Lotado em Delegacia de Homicídios de Niterói, ele teria desviado 3 fuzis da polícia e alega ter sido roubado
RIO - O roubo de três fuzis que estavam dentro de um carro da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo levou investigadores da própria unidade, junto de promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), a uma quadrilha, supostamente chefiada por um policial civil, que vendia armas desviadas a traficantes. O inspetor Jackson Bispo dos Santos Júnior, lotado na própria Delegacia de Homicídios, foi preso na segunda-feira pelo delegado da especializada, Alan Luxardo. Ele foi acusado de peculato, cuja pena é de dois a 12 anos de prisão.
O bando supostamente chefiado pelo policial era formado por mais seis pessoas, entre elas um bombeiro e dois agentes da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Todos estão foragidos.
Segundo a denúncia do Gaeco e da 27 Promotoria de Justiça de Investigação Penal (PIP), no dia 3 de abril de 2010, por volta das 22h30min, Jackson simulou que as armas foram roubadas da Blazer da delegacia, que estava estacionada num posto de Polícia Técnica de Campo Grande. Ele estava com outros dois policiais, que não foram identificados. Sumiram dois fuzis da marca Imbel, calibre 7.62, de números de série 267208 e 27695; e outro fuzil da marca Reising, calibre .45, série 111084, além de carregadores. Todo material pertencia à Polícia Civil.
Em seu depoimento, Jackson alegou que resolveu deixar o carro com as armas no posto porque chovia muito e ele não queria danificar o carro da polícia. Ele afirmou que pretendia pegar o veículo na semana seguinte. Diante do sumiço das armas, a polícia iniciou a investigação do caso. Também chamava atenção o fato de o carro da polícia não ter sinais de arrombamento.
Segundo a denúncia, Jackson ligou para o agente penitenciário William Silva da Silva para avisá-lo onde havia deixado o carro da polícia. Para os promotores, o local foi escolhido para facilitar o desvio dos bens públicos: um posto da Polícia Técnica, sem vigilância e à noite. Além de William, são acusados de participar do crime o também agente da Seap Wellington de Paula Santos Rodrigues e o bombeiro Luiz Henrique Dias de Mello.
Entre os dias 6 e 9 de abril de 2010 — antes da ocupação do Complexo do Alemão e da Penha —, a quadrilha, integrada ainda por Fábio Marques dos Santos, vendeu os dois fuzis da Imbel e os carregadores para José Damasceno Ferreira, no Morro do Adeus. No dia 11 de abril, foi a vez de comercializarem o fuzil Reising de uso restrito a Marcelo de Oliveira dos Santos, de acordo com a denúncia do MP.
Foi graças à análise das contas reversas das linhas telefônicas utilizadas pelos membros do bando, com autorização judicial, que os investigadores desbarataram a quadrilha. Todos os acusados tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz da 43 Vara Criminal.
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Policial é preso, acusado de vender armas a bandidos - Jornal O Globo
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