Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Atraso político e repressão policial em Governador Valadares, um relato

Por Márcio Ribeiro da Silva
Atraso político e repressão policial em Governador Valadares
 Governador Valadares, uma princesa no vale do atraso
Há muito tempo tenho pensado sobre a história e o desenvolvimento, econômico e cultural de Valadares. Um acontecimento de fevereiro de 2012 me serviu de mote para toda uma reflexão acerca de como uma cidade que tinha tudo para dar certo, é hoje um exemplo irretocável de atraso, na acepção da palavra.
Num domingo, 5 de fevereiro de 2012, policiais foram acusados de um crime brutal, que vitimou 6 jovens. Dois morreram. Menores. Se olharmos a história da cidade fica clara a inclinação repressora, autoritária e conservadora de sua elite, influenciada desde os primórdios pela instalação da Divisão Militar do Rio Doce, em 1808,  uma das 6 do estado  para conter os índios botocudos, naturais donos da terra.
Mais recentemente, na era da exploração de madeira e mica na região, a pistolagem ganha destaque sob o lema "É mais fácil comprar terras de uma viúva apavorada do que dos legítimos proprietários". Cá com meus botões reafirmo minha convicção favorável à REFORMA agrária, visto que o latifúndio no Brasil foi comprado à bala. Mas isso é outra história.
Nesse momento da história da cidade e região, vem à tona a figura repressora e mitificada de Pedro Ferreira, o Capitão Pedro. Típico militar truculento que resolvia quase tudo no bico do revólver e, por força de uma sociedade conservadora e atrasada, é considerado ainda hoje um exemplo a ser seguido no meio militar. Junto com o Coronel Altino Machado, caçava comunistas e levava a cabo com maestria o PAPEL de capitão do mato do estado.  Essa escola, portanto, é antiga.
Um pouquinho mais adiante, década de 80, surge outro "herói" para nossa Princesa do Vale: Paulo Orlando de Matos, o Paulinho Maloca. Justiceiro à moda "Stalone Cobra", dizimou com alguns comparsas a não menos famosa turma do WW, marginais pobres que movimentavam o tráfico de drogas na cidade. Publicou um auto-elogio: "Detetive Paulo Maloca, só os fortes sobrevivem". O livro (sic) foi praticamente comemorado pela sociedade valadarense.
Na época de Maloca a  cidade vivia seu auge imigratório para os Estados Unidos, expulsando seus jovens pela falta de oportunidade, resultado da omissão da classe política dominante no que tange à atração de investimentos. Até hoje a cidade ainda sobrevive às custas desses imigrantes que alimentam o comércio, num círculo vicioso perverso onde empresários historicamente ligados à elite política pagam baixos salários, gerando insatisfação que gera imigração, quase sempre ilegal.
A vizinha Ipatinga "nadava de braçada" e hoje em dia vemos a situação de uma e de outra. Valadares, politicamente, sempre esteve à sombra do conservadorismo, tendo PAPELpolítico relevante, ora vejam só, no golpe de 64. Como uma das mais importantes cidades do Estado à época, foi peça chave, assim como Juiz de Fora, no apoio à irracionalidade de Magalhães Pinto.
Valadares galgou sua história trilhando o caminho mais fácil, o da bajulação às elites, da servidão. Militares e fazendeiros ora dizimando posseiros, dispersando REFORMASnecessárias como a agrária, ora policiais executando pequenos marginais, em tribunais decididos à boca pequena, nas milícias.
Colocando uma lupa no assunto, vemos em Valadares uma síntese fidedigna do que é o Brasil: parece grande, desenvolvida, democrática, mas não passa de um rincão medíocre influenciado por uma elite odiosa. Ornando a peça, uma imprensa tendenciosa, na pele do Diário do Rio Doce, e seu editor-chefe Antor Santana. Um conservador com pedigree, bajulador dos anos de chumbo. É tão parcial e provinciano que até o Clube Atlético Mineiro é preterido em suas páginas. Seus colunistas destilam o mais comezinho ódio de classes, enaltecendo sempre que podem, e mesmo sem cenário para tal, a agenda conservadora.
Mas a cereja do bolo são os programas policialescos rasteiros. Valadares nos brinda Ricardo Assunção e afins. Apresentava (ou apresenta) o Balanço Geral, programa feito sob medida para os reacionários de plantão. Sob a égide de uma moral oportunista e apodrecida, esses pseudo-jornalistas, em escandalosa parceria com agentes policiais, disseminam intolerância numa população desprovida de informação e educação adequadas.
Apelam a todo momento aos mais vis e primitivos sentimentos humanos, incentivando o ódio e o linchamento, sempre contra pessoas menos favorecidas. Se travestem de um bom mocismo que no fundo almeja a barbárie e a vingança, como única forma de resolver as mazelas da sociedade. A lambeção de botas é de fazer corar  Carlos Lacerda.
Como não podia deixar de ser em uma cidade de COSTUMES políticos retrógrados, a exemplo de Paulo Maloca  noutra época, Ricardo Assunção também "logrou êxito" na carreira política. É vereador da cidade. 
Dito isso e voltando à tragédia que motivou meu comentário, é salutar reafirmar que vivenciamos em nossa cidade, assim como no Brasil, um clima de instauração de um estado policial. Dois militares, Kevem Messias Costa e Silas Soares Pereira, e um civil, Wesley Pereira fuzilaram o CARRO das vítimas com 20 tiros, matando dois menores.
Foram absolvidos. Por motivo de força maior não pude acompanhar os julgamentos à  época, mas agora busquei pelo caso e a não-surpresa: absolvição. E o mais chocante é  que Kevem foi levado a júri popular, ou seja, pessoas comuns absolveram o militar.
Vejamos: valadarenses elegeram anos atrás Paulo Maloca, agora elegeram Ricardo Assunção. Absolveram militares de um crime bárbaro e então pergunto: que tipo de sociedade os velhos grupos políticos de Valadares criaram?
Esse crime que vitimou  Otavio Garcia de Oliveira e Wesley Oliveira dos Santos, assim como outros, como o do homem espancado e morto no hospital municipal por militares em 2009, deixa CLARO a política do porrete exercida pela polícia de minas, tida pelos conservadores como uma das melhores do país, justamente pelo motivo errado: a truculência. E não apenas a truculência que mata, pois essa é mais suscetível a críticas de pessoas sérias e preocupadas com os direitos humanos. Existe a truculência habitual, rotineira, que passa incólume ao crivo seletivo de uma imprensa vendida.
Um sobrinho meu foi covardemente  agredido por militares numa abordagem, minha mãe foi humilhada numa delegacia. Eu já fui psicologicamente agredido numa abordagem policial, onde o militar dizia: "qualquer movimento seu e você vai ver o que acontece", mostrando sua arma. É um constante clima de guerra, o terror como viga mestra. Sempre a dicotomia do bem e do mal , o maniqueísmo dos bons contra os maus, onde sempre os bons são a policia, a corporação e os maus são supostos marginais, sempre das classes mais baixas, em grande maioria negros.  
Kevem, Silas e Wesley, repetiram hoje uma prática comum no estado brasileiro: a pistolagem, a morte como sentença redentora. Encarnam os assassinos de Chico Mendes, a tragédia de Eldorado dos Carajás, Candelária, Vladimir Herzog e tantos outros, milhares de casos Brasil afora.
Esse Brasil causa medo. Num  país onde a democracia ainda é tão frágil, uma polícia tão despreparada se torna alvo fácil da agenda conservadora. O problema é que os militares, ao encarnarem o capitão Nascimento, querem ser mais realistas que o rei, e agem por convicção. Se auto-proclamam redentores da lei e da ordem e com isso perpetuam os crimes de um estado viciado no autoritarismo, sobretudo contra pobres.
Corroborando com essa imagem, um dos PMs do caso citado, em sua página pessoal do 

facebook
, usa sempre a frase: "se você quer paz, se prepare para guerra", empunhando um fuzil.
Esse Brasil, em especial essa Valadares, que seguramente está muito mais atrasada que o restante do país em termos de desenvolvimento, é que me causa vergonha. Não é a copa, ou o governo que me causa constrangimento. O que me espanta é um país que ainda absolve militares de um crime tão bárbaro, mesmo com todas as evidências. E  pessoas , que no facebook parecem tão conscientes e politizadas, simplesmente não se revoltam com esse absurdo.  Gritam por educação, mas querem menores na cadeia. Caminham rumo a barbárie como bois ao matadouro, sem saber que apoiando açõees brutais da PM estão autorizando inconscientemente o aparecimento de grupos de extermínio.
Esse caso dos meninos mortos merecia revolta consciente e política nas redes sociais. Essa absolvição  e tantas outras são um acinte à democracia. Infelizmente, esses policiais não estão sozinhos.
A ONU já mencionou inclusive a extinção da policia militar no Brasil. A desmilitarização das policias é outro tema muito debatido, haja vista as arbitrariedades cometidas pelo Estado na pele de seus militares. 
Eu, que sou um informal, porém ferrenho defensor dos direitos humanos, luto pela conscientização de que a polícia exista para ajudar, proteger. A polícia representa o aparelho repressivo do Estado que tem sua atuação pautada no uso da violência legítima. É essa a característica principal que distingue o policial do marginal.
Mas essa violência  legítima está ancorada no modelo de “ordem sob a lei”, ou seja, a polícia tem a função de manter a ordem, prevenindo e reprimindo crimes, mas tem que atuar sob a lei, dentro dos padrões de respeito aos direitos fundamentais do cidadão - como direito a vida e a integridade física.
Mas na prática todos sabem como acontece. Meus tardios porém sinceros sentimentos à família das vítimas. Infelizmente são agora números frios que engrossam as estatísticas da polícia que mais mata no mundo. E sobre a questão que vi em alguns comentários na internet, da possibilidade de as vítimas terem  algum envolvimento com drogas, apelo ao código penal que, graças a Deus, não autoriza a pena de morte, muito embora essa seja empregada em larga escala por esses "tribunais de exceção". Para crimes, se existirem, há leis. Para injustiças, há direitos humanos. É nisso que acredito!
Marcio Ribeiro da Silva
fontes: REVISTA brasileira de historia (Maria Eliza Linhares Borges, prof.UFMG); A saga dos irmaos leite- historia da policia operacional investigativa; Diario do Rio Doce.




PAULO MALOCA

MINEIROS TRAFICAM DIAMANTES DOS CINTAS LARGAS
26 de Junho de 2007
A Polícia Federal já sabe de muita coisa sobre o tráfico de diamantes da Terra Indígena Roosevelt.

Essa matéria vinda de O Estado de Minas traz uns detalhes interessantes sobre o tráfico desses diamantes e sobre a prisão de uma mulher que estava com pedrinhas em todas suas partes.

O delegado da PF Mário Sposito, que está na região há pelo menos quatro anos, é que dá os detalhes e sabe de muita coisa.

MINEIRO LIDERA CONTRABANDO

PF aponta empresário de Governador Valadares como um dos maiores atravessadores da venda de pedras de reserva indígena

Maria Clara Prates e Daniel Antunes

O empresário Heleno Cipriano, de 45 anos, morador de Governador Valadares, na Região Leste, é apontado hoje pela Polícia Federal como um dos maiores intermediários da venda ilegal de diamantes, extraídos ilicitamente da Reserva Roosevelt, dos índios Cinta Larga, em Rondônia. De acordo com o delegado Mauro Spósito, coordenador de Operações Especiais de Fronteira (Coesf), ele é um dos cinco atravessadores da gema que ainda atuam naquele território indígena, mantendo viva a rentável atividade. Nos ultimos três anos, os policiais federais identificaram vários mineiros que fazem a intermediação entre os índios e os grandes exportadores da pedra, devido à enorme facilidade de dar fachada legal em Minas Gerais, considerado o maior pólo minerador do país. Na semana passada, foi presa em flagrante a patrulheira rodoviária federal de Betim, Carla Beatriz Maia, com 118 diamantes retirados da reserva.

De acordo com o Spósito, Cipriano é um franco atirador. Não tem vínculo com os grandes e mais tradicionais exportadores de Minas, como o angolano Hassan Amad, da Primeira Gema, em Belo Horizonte, e os irmãos Gilmar e Geraldo Campos, conhecidos como os Reis do Diamante e donos da empresa Giadiamonds, em Patos de Minas. Segundo o delegado, ele segue a cartilha: leva quem paga mais.

Apesar disso, investigações da Polícia Federal, desde agosto de 2005, revelaram que Heleno Cipriano tem ligações comerciais com doleiros de Governador Valadares, identificados durante o escândalo do Banestado. Um deles é Ulisses Alves de Oliveira, dono da Piatã Turismo Ltda, naquela cidade. Segundo a PF, para dar fachada legal ao dinheiro movimentado nas operações de câmbio, o grupo compra diamantes, que servem também para acobertar a corrupção, o contrabando e outros crimes.

Interceptações telefônicas da PF, durante a investigações, flagraram doleiros de Valadares negociando pedras e recebendo instruções sobre como ocultar a origem ilícita das gemas. Na conversa, eles demonstram ainda preocupação com o local de extração de algumas pedras e citam, especificamente, as de Rondônia. Uma das conversas interceptadas pelos federais é do policial civil aposentado Paulo Orlando de Matos, o Paulo Maloca, outro elo comercial de Heleno Cipriano em Governador Valadares. Paulo, há dois anos, oferecia ao doleiro Walber João Mansur um diamante azul por US$ 7 milhões e esclarecia: "É daqui de Minas mesmo a mercadoria. Você está entendendo? Porque o pessoal estava com aquela incidência de pedra lá de Rondônia. Essa é daqui. De perto de Diamantina. Ela saiu de Três Marias".

QUADRILHA 

O primeiro indício da atuação do valadarense na reserva indígena veio com a investida da Polícia Federal durante a Operação Roosevelt, em setembro de 2004, que resultou no indiciamento de 38 pessoas por garimpo ilegal. Heleno Cipriano foi acusado de formação de quadrilha, depois de ser identificado como o fornecedor de combustível para os equipamentos de extração dos diamantes. A iniciativa dos federais, no entanto, explica o delegado Mauro Spósito, não assustou o empresário. Pelo contrário, ele mantém suas viagens quinzenais à região e está fincando raízes.

Comprou até um pequeno sítio na região. Para ganhar a confiança dos índios, Cipriano diz ter trânsito livre entre os federais.

De acordo com a PF, o garimpo nas terras dos Cinta Larga exige o uso de equipamentos sofisticados devido à intensa exploração que sofreu e, por isso, apenas os pequenos garimpeiros ainda se arriscam na região, com o uso da velha bateia. Isso fez com que surgisse também a figura do recolhedor, o intermediário que compra pequenas quantidades, a "preço de banana", até formar um lote significativo para ser negociado no mercado internacional. Este era o papel da patrulheira rodoviária Carla Beatriz, que está presa em Pimenta Bueno. Com ela estavam 118 pedras, escondidas em roupas, no cabelo e até mesmo num absorvente íntimo. Outras 40 foram engolidas e estão sendo expelidas.

Depois de se apaixonar por um garimpeiro, o Paraíba, durante uma viagem de trabalho ao estado, Carla Beatriz conheceu detalhes do mercado e recebeu facilidades para atuar. A Polícia Federal informa que ela pediu licença médica do trabalho e se mudou para Rondônia. Também vendia para quem lhe oferecesse mais dinheiro. Quando foi presa, ela estava acompanhada de outro mineiro, André Luiz Oliveira Gusmão. Ele se mudou para Rondônia, mas é natural de Teófilo Otoni, outro centro de intenso comércio de gemas.

PROIBIÇÃO
A regulamentação definitiva sobre a exploração de garimpo em terras indígenas depende de mudanças na Constituição, que proíbe a atividade nessas áreas, nos artigos 231 e 232. A alteração tem que passar pelo Congresso Nacional, onde há 11 anos tramita o Projeto de Lei 1.610/96, do senador Romero Jucá (PMDB), já aprovado pelo Senado e que aguarda apreciação da Câmara. A terra indígena Roosevelt faz parte de um complexo de 2,7 milhões de hectares que engloba outras três unidades: Serra Morena, Aripuanã e o Parque Indígena Aripuanã. Nessa área vivem 1, 4 mil indígenas da etnia Cinta Larga.
PAULINHO MALOCA, ENTREVISTA EM 2009

Detetive Paulo Maloca - Entrevista 1º PARTE Enviado em 24/11/2009 Entrevista de Paulo Maloca a TV UNIVALE Detetive Paulo Maloca - Entrevista 2º PARTE Enviado em 24/11/2009 Entrevista de Paula Maloca na TV Univale






Governador Valadares e nos

O texto de Marcio Ribeiro é uma amostra de quanto o conservadorimo, o populismo e falta de conhecimento podem levar às pesssoas a acreditarem que é através da força e imposição de cima para baixo que se resolve os problmas de violência civi e problemas sociais. Perde-se assim a confiança nas instituições, e essas muits vezes também falham em sua função de estabelecer a ordem e garantir direitos, e apela-se para o populismo de se resolver problemas na base da intimidação ou fazendo jsutiça com as proprias mãos, sendo este o mote da policia militar brasileira.
São os mesmos que votam nos partidos conservadores, que alargam ainda mais as desigualdades, promovendo a violência na qual a sociedade brasileira esta inserida, criando um circulo vicioso de disparidades e violência. Violência essa que aumentou muito mais fortemente apos os anos de ditadura militar.


Negligência...

A negligência na punição de crimes de policiais deu origem a um dossiê cujo autor, o repórter Rodrigo Neto (de Ipatinga), foi assassinado em 08 de março de 2013, justamento por isso:
OTEMPO, 15/04/13
O jornalista Rodrigo Neto investigava a relaçao entre as ocorrências e o fato de a maioria delas nunca ter sido elucidada

1 - ASSASSINATO dA MISSIONÁRIA ANELISE TEIXEIRA
0 corpo de Anelise Teixeira foi encontrado em uma lagoa em janeiro de 2007 com sinais de estrangulamento. O principal suspeito do assassinato é um cabo da PM. A principal testemunha do crime foi executada com oito tiros em 2010.

2 - DESAPARECIMENTO DE JOVENS EN SANTANA DO PARAÍSO
Em fevereiro de 2012, quatro jovens com idade entre 13 e 19 anos desapareceram em Santana do Paraíso. Uma testemunha viu um carro da Polícia Civil levando os rapazes. Ela foi assassinada em maio do mesmo ano.

3 - CASO NATANAEL
O soldador Natanael Aires afirmou à Polícia Civil que foi torturado por policiais militares em fevereiro de 2012. Os PMs chegaram a ser indiciados pela Polícia Civil. Em março, ele mudou sua versão, isentando os policiais. Natanael foi assassinado com 12 tiros em outubro de 2012.

4 - CHACINA DE REVÉS DE BELÉM
Os corpos de quatro adolescentes foram encontrados, em oututro de 2011, com perfurações de arma de fogo na nuca, em Revés de Belém, distrito de Caratinga. No dia 24 de outubro daquele ano, eles foram abordados pela Polícia Militar. Na delegacia, eles apedreijaram uma viatura da Polícia Civil. Foi a última vez que eles foram vistos vivos.

5 - CRIMES DA MOTO VERDE
Um soldado lotado em Ipatinga responde a quatro inquéritos na justiça por crimes contra a vida. Ele é também apontado como o responsável por uma série de assassinatos ocorridos entre os anos de 2007 e 2008. O militar foi transferido para Lavras por "problemas disciplinares".

6 - TRIPLO HOMICÍDIO DE BELO ORIENTE
A família do assassino de um pilicial civil foi morta em janeiro de 2006 após a casa em que moravam ser invadida por cinco homens armados. O inquérito foi concluído em 2012 sem apontar nenhum culpado.

7 - CASO JAPÃO
Suspeito de tráfico, um rapaz conhecido como Japão foi morto em junho de 2011, logo após reconhecer, na delegacia, um policial militar como autor de disparos contra ele.

8 - DESAPARECIMENTO de JUNINHO
O catequista Nelson ferreira Júnior desapareceu após uma abordagem policial em Ipatinga, em 1992. Testemunhas presenciaram policiais atirarem contra o rapaz. Os suspeitos foram absolvidos.

9 - CABO AMARILDO
Um cabo da PM foi assassinado em fevereiro deste ano, em Santana do Paraíso. Em menos de 24 horas, três pessoas foram presas. O quarto  suspeito chegou a ser dedito,mas foi liberado por falta de proras. Duas semanas depois, o pai do quarto suspeito foi assassinado, e o rapaz foi novamente preso. O inquérito da morte do policial foi concluído em duas semanas.
----------
Foi necessária a morte do repórter para que houvesse uma força-tarefa para apurar esses casos:
OTEMPO, 24/07/13
ESCLARECIDOS

VÍTIMAS / EXECUTORES

1: Assassinato do jornalista Rodrigo Neto - 8.3.2013
Morto a tiros em Ipatinga
Alessandro Augusto* e Lúcio Leal*. A polícia investiga outro suspeito.

2: Assassinato do fotógrafo Walgney Assis de Carvalho - 14.4.2013
Morto a tiros em Coronel Fabriciano, em queima de arquivo.
Alessandro Augusto*

3: Assassinato de Cleidson do Nascimento, o Cabeça - 16.9.2011
Morto por depor contra militar
Cabo da Polícia Militar (PM) Victor Emmanuel Andrade*, indiciado como mandante do crime

4: Chacina de Revés do Belém - 2011
Quatro adolescentes que sumiram da Delegacia de Ipatinga foram achados mortos, com tiros na cabeça. Eles teriam jogado pedra no carro de um policial.
Policiais civis Ronaldo de Oliveira*, José Cassiano*, Leonardo Alves* e Jimmy Casseano*

5: Assassinato de Célio Nunes Pereira, o Celinho - 4.8.2009
Morador de rua, a vítima tinha desavença com o militar Michel Luiz da Silva
Michel Luiz da Silva*

6: Assassinatos de Marcos Vinícius Lopes e Glauco Lourenço - 3.7.2010
Acusados de furto e roubo, sumiram ao serem levados por militares a uma delegacia de Ipatinga.
Policiais Ronaldo Andrade**, Élton Pereira** e Fabrício Quenupe**

7: Assassinato de Eduardo Luiz da Costa -16.8.2007
Morto por dívida de R$ 12 mil
Cabo Victor de Andrade* e Joaquim de Moura*

8: Caso Padaria Guerra - 8.7.2007
Assassinatos de Diunismar Ferreira e José Maria. Crime passional envolvendo um capitão da PM
Capitão Charles Clemencius* e Cyntia Ramos**

9: Assassinato de Sebastião de Siqueira, o Tião - 22.2.2013
Pai de um dos suspeitos da morte do cabo Amarildo, em fevereiro deste ano, foi executado na porta de casa.
Albertino Pereira* e Geraldino Pereira (foragido)

BALANÇO  
14 mortes  
16 indiciados por homicídio, incluindo nove policiais
5 inquéritos ainda estão sob investigação, mas a corporação não informou detalhes
  
FONTE: POLÌCIA CIVIL

*PRESOS
**A POLICIA CIVIL NÃO INFORMOU SE HOUVE PRISÕES




Rodrigo Neto
qua, 05/03/2014 - 15:07

A investigação, levada a cabo pela PC, montou uma farsa ao apontar um detetive e um X9, que vivia dentro das delegacias da região atuando como detetive, e jamais incomodou os mandantes que, para a população, não são tão desconhecidos.

Uma força tarefa foi montada, para a investigação, sob a intensa pressão da mídia regional, da ministra da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, Maria do Rosário Nunes, da organização Repórteres Sem Fronteiras e do Comitê Rodrigo Neto, além da enérgica intervenção do nobre deputado Durval Ângelo e do próprio governador mineiro, Antônio Anastasia.

Há relatos, sob a condição de anonimato, de pessoas ligadas à área de segurança que integrantes da força tarefa estavam pedindo para sair da equipe que buscava solucionar os crimes, ao constatar que as pistas para denunciar os autores intelectuais do crime, não eram buscadas com determinação.

Mais informações: http://comiterodrigoneto.blogspot.com.br/



Caso Rodrigo Neto, jornalista morto em Ipatinga, no Domingo Espetacular da Record






O famoso Capitão Pedro e o seu 'violino'

JORNAL OTEMPO | Murilo Badaró | 03/10/09
No dia em que a imprensa noticiou a inclusão da cidade de Governador Valadares como das mais violentas do Brasil, lembrei-me de imediato, com saudades, do famoso Capitão Pedro e de sua história, cuja ação derrotou o banditismo nas regiões do rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha. Aparece em boa hora o livro de Klinger Sobreira de Almeida, com o sugestivo título de "Um Certo Delegado de Capturas: o romance de um mito-herói", que conta a saga daquele militar exemplarmente sério e cumpridor de seus deveres no exercício da dura missão de combater delinquentes.
Ao tempo de minha atividade política, conheci e mantive boas e cordiais relações com o Capitão Pedro. Se não por sua figura humana, igualmente pelo desejo de prestigiar-lhe a ação contra a propagação do crime de encomenda, não raro ligado a chefetes políticos. No cumprimento de sua missão, o Capitão Pedro era inflexível e nada o afastava do objetivo de apurar e prender criminosos ligados ao establishment político dominante.
Em meu primeiro contato com ele, ocorreu circunstância singular, que a leitura do livro do coronel Klinger reavivou em minha memória. Resolvi contá-la nesta crônica e o faço em homenagem ao personagem e ao autor do livro. Estudante de direito, trabalhava no gabinete do chefe de polícia Davidson Pimenta da Rocha. Chegaram graves e bem fundamentadas denúncias da existência de jogo aberto na cidade de Teófilo Otoni, sob o patrocínio e o acobertamento da autoridade policial. Talvez por saber da existência de muitos de meus parentes residentes naquela cidade, dr. Davidson atribuiu-me a missão de ir lá fazer apuração reservada. Tomei o avião até Valadares, indo imediatamente à procura do já mitológico Capitão Pedro, que me aguardava. Recebeu-me com a habitual cortesia, apesar da fisionomia severa em seu local de trabalho, em cujo cabide estava dependurado o famoso chapéu que se tornou marca indelével de sua figura. Dei-lhe conta de minha missão e as instruções para prosseguir viagem até o objetivo final, em conversa a que não faltaram algumas crônicas de sua já reconhecida capacidade como policial. Ligado à atividade musical de Belo Horizonte, chamou-me a atenção uma caixa de violino colocada ao lado de sua cadeira, de onde não mais despreguei os olhos mordido por natural curiosidade de encontrar, naquele gabinete de homens duros, instrumento sempre tocado por mãos suaves. Antes de me despedir, não resisti à tentação de perguntar: "Capitão Pedro, o senhor toca violino?" Sem dizer palavra, apanhou a caixa atrás de sua cadeira, colocou-a sobre a mesa, abriu-a e, para minha surpresa, havia dentro uma metralhadora. Era atitude de vigilante prudência de quem estava sempre na mira da vindita dos bandidos que colocou na cadeia.
Quanta saudade do Capitão Pedro têm os habitantes daquela região. Se vivo fosse o famoso militar, a cidade de Governador Valadares e a região não teriam vencido o triste e vergonhoso campeonato da violência.
***
BLOG DO MURILO BADARÓ | 05/10/2009
Quanta saudade do Capitão Pedro têm os habitantes daquela região. Se vivo fosse o famoso militar, a cidade de Governador Valadares e a região não teriam vencido o triste e vergonhoso campeonato da violência. A verdade é que, ao tempo do Capitão Pedro e sua equipe, a bandidagem não tinha a liberdade de atuação de que hoje desfruta, mesmo levando em conta esforços do governo para prestigiar a ação policial. Não comporta este texto avaliação acerca das razões que justificam o crescente aumento da violência nas cidades maiores, entre as quais Valadares ganhou desagradável proeminência ao lado de Contagem. O fato é que a insegurança da população atingiu níveis insuportáveis. Muitos dizem que não há solução, enquanto massas empobrecidas e analfabetas prosseguirem em sua diáspora do meio rural em direção à periferia das cidades, fazendo do crime instrumento para saciar a fome. Apenas uma meia verdade, pois há casos no mundo (Nova York, Bogotá, por exemplo) em que os prefeitos criaram o programa tolerância zero, e, em pouco tempo, reduziram a criminalidade a ponto de tornarem essas cidades as mais seguras do planeta. Que voltem à cena os “capitães” Pedro.

A Saga dos Irmãos Leite

A Longa História de Violência na Região de Governador Valadares
A região denominada geograficamente Vale do Mucuri, está localizada entre as cidades de Governador Valadares, Diamantina e Teófilo Otoni. 
Fazem parte as cidades de Capelinha, Água Boa, Santa Maria do Suaçui, Malacacheta dentre outras (...) que se emanciparam após os fatos aqui narrados. 
Região de predominância da agropecuária e seus derivados, com agricultura de pouca relevância no contexto econômico e terra do bom queijo mineiro, até cerca de 1985 era uma região sem asfalto e de difícil acesso.
No período das chuvas ficava totalmente isolada, causando grande perda de leite e queijos pela falta de escoamento da produção. 
(...)
É nesse cenário, com o povo sofrido pelo abandono político em décadas passadas, quando o único interesse naquela região, era o voto de um grande curral eleitoral,  que buscamos registros de fatos a partir dos anos 50, viajando pela saga de crimes violentos que assolaram aquela região, culminando com o desfecho da Chacina de Malacacheta no principio da década de 90, que mudou radicalmente a vida dos cidadãos do Vale. 
Jornal Última Hora | 29 de agosto de 1963 | Reportagem sobre o jaguncismo.                  
Continua em http://www.cyberpolicia.com.br/index.php/historia/decadas/475-pistolagem-em-minas
***
Sem entrar no mérito das ações - se foram ilegais ou não - o exterminador Coronel Pedro permanece uma lenda viva da repressão policial da região, envolta no realismo fantástico do imaginário de todo cidadão valadarense.

Nenhum comentário:

Postar um comentário