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quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Mãe espera condenação de PMs após morte de seu Filho.
Mãe espera condenação de PM por morte do filho
Policial acusado de atirar em jovem pelas costas, em Manguinhos, já responde por triplo homicídio e duas tentativas de homicídio na Baixada Fluminense
DIEGO VALDEVINO
Rio - Quando sentar hoje no banco dos réus, na primeira audiência de instrução e julgamento pela morte não intencional de Johnatha de Oliveira Lima — morto aos 19 anos, com um tiro nas costas, em 14 de maio do ano passado, em Manguinhos —, o policial militar Alessandro Marcelino de Souza, da UPP local, não estará cumprindo um ritual inédito perante a Justiça. Ele é réu em outro processo de triplo homicídio por motivo fútil e duas tentativas de homicídio.
Segundo as investigações da 55ª DP (Queimados), Alessandro cometeu o crime enquanto estava de folga,em março de 2013, em Queimados, na Baixada Fluminense. Ele e outro PM chegaram a ser presos. De acordo com o inquérito, junto com moradores da região, eles abordaram cinco jovens, na comunidade Vila Comarim, e, num terreno baldio, executaram três. Os dois outros rapazesconseguiram fugir e reconheceram os PMs. Segundo o delegado Daniel Mayr, os jovens eram acusados de participar de furtos na localidade. O outro PM foi absolvido pelo Tribunal do Júri em novembro de 2014 —a defesa reuniu provas de que ele era ameaçado pelas vítimas em redes sociais.
A mãe de Johnatha, a pedagoga Ana Paula Gomes de Oliveira, 38, espera que Alessandro seja condenado. “Vi meu filho saindo de casa sorrindo e depois fui vê-lo dentro de um caixão. Depois de tanta dor, é hora de se fazer justiça”, desabafou. Segundo ela, Johnatha tinha ido levar a namorada em casa e depois, ao entregar um pavê para sua avó, foi atingido durante uma confusão entre policiais e moradores. “Os PMs de UPPs estão despreparados e atiram de qualquer jeito. São irresponsáveis”, lamentou Ana Paula.
Mesmo indiciado e denunciado por homicídio culposo (sem intenção de matar) pelo Ministério Público, o PM não foi afastado das funções. Em nota, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) reconheceu que Alessandro continua atuando na UPP Manguinhos, na área administrativa, enquanto durar o julgamento. A mesma CPP, na ocasião da morte de Johnatha, enviou nota oficial com a versão dos PMs de que entraram em conflito com os moradores. De acordo com a coordenadoria, na ocasião, Jhonatha foi autor de disparos de arma de fogo contra a sede da UPP. A CPP não soube informar, na sexta-feira, se o policial é investigado pela Corregedoria Interna da PM nos dois casos.
Moradores de Manguinhos e familiares de vítimas de violência policial na região prometem fazer um ato hoje, em frente ao Tribunal de Justiça. Semana passada, o Fórum de Juventudes do Rio promoveu um tuitaço para divulgar a audiência. “Serão ouvidas testemunhas e esperamos que a decisão saia neste dia. O tuitaço é para não deixar que o caso caia no esquecimento. Queremos denunciar a violência contra moradores de Manguinhos e outras comunidades”, comentou Fransérgio Goulart, colaborador do fórum.
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