PM à paisana mata trabalhador do transporte coletivo em SP
Policial feriu um motorista e matou outro após arrastão a ônibus na zona leste, onde, mais cedo, Alckmin elogiou a "bravura" da PM
atualizado às 20h20
Um policial militar foi preso em flagrante na noite dessa sexta-feira depois de atirar em dois motoristas do transporte coletivo na zona leste de São Paulo. Um dos trabalhadores, de 29 anos, morreu. A arma usada pelo PM, que estava à paisana dentro do ônibus, foi uma pistola .40. A Secretaria de Segurança Pública do Estado não quis fornecer o nome do policial, que foi levado para o presídio militar Romão Gomes (zona norte de São Paulo), nem das vítimas – uma permanece internada em um hospital da região.
De acordo com as informações do boletim de ocorrência disponibilizadas pela SSP, quatro homens haviam praticado um arrastão no ônibus que fazia a linha Hospital Santa Marcelina/Cidade Tiradentes pela avenida Ragueb Chohfi, na periferia da zoa leste. Um deles estava armado, e, conforme o B.O., mandou que o motorista seguisse viagem enquanto os demais pegavam pertences das vítimas.
À polícia, o motorista contou que dois outros colegas, também motoristas e com 29 e 26 anos de idade, trabalhavam com ele na mesma empresa e estavam no veículo de carona. Ao verem que os bandidos não conseguiam abrir a porta traseira para fugir, foram para cima de um deles – já que os outros dois conseguiram sair pela frente, pulando a catraca de volta.
“Houve luta corporal, e um homem no fundo do ônibus se identificou como policial. Na confusão, o PM acabou atirando e acertou os dois motoristas”, informou o boletim. O policial foi preso na sequência, e a arma, encaminhada para perícia.
Os quatro assaltantes fugiram e, até a noite deste sábado, ainda não haviam sido presos.
PM confundiu motoristas com bandidos, diz mãe de ferido
Em entrevista à GloboNews, a mãe do motorista de 26 anos que sobreviveu – ele teve um pulmão perfurado e aguarda cirurgia no hospital Cidade Tiradentes – disse que o filho ligou para ela logo depois de ter sido ferido. Segundo a mulher, a partir do relato do jovem, o PM à paisana teria confundido os dois motoristas com os bandidos. “O policial à paisana disse para eles ‘Vocês são bandidos’. Meu filho não é bandido”, disse a mãe do motorista. “Do jeito que ele atirou, podia ter matado qualquer um dentro do ônibus”, criticou.
Na nota encaminhada à reportagem, a SSP informou que o PM preso foi indiciado por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) e lesão corporal culposa. “Todas as circunstâncias em que se deram os fatos estão sendo apuradas”, encerrou a nota.
O caso é investigado pelo 49º Distrito Policial (São Mateus).
Horas antes, na ZL, Alckmin elogiava "bravura" da PM
O caso aconteceu no mesmo dia e na mesma região da cidade na qual, mais cedo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes,anunciaram pela manhã “queda recorde” nos homicídios dolosos (ou seja, intencionais) no Estado, na Grande São Paulo e na capital.
Na ocasião, Alckmin fez questão de elogiar a conduta da PM no combate à criminalidade: o governador destacou a “bravura da nossa polícia” e citou, como exemplo, o caso de um policial da Rota (tropa de elite da PM) que, também à paisana em um ônibus, na última quarta-feira, matou uma assaltante e feriu outro após a dupla praticar um arrastão em um veículo da Viação Cometa, na Rodovia Castello Branco. O tucano citou também o caso de o “caso importante do policial que salvou uma sequestrada, um trabalho de extrema bravura”.
Terra
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