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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

PF PEDE MAIS PRAZO PARA CONCLUIR 6º MANDAMENTO

Operação completa um mês hoje. Panfleto eletrônico põe PM contra imprensa

 
Reportagem: Patrícia Drummond e Macloys Aquino
Ao completar um mês da Operação Sexto Mandamento, a Polícia Federal pediu prorrogação de prazo para concluir o inquérito que investiga suposto grupo de extermínio integrado por policiais militares de Goiás. Na operação foram presos 19 PMs em 15 de fevereiro passado, acusados de executarem pelo menos 50 pessoas nos últimos 10 anos, inclusive mulheres, crianças e jovens sem ligação com o crime.
O argumento da PF para pedir a prorrogação seria a complexidade da apuração. Como a investigação corre em sigilo, a PF não informou o prazo requerido para concluir a apuração, nem a Justiça informa se houve deferimento.
Enquanto isso, os policiais devem permanecer detidos preventivamente no presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS) até o julgamento. O ex-superintendente da Polícia Federal, delegado Carlos Antônio da Silva, disse à época das prisões que possui provas técnicas sólidas contra 17 militares. Dos 19 acusados, o sargento André Ribeiro Nunes e o capitão Durvalino Câmara Santos Júnior estão liberados pois estavam presos temporariamente. As prisões da operação ocorreram em Goiânia, Acreúna, Flores de Goiás e Formosa.
Um folheto digital está circulando pela internet nas redes sociais, sem assinatura, com a inscrição principal “PM de Goiás – o inimigo agora é a imprensa”.
Outros dizeres do flyer, escritos logo acima: “A quem interessa esses policiais presos, ainda não sabemos. Mas o crime organizado agradece”. E é incluída, ainda, a logomarca do jornal O POPULAR, seguida de um X (de versus) em vermelho, e das logomarcas da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) e da Rotam.
Coordenador da Assessoria de Comunicação Social da PM-GO, o coronel Divino Antônio Alves de Oliveira considerou o material “uma baixaria” e argumentou que o folheto não representa o pensamento da corporação. “É material apócrifo, não expressa absolutamente nada”, afirmou, lembrando que o relacionamento da PM-GO com a imprensa e com O POPULAR “é o mais respeitoso possível, de forma recíproca”.
“Trata-se de uma imbecilidade total”, acrescentou coronel Alves, referindo-se ao flyer que circula na internet. “A pessoa que produziu esse material é tão imbecil que nem se identifica. É um absurdo imaginar que isso reflete o pensamento da PM”.
Também têm sido enviadas, por e-mail, a vários destinatários, mensagens do tenente-coronel Wellington Urzêda, chefe da Segurança da Assembléia Legislativa de Goiás. Ele tem comentado os últimos episódios envolvendo a Operação Sexto Mandamento.
“Não entrei na Corporação em 10/03/1986 para ser comparado a bandido. Minha instituição agrega os ‘mocinhos’. Se há desvios de conduta apurem, sem, contudo, colocar todos num lugar comum. Estou cansado de ouvir que a maioria é boa. Quem é ruim? Revelem só quem é ruim, esqueçam os outros”, diz um trecho de uma das mensagens, datada de 7 de março.
Sobre tais mensagens, o coronel Divino Antônio Alves de Oliveira, coordenador da Assessoria de Comunicação Social da PM-GO, limita-se a comentar: “São manifestações individuais”. Argumentação semelhante tem o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Jardel Sebba. “Tratam-se de opiniões pessoais. E, se os e-mails utilizados para o envio dessas mensagens são pessoais, tudo bem”.
NA HISTÓRIA
Rotam armada na Assembleia
No dia 25 setembro de 2007, a presença de policiais das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) armados em cadeiras laterais do plenário da Assembléia Legislativa de Goiás, durante a sessão ordinária do dia 25, causou polêmica e constrangimento entre os parlamentares. À época, o comandante da tropa de elite da Polícia Militar, era o então major Wellington Urzêda.
Segundo disse Urzêda – e publicado pelo POPULAR em 26 de setembro de 2007 -, a presença dos policiais na sede do Legislativo “foi voluntária” e motivada por pronunciamento do então líder do PT na Casa, deputado estadual Mauro Rubem. “Viemos aqui porque queríamos saber de fato o que aconteceu. Queríamos saber se o deputado (Mauro Rubem) acha mesmo que somos todos bandidos de farda”, argumentou.(P.D.)
Investigações relatadas em três inquéritos
As investigações da Polícia Federal (PF) relacionadas à Operação Sexto Mandamento são relatadas em três inquéritos com dezenas de transcrições de escutas telefônicas e quase 130 páginas cada. Os trabalhos, dirigidos por três delegados da Coordenação Geral de Defesa Institucional (CGDI) da PF, tentam provar que o grupo estendeu as atividades para além das execuções sumárias. Os policiais foram indiciados por homicídio qualificado em atividades típicas de extermínio, formação de quadrilha, tortura qualificada, tráfico de influência, falso testemunho, prevaricação, fraude processual, ocultação de cadáver, posse ilegal de arma de fogo de calibre restrito e ameaça a autoridades públicas, jornalistas e testemunhas. A operação mobilizou 131 policiais federais, além de 12 oficiais da PM de Goiás.
Fonte: Jornal O Popular



    

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