãos que passavam pelo local, a dez quilômetros do centro da cidade. No dia 26 de março, o suspeito de estupro Jeferson de Souza Ramalho, de 18 anos, foi morto a pauladas e pedradas antes que a polícia chegasse ao local, próximo à Lagoa Mundaú, em Maceió, Alagoas. Segundo o site Folha do Sertão, ninguém foi incriminado, o que geralmente ocorre quando esses atos de violência coletivos são executados.

    "Em 60 anos, um milhão de brasileiros participaram de linchamentos"

    José de Souza Martins é doutor em sociologia e pesquisador do tema dos linchamentos no Brasil, uma investigação que leva há mais de 40 anos. Em seu último levantamento para o livro Linchamentos: a justiça popular no Brasil, que será publicado pela Editora Contexto no começo do ano que vem, o professor já aposentado calcula que "nos últimos 60 anos, um milhão de brasileiros participaram de linchamentos". Em uma entrevista pelo telefone, explicou algumas das razões pelas quais os justiceiros aumentaram sua atuação no país, em sua maioria, "motivados por estupros de crianças e incestos", explica.
    Pergunta. Os linchamentos que vemos na Argentina e acompanhamos no Brasil desde fevereiro, quando o caso do rapaz preso a um poste em Botafogo, no Rio de Janeiro, apareceu em vários meios de comunicação, é uma bola de neve?
    Resposta. Eu não estou acompanhando os casos na Argentina, mas certamente não é um caso isolado no Brasil, acontece em várias partes do mundo, como a África. No entanto, o Brasil é o país que mais lincha no mundo, e posso afirmar isso pelo material da minha pesquisa, nos últimos 40 anos. Existem linchamentos e tentativas de linchamentos. O caso do Rio, é uma modalidade de tentativa de linchamento, que há três anos atrás eram três ou quatro por semana, mas que depois das manifestações de junho, passou a uma média de uma tentativa por dia. Hoje estamos a mais de uma tentativa de linchamento diária.
    P. E quais são as razões para esse aumento? As pessoas repetem os atos que são transmitidos pelos meios? Atuam por conta própria?
    R. As causas são várias. O linchamento é sempre uma reação defensiva da sociedade contra o aumento da insegurança e da violência. Mesmo que haja violência e brutalidade no linchamento, se trata de uma reação autodefensiva, mesmo que seja injusta.
    P. E quais são as motivações? Existe alguma constante?
    R. As multidões geralmente reagem contra estupro de crianças e incesto. Os roubos pesam menos na decisão de linchar, não que sejam insignificantes, mas 3/4 dos linchamentos são motivados por crimes contra a pessoa. Meu cálculo, que fiz para o livro Linchamentos: a justiça popular no Brasil, é que nos últimos 60 anos um milhão de brasileiros participaram de linchamentos.
    P. Dos casos que o senhor acompanhou, existe algum índice de impunidade sobre esses linchamentos?
    R. Não existe o crime de linchamento. Fica difícil de utilizar os registros policiais para saber se está aumentando ou diminuindo, justamente por isso. Os que se veem envolvidos acabam sendo processados, mas existe o atenuante de crime de grupo. O Código Penal costuma ser benevolente nestes casos e raras vezes a polícia consegue incriminar. É muito difícil identificar as pessoas que cometem esses atos bárbaros.



    Fonte: El País



    PM divulga nota sobre mulher espancada dentro de ônibus

     

    Vídeo flagrou o momento em que um policial militar agride, com socos e pontapés, uma mulher diante de seu filho e dos passageiros.


    Passageiros de um ônibus que fazia a linha Alto José Bonifácio, da Empresa São Paulo, presenciaram cenas de violência na noite desta terça-feira (8). As imagens divulgadas na internet registram o momento no qual um policial militar agride, com socos e pontapés, uma mulher que teria uma criança no colo. A ação ocorreu quando o veículo estava em uma parada perto da Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife.
    Diante das polêmicas, a assessoria de comunicação da Polícia Militar enviou um comunicado oficial sobre o fato.
    Nota de Esclarecimento
    “A Assessoria de Comunicação Social esclarece que as imagens veiculadas nos órgãos de imprensa e redes sociais, sobre a agressão física de um PM a uma mulher dentro de um ônibus de transporte urbano na Região Metropolitana do Recife, são de natureza grave e retratam, claramente, uma ação isolada e que não correspondem as doutrinas operacionais da Corporação.
    A Assessoria já encaminhou o vídeo para o setor de inteligência do Comando Geral da PMPE, com o objetivo de identificar quais os policiais militares envolvidos na ação. Assim que identificados, os PMs responderão a uma sindicância, que irá apurar a participação de cada um e determinará as possíveis punições já previstas nos códigos disciplinares da Corporação”.





    1 babarie2-1341040
    Fonte: 123 e fotos de reprodução – facebook
    O corpo negro ensanguentado e o olhar assustado que você na foto é do menino Alailton Ferreira, de 17 anos, cercado por um grupo armado com pedras, barras de ferro e pedaços de madeira. Momentos depois, ele seria foi alvo de um espancamento coletivo. Desacordado, foi levado ao hospital, mas não resistiu e morreu na noite de terça-feira (8).
    Aos gritos de “mata logo” e de vários xingamentos, o espancamento aconteceu às margens da BR 101, na tarde do último domingo (6), no bairro de Vista da Serra II, cidade de Serra, há cerca de 30km da capital Vitória, no Espírito Santo. Só depois de duas horas de muita violência, a Polícia Militar chegou ao local, colocou o jovem na viatura e o levou até a Unidade de Pronto Atendimento. “Os policiais militares descreveram no boletim de ocorrência que foi necessário utilizar spray de pimenta para conter os populares” disse o delegado-chefe do DPJ, Ludogério Ralff.
    Acusação de Estupro
    O motivo do linchamento foi causado por acusações controversas. Alguns disseram que o jovem teria tentado estuprar uma mulher. Outros que ele seria suspeito de tentar roubar uma moto e abusar de uma criança de 10 anos. Tudo ocorreu no domingo (6), mas até esta quarta-feira, dia em que Alailton foi enterrado, não havia qualquer denúncia ou relato de testemunhas, segundo a Polícia Civil.
    O irmão contesta as acusações e diz que o adolescente sofria de problemas mentais: “Ele chamou a menina, ela se assustou e correu para chamar a família. Os familiares e vizinhos correram atrás dele. Por isso as pessoas falaram que ele era estuprador. Se ele quisesse roubar uma moto, teria feito no próprio bairro, mas ele nem sabe pilotar”. Segundo o tio do jovem, foi um ato de covardia. “Ele estava com uns problemas de saúde e ficava assustado com frequência”.
    O morador Uelder Santos, 29, em entrevista para um jornal também colocou as acusações sob suspeita: “Ninguém viu esse tal estupro ou mesmo noticias da suposta vítima”.

    “Peçam perdão a Deus pelo que fizeram”, diz a Mãe

     mae-adolescente
    Em entrevista a um jornal, a mãe de Alailton,  a doméstica Diva Suterio Ferreira, 46, disse que  o filho teria sido vítima de uma injustiça: “Ele já foi preso por furto, usava droga, mas não estuprou ninguém, jamais faria isso”. Cristã, disse que se apega a Deus para socorrê-la nesse momento difícil:     Meu filho era amado, sonhava em me dar uma casa. Dizia que queria um quarto para ele, um para mim e um para irmã.    Minha filha, de 11 anos, só chora, tem medo de sair à rua depois do que aconteceu.     Acredito na justiça divina. Peço que essas pessoas peçam perdão a Deus pelo que fizeram ao meu filho”.

     

    Violência endêmica e elemento racial (nada) subjetivo

    O escritório das Nações Unidas apresentou nesta quinta-feira (10) um levantamento sobre as taxas de homicídio em que conclui que as Américas são as regiões mais violentas do planeta. O Brasil está entre países mais violentos. Das 30 cidades mais violentas do planeta, 11 são brasileiras. Segundo a publicação, Maceió é a quinta cidade do mundo com mais homicídios por cada 100 mil habitantes. A cidade de Vitória do Espírito Santo, vizinha ao local onde Alailton foi assassinado por populares, é a 14ª da lista mundial.
    Não gosto de suposições, por isso fico nas perguntas: qual seria o resultado de uma amostragem com o recorte racial das vítimas desses homicídios em toda América? Teríamos uma proporção parecida com a média brasileira, que aponta 70% de vítimas negras?
    Não sei se Alailton estuprou alguém. Era mulher feita ou uma criança de 10 anos? Ambos os crimes são gravíssimos. Mesmo que tenha sido uma “apenas” uma tentativa ou ainda que o jovem tivesse problemas mentais, sem dúvida caberia alguma punição. E a Lei prevê. Mas jamais um linchamento. Jamais!
    E pior: nada leva a crer que houve de fato o crime. Aliás, ao que parece (não sou investigador, nem gostaria), ele teria sim sido “vítima de uma injustiça”, como disse a mãe doméstica.
    O fato de ser um menino negro teria sido um elemento potencializador do ódio coletivo e da precipitação de um julgamento instantâneo – acusação, julgamento, condenação e execução: Foi ele! Pega ele! Só pode ter sido ele!?
    E se fosse um menino branco, a história teria tais requintes de crueldade e terminaria no cemitério?

    A bala não é de festim, aqui não tem dublê!

    O assassinato covarde do menino negro Alailton Ferreira me fez lembrar dois filmes norte-americanos muito famosos. O primeiro é o clássico “O sol é para todos”, de 1962, que conta a história de Tom Robinson (Brock Peters), um jovem negro que fora acusado de estuprar Mayella Violet Ewell (Collin Wilcox Paxton), uma jovem branca. Atticus Finch, um advogado extremamente íntegro, interpretado por Gregory Peck – que viria ganhar o Oscar de melhor ator com esse trabalho, concordou em defendê-lo e, apesar de boa parte da cidade ser contra sua posição, ele decidiu ir adiante e fazer de tudo para absolver o réu. Nos Estados Unidos como aqui, sempre fora comum acusações de estupros e outros crimes recaírem sobre negros, sem que haja grandes contestações.
    O outro filme, esse mais recente (1996), faz ainda mais sentido com o momento que vivemos, inclusive no nome:“Tempo de Matar”, que se passa em Canton no Mississipi, onde Carl Lee (Samuel L. Jackson), um negro que, ao matar dois brancos que espancaram e estupraram sua filha de 10 anos é preso, e um advogado branco Jake Brigance (Matthew McConaughey ) e Ellen (Sandra Bullock) uma obstinada estudante de Direito, ambos se voltam contra o preconceito e o racismo existente na comunidade daquela cidade para defender o acusado.
    Já no fim da trama, quando tudo parecia perdido, afinal a cidade queria a condenação do acusado, no Tribunal Jake solicita a todos os presentes que fechem os olhos e ouçam a ele e a si mesmos, então ele começa a contar a história de uma garotinha que volta do armazém, e de repente surge uma “pick-up” de onde saltam dois homens e a agarram, eles a arrastam para uma clareira e, depois de amarrá-la, arrancam-lhe as roupas do corpo e montam nela, primeiro um, depois o outro, eles a estupram tirando toda a sua inocência com brutais arremetidas. Depois de acabarem, e de ter matado qualquer chance daquele pequeno útero ter filhos, os dois rapazes começaram então a usar a garotinha como alvo, acertando-a com latas cheias de cerveja, cortando sua carne até o osso. Não satisfeitos, eles ainda urinaram sobre ela, e com uma corda fazem um laço e a enrolamo no seu pescoço e num puxão repentino a suspende no ar, esperneando e sem encontrar o chão até o galho quebrar e, milagrosamente cair no chão. Nesse momento, eles a colocaram na “pick-up” e, ao chegar em uma ponte, jogam-na de cima da mureta, de onde ela cai de uma altura de 10 metros até o fundo de um córrego. Jake então pára a história e pergunta aos presentes se conseguem vê-la, se conseguem imaginar o corpo daquela garotinha estuprado, espancado, massacrado, molhado da urina, do sêmen deles e do próprio sangue, e depois abandonado para morrer…
    E novamente repete para que todos façam uma imagem dessa garotinha, aguarda um instante e pergunta: “Agora imaginem que essa garotinha é branca”!
    Carl Lee é inocentado pelo júri.
    Ora, “impoluto escrevente”, me perguntaria um dos meus algozes sempre presentes nos comentários deste Blog: “Mas não está a criticar a ideia da justiça pelas próprias mãos? Contraditório o exemplo deste filme, não?”.
    E eu responderia:
    Sim e não.
    Sim. E essa é a parte que não gosto no filme. Ele justifica a ideia de que, em alguns casos, pode-se aceitar a justiça feita pelas próprias mãos. E não podemos tolerá-la em hipótese alguma. Menos ainda quando o pressuposto é inexistente – como parece ser neste caso do Espírito Santo.
    E não.
    Não por que faz todo o sentido imaginar que, diante da violência sistemática, continuada e explícita contra a população negra, não seria absurdo imaginar que em algum momento pode haver reações, bastando para isso que aflore a percepção – por parte da população negra, de que vivemos sim um estado de desigualdades e de violência racial.
    Mas se dirá: Loucura! Radicalismo deste blogueiro afro-lunático racialista! E diante da fúria democrata-gilberto-freyreana presente inclusive na parte bolchevique do mapa, diria por fim:
    Sempre caberá o terrível e necessário pedido de reflexão feito pelo advogado branco, Jake Brigance (Matthew McConaughey ), em Tempo de Matar:
    “Agora imaginem que essa garotinha é branca”!
    Imagine que Alailton é branco!
    Imagine que Cláudia é branca!
    Imagine que Amarildo é branco!
    Imagine que Douglas é branco!
    Imagine que José Carlos, é branco.
    Imagine que o menino torturado e amarrado nú em um poste na zona sul do Rio de Jaineiro é branco.
    Imagine que, quem a polícia mata 3 vezes mais que negros, são os brancos.
    Imagine um mundo onde as pessoas pudessem viver em paz.
    Consegue?
    imagemespancamento



    Aline Leal - Repórter da Agência Brasil
    assassinato-brasil
    Mais de 10% de todos os homicídios ocorridos no mundo, em 2012, foram registrados no Brasil, de acordo com o Relatório Global sobre Homicídios 2013, feito pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) sobre dados do ano anterior. De acordo com o relatório, houve 437 mil assassinatos no mundo, em 2012, dos quais 50.108 no Brasil.
    De acordo com a Unodc, há um cenário de estabilidade no número de homicídios no país, que ao lado do México, da Nigéria e do Congo está no segundo grupo de países com maior número de assassinatos do mundo, com índice de 25 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. No primeiro grupo, onde figuram Colômbia, Venezuela, Guatemala e África do Sul, a situação de violência ainda é pior. Neles, o índice de assassinatos passa de 30 por 100 mil habitantes.
    Enquanto nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo o índice de homicídios caiu, respectivamente, 29% e 11%, na Paraíba a taxa cresceu 150%, e na Bahia houve aumento de 75%. Segundo o estudo, Pernambuco, com redução de 38%, foi o único estado do Nordeste com queda no número de assassinatos.
    No Brasil, 90% das vítimas de homicídios são homens. O abuso de álcool e outras drogas, e a disponibilidade de armas de fogo, são apontadas no estudo como determinantes para que aconteçam os assassinatos.
    O relatório também destaca que o continente americano apresenta uma importante disparidade entre o total de homicídios cometidos e a condenação dos responsáveis, já que apenas 24% dos crimes são solucionados.
    O levantamento ressaltou ainda as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) como uma iniciativa determinante para a redução dos índices de homicídio em quase 80%, no Rio de Janeiro, entre 2008 e 2012.
    por Flávio Leandro
    lucas
    Meus Amigos e Minhas Amigas.
    A violência roubou-nos um jovem líder negro que sem a ganância por orçamentos, sem sedução por emprego público; sem panfletagem; sem discursos retrógrados, planfetários e vazios; sem religiosidade; sem atrelamento a partido político; sem participar de movimento algum; sem puxa-saquismo de políticos; sem projetos pessoais e sem faturar com a venda da raça mobilizou uma legião de jovens na luta pela busca de espaços públicos para lazer, diversão, cultura e arte.
    Lucas Oliveira Silva de Lima, 18, o Rei do Rolezinho, foi assassinado por motivo torpe.
    O “Cocão, menino do morro”, como se denominava, tinha 57.480 seguidores no Facebook, a maioria garotas. Era um ídolo. Orgulhoso, assumia suas origens: negro, estudante, morador de uma favela em Itaquera, Zona Leste de São Paulo.
    Em janeiro, passado, Lucas tornou-se celebridade, depois de organizar um rolezinho no Shopping Itaquera, vizinho de sua casa, na favela da Vila Campanela. Três mil adolescentes participaram, cantando as letras desafiadoras do funk. A polícia interveio com bombas de gás.
    O pai, pedreiro, levava o moleque para trabalhar com ele. Mas Lucas também tirava uns trocados atuando como estoquista. Adepto da estética do funk ostentação, o dinheiro ganho comprava roupas de grife. Bermudas, só as da Oakley. O imenso relógio dourado no pulso era da marca Invicta. Nos pés, tênis Adidas. As camisas preferidas eram de tipo pólo, da Ralph Lauren.
    “Se os jovens brancos podem porque eu não posso se compro tudo com o meu suor”? – Dizia ele.
    A morte do jovem Lucas deixa um imenso vazio nas lutas sociais pelos direitos de igualdade.
    Eu tenho dito e escrito – e recebido inúmeras críticas e ameaças por isso – que a verdadeira revolução social pela busca da igualdade racial surgirá de ações da juventude negra. Isso porque, são jovens sem nenhum comprometimento com governos e nem com nenhum partido político.
    São jovens que não buscam a imoralidade de barganhar a causa negra com projetos pessoais. Querem apenas igualdade e ser felizes.
    Apartir de agora, Lélia Gonzales, Zózimo Bulbul, Solano Trindades e outros e outras grandes – e verdadeiras – lideranças negras terão a grata companhia do jovem Lucas. O Rei do Rolezinho.
    Abraços a todos.
    Compilado e adaptado do texto de Laura Capriglione publicado no Yahoo. 



    Fonte: Mamapress
    lucas
    Bruno Poletti/Folhapress
    Um dos organizadores de "rolezinhos" em Itaquera, na zona leste de São Paulo, Lucas Oliveira Silva de Lima, 18, morreu na madrugada deste sábado (5) durante uma briga em um baile funk.
    Amigos do jovem disseram que ele foi espancado durante um baile organizado no bairro Cidade Antônio Estevão de Carvalho, na zona leste de São Paulo. Lima teria sido agredido depois de paquerar uma garota que estava acompanhada por outro rapaz. "Parece que o rapaz deu uma voadora nele que caiu no chão e foi chutado pelos outros amigos (do suposto agressor)", disse o amigo de Lima, Fabio Oliveira, de 23 anos.
    Com mais de 56 mil seguidores, o perfil do jovem no Facebook ficou repleto de mensagens após sua morte. "Não consigo dormir, não consigo acreditar :(( amigooo saudades", postou uma menina. "O que eu mais vou lembrar dele, é do riso e da alegria" disse o estudante Will Oliveira dos Santos, de 17 anos, cuja foto do Facebook é uma foto de Lima escrito "Luto".
    De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, a causa da morte de Lima foi uma parada cardiorrespiratória. O jovem foi levado ao hospital Professor Alípio Correa Netto, onde teria chegado já morto.
    Ainda segundo a SSP, o pai de Lima disse que o adolescente saiu de casa na sexta-feira (4) dizendo que iria a uma festa e dormiria na casa do irmão. Um amigo de Lima, no entanto, disse que um conhecido viu o rapaz levar uma pancada na cabeça durante uma briga no sábado (5).
    Ao saber disso, o pai do jovem começou a procurar o filho e encontrou seu corpo no hospital em Ermelino Matarazzo. O corpo do jovem foi enterrado na manhã desta segunda-feira (7), no Cemitério Municipal de Itaquera.
    Confusão e multa
    No dia 11 de janeiro passado, um rolezinho organizado no shopping Metrô Itaquera reuniu cerca de 3.000 jovens, causando pânico entre clientes e comerciantes. Os jovens deixaram o shopping após a chegada da Polícia Militar, que usou bombas de gás e balas de borracha para dispersar os adolescentes.
    Lucas Oliveira Silva de Lima foi um dos dez jovens intimados pela Justiça por participação no "rolezinho". Mais tarde, o jovem declarou ter se afastado dos "rolezinhos" por medo de receber uma multa de R$ 10 mil caso fosse envolvido em novos tumultos no shopping. (Com Estadão Conteúdo)
    Fonte: UOL

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário