Dois colegas estavam com a vítima na Companhia Espacializada em Apoio ao Turista, ouviram o disparo e ao encontrar o policial caído chamaram o socorro médico
Polícia | Em 06/07/14 às 14h01, atualizado em 07/07/14 às 13h04 | Por Redação
O policial militar Glaucio Pereira de Sousa, de 27 anos, morreu após ser atingido por um disparo dentro da Companhia Espacializada em Apoio ao Turista (Ceatur) na praia de Tambaú, na Orla de João Pessoa no fim da manhã deste domingo (6).
De acordo com informações do comandante Onierbeth Elias, ainda não se sabe as circunstância da morte do policial e no momento da ocorrência dois outros militares estavam nas dependências da Companhia. Os colegas teriam ouvido o disparo e encontrado Glaucio Pereira caído e providenciado o socorro para o Hospital de Trauma da Capital.
O policial chegou a receber atendimento médico, mas não resistiu e morreu.
Onierbeth informou que como a ocorrência aconteceu dentro de uma unidade militar, será instaurado inquérito para apurar as circunstâncias da morte do policial.
Ele explicou que o inquérito será instaurado pelo Comando Geral da Polícia Militar que através de portaria irá designar uma equipe que fará os trabalhos de investigação.
Secretário de Segurança diz que não há como controlar acesso de bandidos a elas
Polícia | Em 05/08/14 às 11h09, atualizado em 05/08/14 às 12h24 | Por Jornal Correio da Paraíba
Nos últimos quatro anos – 2010 a 2013 – 9,3 mil armas foram apreendidas na Paraíba, uma média de seis por dia. Houve um aumento de 62,3% no período – de 1.709 para 2.774. Só neste final de semana, foram 15 apreensões. Apesar de comemorar os números e a redução nos índices de homicídios – 11% entre 2012 e 2013 (1.207 para 1.073) e 13% no primeiro semestre deste ano (572) em relação ao mesmo período do ano passado (656) – o titular da Secretaria da Segurança e da Defesa Social, Cláudio Lima, admitiu que o número de homicídios ainda é alto, e lamentou que não há como impedir que bandidos tenham acesso às armas. Segundo ele, elas são vendidas até pela Internet.
“Na Paraíba, ainda se mata muito. Reconhecemos isso, e o objetivo é reduzir paulatinamente. Houve desaceleração e está havendo a cada ano. Mas, ainda é pouco. Tem que reduzir muito mais”. Um dos obstáculos, conforme o secretário, é que os bandidos usam diversos meios para aquisição de armamentos, entre eles, a Internet. Ele admitiu que não há como controlar o acesso a elas.
“O crime hoje não tem barreira e não existe uma única forma para que consigam uma arma. Muitos dizem que compram na feira de Oitizeiro, mas é conversa. Existe um universo à disposição, como a internet e os contatos que eles têm”, declarou.
Não existe nenhuma investigação na Seds que aponte de onde vêm os armamentos, mas o secretário disse que nem o Nordeste, nem a Paraíba produzem armas. Elas são fabricadas no Sudeste do País e há aquelas que vêm do exterior. Para tirá-las de circulação, é feito um TRABALHO constante de inteligência, buscando criminosos.
O iG teve acesso ao inquérito da Operação Herdeiros que prendeu 11 PMs e conta detalhes. Fuzil foi vendido por R$ 45 mil
Mario Hugo Monken, iG Rio de Janeiro|
O iG teve acesso com exclusividade ao relatório da investigação que resultou na Operação Herdeiros, que foi deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro em dezembro do ano passado.
A ação culminou nas prisões de 11 PMs de oito batalhões e dois policiais civis suspeitos de vender armas e drogas para traficantes da favela do Jacarezinho, na zona norte da captal.
O relatório traz detalhes de como ocorriam as negociações entre os policiais suspeitos e os criminosos. Os PMs e os agentes acusados estão respondendo a um processo que corre na 35ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça.
Segundo as investigações, grande parte do material vendido pelos policiais era apreendido em outras comunidades, o chamado 'espólio de guerra'. Houve casos também em que PMs envolvidos no esquema realizavam operações clandestinas em favelas e recolhiam armas e drogas para serem repassadas a outros traficantes.
O traficante supostamente responsável por todas as negociações com os PMs, Jorge Luís Bernardes Fraga, o Neném, foi preso na semana passada quando era atendido em uma clínica particular no bairro das Laranjeiras, na zona sul carioca. Um ex-militar do Exército, já preso, auxiliava Neném nos contatos com os policiais suspeitos, de acordo com as investigações
De acordo com o relatório, uma das supostas negociações teria ocorrido no dia 7 de junho do ano passado. Na ocasião, um policial militar que à época era lotado no 40º Batalhão, no Irajá, na zona norte da capital, foi até a favela do Jacarezinho e teria oferecido aos traficantes um fuzil ao preço de R$ 35 mil. Os criminosos não aceitaram e disseram que poderiam pagar somente R$ 27 mil. O PM, de início, não aceitou a contraproposta, já que teria que dividir o lucro com colegas de farda.
O fuzil teria sido fornecido por dois PMs irmãos e que eram suspeitos de chefiarem uma milícia que atua nos bairros de Brás de Pina e Cordovil, na zona norte. A arma foi entregue primeiramente a um outro policial militar, que pertencia ao 18º Batalhão (Jacarepaguá, na zona oeste), que a repassou para o colega do 40º BPM vendê-la no Jacarezinho.
Três dias mais tarde, ficou acertado que o fuzil seria vendido por R$ 26 mil. Um traficante da favela ainda pediu ao PM que comercializou a arma que levasse munições para testá-la.
Fuzil do São Carlos
Um dia depois, o mesmo PM do 40º iniciou negociações para vender outro fuzil no Jacarezinho. A arma foi oferecida por R$ 40 mil. Os criminosos cobraram do PM a procedência da mesma já que um dos bandidos da favela disse que teria visto o fuzil em outra comunidade dominada pela facção criminosa Comando Vermelho (CV), que também controla o Jacarezinho.
O PM do 40º Batalhão consultou o mesmo colega do 18º BPM que também lhe encaminhara a arma. Ele disse que o fuzil fora apreendido em uma comunidade que fica próximoa ao Hospital Central da corporação (HCPM), no Estácio, na região central da capital, provavelmente no morro de São Carlos, ocupado por uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) desde fevereiro de 2011.
No dia 12 de junho, o PM do 40º voltou a negociar com o os bandidos e o fuzil acabou vendido ao preço de R$ 45 mil, sendo que o policial receberia na hora R$ 27 mil e R$ 18 mil mais tarde.
Seis dias depois, os traficantes voltaram a falar com o PM e pediram para ele levar 20 munições à favela a fim de que a arma fosse testada. Na conversa, um dos bandidos disse ao policial que um dos chefes do tráfico na comunidade teria feito um primeiro teste com seis munições mas houve falhas.
Comissão de R$ 500
No dia 14 de janeiro do ano passado. os mesmos PMs do 18º e do 40º, que negociariam futuramente os fuzis com os traficantes do Jacarezinho, já tinham supostamente vendido cerca de 10 kg de cocaína para os bandidos ao preço de R$ 12,5 mil o quilo. Ficou acertado que cada PM receberia R$ 500 por cada quilo comercializado.
Em junho de 2011, os mesmos PMs teriam supostamente negociado venda de maconha para os traficantes do Jacarezinho. No dia 19 daquele mês, um deles foi até a favela para levar parte do entorpecente. Na ocasião, ficou acertado que os criminosos pagariam R$ 850 por três quilos e R$ 1.000 por dois quilos. Os traficantes teriam pedido ao policial mais drogas.
O restante da maconha solicitado foi entregue por um dos PMs mas os traficantes não teriam gostado da qualidade e mandaram devolver. Entretanto, na época, houve uma apreensão de 90 kg da droga no Jacarezinho e os criminosos voltaram atrás e pediram a maconha de volta.
Os mesmos PMs do 18º e do 40º batalhões teriam ainda supostamente vendido 100 kg de maconha aos traficantes do Jacarezinho em fevereiro do ano passado. A droga teria sido entregue aos bandidos entre os dias 15 e 16 daquele mês.
O PM do 18º Batalhão suspeito de fornecer armas e drogas fora preso em flagrante no dia 21 de junho de 2011. Na ocasião, ele estava na companhia de um outro PM, do batalhão do Méier (3º BPM) de quem compraria uma pistola HK, de calibre nove milímetros com três carregadores e um coldre. A arma, segundo as investigações, seria vendida aos bandidos do Jacarezinho possivelmente por R$ 2.625, quantia que foi apreendida na época.
Já o PM do 40º foi preso no dia 3 de agosto de 2011. Na ocasião, ele estava na companhia do ex-militar do Exército quando iria negociar uma arma (não especificada) com o traficante Neném do Jacarezinho. Com os dois, foram achadas munições de calibre 762 (fuzil).
PM do Alemão
As investigações revelaram que um PM do batalhão de Campanha que atua no Complexo do Alemão, na zona norte, após a ocupação, supostamente também intermediava a venda de drogas com os traficantes do Jacarezinho.
De acordo com as interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça, o PM tentou vender 8 kg de cocaína em junho do ano passado. A droga foi conseguida junto a PMs de Niterói. Os traficantes, de acordo com as conversas gravadas, tentaram levantar R$ 80 mil para adquirir o entorpecente.
No entanto, segundo o relatório da investigação, não houve acordo. Isto porque a quadrilha do Jacarezinho queria pagar somente em um sábado porque era "dia do fechamento das contas do tráfico", o que não foi aceito por um dos PMs, que queria que ao menos quatro quilos fossem quitados na hora.
Além de drogas e armas, os PMs também forneciam carros para que os traficantes fossem buscar drogas no Paraguai. Um dos veículos, um Gol branco, foi vendido pelos policiais ao bando do Jacarezinho por R$ 7.500 em janeiro de 2011.
Esse veículo foi apreendido pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) no dia 24 daquele mês na cidade de Nova Esperança, no Paraná. No carro, foram encontrados 12 kg de maconha, 1 kg de haxixe e 3 kg de pasta de cocaína, drogas que pertenceriam ao traficante Neném, do Jacarezinho, que negociava com os PMs.
Operações ilegais
As investigações feitas pela Draco obtiveram informações sobre supostas operações clandestinas que seriam montadas por PMs para adquirir drogas e armas que seriam futuramente vendidas. Uma delas, consta no inquérito, teria ocorrido no dia 8 de dezembro do ano passado, na comunidade Nova Brasília, na Engenhoca, em Niterói.
Na ocasião, dois PMs teriam saído do local com duas malas cheias de drogas e ainda teriam supostamente recebido uma propina para liberar um traficante que fora preso. O material apreendido não foi apresentado na delegacia na época e um dos PMs ainda foi flagrado conversando com um comparsa e fazendo deboche: "Fizemos um trabalhinho bonito hoje".
Há outras gravações, feitas em julho de 2011, em que um suspeito liga para um PM do batalhão de Niterói e policiais civis de delegacias do município convocando os mesmos para realizar uma operação ilegal na favela da Galinha, na mesma cidade. Segundo o inquérito, o comparsa dos policiais já havia levantado com um informante que o melhor dia para o TRABALHO seria um sábado e possíveis locais para apreensões.
Propinas internas
Consta ainda na investigação que os PMs que participavam de negócios ilegais pagariam supostas propinas a oficiais de dia (de R$ 50 por exemplo) e os responsáveis pela RESERVA de armamento dos batalhões. O dinheiro serviria para que eles inserissem informações falsas no livro de registro e, consequentemente, viabilizassem a saída irregular de policiais dos quartéis para a prática de supostos crimes.
Os PMs suspeitos de serem fornecedores do tráfico possuíam um armeiro que realizava a manutenção das armas antes que elas fossem apresentadas aos criminosos. O suposto armeiro fora preso no dia 26 de outubro do ano passado, em Bangu, na zona oeste da capital.
Com ele, foi preso também um homem suspeito de fornecer armas e drogas para serem vendidas pelos PMs e de levantar para os policiais informações sobre o tráfico de drogas em delegacias.
RIO - O roubo de três fuzis que estavam dentro de um carro da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo levou investigadores da própria unidade, junto de promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), a uma quadrilha, supostamente chefiada por um policial civil, que vendia armas desviadas a traficantes. O inspetor Jackson Bispo dos Santos Júnior, lotado na própria Delegacia de Homicídios, foi preso na segunda-feira pelo delegado da especializada, Alan Luxardo. Ele foi acusado de peculato, cuja pena é de dois a 12 anos de prisão.
O bando supostamente chefiado pelo policial era formado por mais seis pessoas, entre elas um bombeiro e dois agentes da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Todos estão foragidos.
Segundo a denúncia do Gaeco e da 27 Promotoria de Justiça de Investigação Penal (PIP), no dia 3 de abril de 2010, por volta das 22h30min, Jackson simulou que as armas foram roubadas da Blazer da delegacia, que estava estacionada num posto de Polícia Técnica de Campo Grande. Ele estava com outros dois policiais, que não foram identificados. Sumiram dois fuzis da marca Imbel, calibre 7.62, de números de série 267208 e 27695; e outro fuzil da marca Reising, calibre .45, série 111084, além de carregadores. Todo material pertencia à Polícia Civil.
Em seu depoimento, Jackson alegou que resolveu deixar o carro com as armas no posto porque chovia muito e ele não queria danificar o carro da polícia. Ele afirmou que pretendia pegar o veículo na semana seguinte. Diante do sumiço das armas, a polícia iniciou a investigação do caso. Também chamava atenção o fato de o carro da polícia não ter sinais de arrombamento.
Segundo a denúncia, Jackson ligou para o agente penitenciário William Silva da Silva para avisá-lo onde havia deixado o carro da polícia. Para os promotores, o local foi escolhido para facilitar o desvio dos bens públicos: um posto da Polícia Técnica, sem vigilância e à noite. Além de William, são acusados de participar do crime o também agente da Seap Wellington de Paula Santos Rodrigues e o bombeiro Luiz Henrique Dias de Mello.
Entre os dias 6 e 9 de abril de 2010 — antes da ocupação do Complexo do Alemão e da Penha —, a quadrilha, integrada ainda por Fábio Marques dos Santos, vendeu os dois fuzis da Imbel e os carregadores para José Damasceno Ferreira, no Morro do Adeus. No dia 11 de abril, foi a vez de comercializarem o fuzil Reising de uso restrito a Marcelo de Oliveira dos Santos, de acordo com a denúncia do MP.
Foi graças à análise das contas reversas das linhas telefônicas utilizadas pelos membros do bando, com autorização judicial, que os investigadores desbarataram a quadrilha. Todos os acusados tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz da 43 Vara Criminal.
Jornal GGN - O cineasta Glauber Rocha foi vítima de espionagem e perseguição pela ditadura. Neste sábado (16), a Comissão da Verdade do Rio de Janeiro revelou documentos produzidos pelas Forças Armadas contra o diretor. Ele foi acusado de difundir calúnias contra regime militar e classificado como "um dos líderes da esquerda no cinema". As informações são da Agência Brasil.
A entrega do dossiê militar à família de Glauber foi feita com uma série de atividades que marcam os 50 anos do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, completados no último dia 10. Oficialmente, Glauber morreu de septicemia (infecção), na década de 1980.
Produzidos pelo Serviço Nacional de Informação (SNI), os documentos compilam atividades do cineasta, declarações dadas aos jornais fora do país e lista artistas ligados à Glauber e que criticavam o regime militar, como, também o cineasta Luiz Carlos Barreto, apontado como "porta-voz da esquerda cinematográfica nacional".
Presidenta da Comissão da Verdade, Nadine Borges destacou que os documentos encontrados no Arquivo Público do Estado do Rio contém marcas que expressam a intenção dos militares de eliminar Glauber. Ela se referia as palavras "morto", em lápis, no alto do dossiê, na primeira página.
"Recebemos a informação de um agente da repressão que atuou na época, que, em geral, era hábito escrever à mão um indicativo de ordem. Então, isso nos faz pensar que ele estava marcado para morrer. Por sorte, ele se exilou antes", comentou.
A presidenta cobra que o general José Antonio Nogueira Belham, que assina um dos documentos, preste depoimento para esclarecer esse e outros casos.
No dossiê, estão transcritos ainda trechos de artigos de Glauber. Entre eles, uma justificativa para sua atuação, contra o regime. "O cinema não será para nós uma máscara, porque, o cinema não faz revolução - o cinema é um dos instrumentos revolucionários e para isto deve(-se) criar uma linguagem latino-americana, libertária e revelador", disse à revista Cine Cubano, em 1971, segundo SNI.
Você não entendeu o que o colega disse sobre o Glauber, que se referiu não "aos militares golpistas" como "oriundos das classes populares", mas aos soldados em geral. Quanto à sua primeira afirmativa, Glauber era realmente um polemista, mas a referência a Darcy depois de Golbery não era "álibi". Interessava a Glauber, em sua alegoria do Brasil, o pensamento sobre o Brasil, os projetos de nação, à esquerda e à direita porque ambos compunham dialeticamente esse quadro, sendo intelectuais que eram também homens de ação. Veja abaixo o que o "álibi" disse sobre Glauber.
Enterro de Glauber Rocha - discurso de Darcy Ribeiro
Enviado em 23/08/2009
trecho do doc "Glauber, Labirinto do Brasil", de Sílvio Tendler. Ao final, Maria Lucia Godoy homenageia Glauber cantando a bachiana nº 5 de VILLA Lobos.
Em Câncer, experimento filmado em 1968 e montado em Havana e Roma, em 1972, Glauber fala do processo ditatorial, da resistência e chega a dizer (ou gritar) que nesse último momento "tinham matado Marighela, tinham matado o Capitão Lamarca e reinavam os integralistas, o partido integralista e o terceiro ditador se chamava Médici, o torturador" (1.13). As falas do próprio Glauber, LOGO no início do filme, também são muito esclarecedoras.
Publicado em 11/09/2012
Câncer - Filme Completo de Glauber Rocha FICHA TÉCNICA
Ficção, longa-metragem, 16 mm, preto e branco. Rio de Janeiro/Roma, 1972, 950 metros, 86 minutos; Lançamento: 2 de setembro de 1982, São Paulo, Centro Cultural São Paulo; Coprodutores: Gianni Barcelloni, RAI - Radiotelevisione Italiana; Diretor: Glauber Rocha; Diretor de fotografia e câmara: Luis Carlos Saldanha; Som direto: José Antonio Ventura; Sincronização: Raul Garcia; Montadores: Tineca e Mireta; Laboratório de imagem: Lider Cine Laboratórios; Elenco: Odete Lara - mulher; Hugo Carvana - marginal Branco; Antonio Pitanga - marginal negro; Eduardo Coutinho - ativista; Rogério Duarte, Hélio Oiticica, José Medeiros, Luís Carlos Saldanha, Zelito Viana e o pessoal do morro da Mangueira (Rio de Janeiro).
SINOPSE:
"O filme não tem história. São três personagens dentro de uma ação violenta. O que eu estava buscando era fazer uma experiência de técnica, do problema da resistência de duração do plano cinematográfico. Nele se vê como a técnica intervém no processo cinematográfico. ...Resolvi fazer um filme em que cada plano durasse um chassi, e estudar a quase-eliminação da montagem quando existe uma ação verbal e psicológica dentro da mesma tomada."
Observação: O filme foi rodado antes das filmagens de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", cujos negativos importados, tinham sido retidos na Aduana.
COMENTÁRIO
Em l968, lembra Glauber Rocha, num trecho de seu livro Revolução do Cinema Novo, alguns diziam: "O caminho do cinema é o filme a cor, de grande espetáculo." Outros discordavam: "O caminho do cinema é o filme de 16mm, underground." Mas o caminho do cinema, escreveu Glauber, "são todos os caminhos". Câncer -- filme de 16mm em preto e branco -- tenta provar isso. (...)
Nenhuma história em particular, somente três atores (Odete Lara, Hugo Carvana e Antônio Pitanga) metidos durante 90 minutos numa situação de violência psicológica, sexual e racial. No comando, a improvisação total. (...)
Filmado em quatro dias, com parte da equipe técnica de O Dragão de Maldade Contra o Santo Guerreiro, levou quatro anos para ser montado. Foi visto na época, ainda em fragmentos, pela "cotérie" do autor, e certamente fecundou a escola marginal de que Rogério Sganzela e Júlio Bressane se tornaram mestres absolutos.
Isa Cambará e Sérgio Augusto, Folha de São Paulo, 22/08/84
" Se Glauber é precursor do underground brasileiro com"Câncer" filmado em 1968 , no Rio, é por sua aproximação com a cultura dos morros cariocas. Relação Sertão/Favela que cria uma linha de continuidade entre o mundo do sertanejo e o imaginário urbano das favelas. A marginália social e artística dos morros ganha um sentido existencial e estético a partir dos anos 70. "Câncer" é uma encruzilhada entre a pedagogia da violência glauberiana, seu impulso sádico-paternalista e o desejo de uma arte que atravessasse as fronteiras de classe, status, cultura. Nele, a classe média artística -- Rogério Duarte, Odete Lara, Hugo Carvana, Pitanga, Hélio Oiticica -- freqüenta a marginália dos morros, sambistas, punguistas, o submundo das delegacias. Discutem com o povo à respeito de comunismo, sexo, miséria, revolução. Glauber descobre a vanguarda pelo submundo, como se Godard subisse o morro. Numa carta à Alfredo Guevara, pondera: é mais positivo fazer estes filmes do que falar de revolução nos bares e nas praias " Ivana Bentes
Filmado em quatro dias, com parte da equipe técnica de "O Dragão de Maldade Contra o Santo Guerreiro", levou quatro anos para ser montado. Foi visto na época, ainda em fragmentos, pela "cotérie" do autor, e certamente fecundou a escola marginal de que Rogério Sganzerla e Júlio Bressane se tornaram mestres absolutos. Isa Cambará e Sérgio Augusto, Folha de São Paulo, 22/08/84
Glauber foi talvez o 1º exilado a voltar ao Brasil, 2 ou 3 anos antes da anistia.
Em 1971, Brasil vivia o auge da repressão, mas em 1974 quando deu a famosa entrevista a Zuenir Ventura dizendo que Golbery (e Darcy Ribeiro) eram gênios da raça o Brasil iniciava a abertura.
O próprio João Goulart em um encontro com Glauber no exílio elogiou Geisel (pois o conhecia como chefe militar no Rio Grande Do Sul), isso o influenciou.
Em 1974 o Peru era governado por uma ditadura militar de esquerda (com assessoria de Darcy Ribeiro) e o próprio cineasta testemunhou a Revolução dos Cravos quando os militares restauraram a democracia em Portugal.
Glauber Rocha percebeu que os militares em sua maioria vinham das classes populares e previu o surgimento de Hugo Chávez com duas décadas de antecedência.
Glauber morreu difamado como apoiador da ditadura, sendo que o que ele apoiou foi o fim da ditadura, a abertura democática, orquestrada por Golbery. Aliás, a citação feita de seu elogio a este, no célebe depoimento a Zuenir Ventura, em 1974,na REVISTA Visão, é sempre feita pela metade. Sempre "esquecem" a seguda metade da frase, que é a seguinte: Com “Para surpresa geral, li, entendi [o livro Geopolítica do Brasil] e acho o general Golbery um gênio – o mais alto da raça ao lado do professor Darcy [Ribeiro].”
Jornal GGN - Os conflitos entre civis e policiais após a morte de um adolescente negro em Ferguson, nos Estados Unidos, levou o governador de Missouri a intervir no local. A segurança passará a ser feita pelos policiais do Estado, em função dos confrontos registrados no município há quatro dias. A ira da população foi despertada pelo assassinato do jovem Michael Brown por um oficial. Barack Obama pediu contenção na força policial.
A polícia do Estado de Missouri irá assumir o controle de segurança da cidade de Ferguson, nos Estados Unidos, depois de seguidas noites de violência, disse o governador.
Nas últimas quatro noites, a polícia local entrou em confronto com manifestantes revoltados com o assassinato do adolescente negro Michael Brown por um policial.
Diante dos confrontos, o governador Jay Nixon anunciou que a polícia estadual iria intervir. O presidente Barack Obama pediu à polícia para não usar "força excessiva".
Segundo o governo, as cenas dos distúrbios dos últimos dias se assemelhavam a uma "zona de guerra". "Nós teremos que recuperar a confiança", disse.
O capitão da polícia do Estado de Missouri Ron Johnson chefiará o policiamento, disse Nixon.
Tensão
A tensão em Ferguson foi provocada pela morte de Michael Brown, de 18 anos, na tarde de sábado, por um policial.
Os detalhes sobre o incidente foram contestados pela polícia, mas testemunhas disseram que o adolescente estava desarmado e com os braços erguidos quando foi baleado várias vezes por um policial.
A versão da polícia é diferente. A instituição disse que houve luta e que o policial sofreu ferimentos faciais.
As autoridades ainda não divulgaram o nome do policial, dizendo que estavam preocupados que a vida dele e da família pudesse estar em perigo.
Essa decisão provocou a ira da comunidade negra de Ferguson e destacou o desequilíbrio racial entre a população e a polícia. Os negros são 67% da população da cidade, enquanto 94% dos polícias são brancos.
Na quarta-feira à noite, a cidade viveu mais um dia de protestos violentos. A polícia local disparou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que ignoraram uma ordem para dispersar.
Várias pessoas foram presas, entre elas dois jornalistas que disseram terem sido agredidos antes de serem liberados.
Em entrevista, Obama disse que não havia "justificativa" para a polícia de usar força excessiva contra manifestantes pacíficos.
Obama também reconheceu a que a polícia enfrentou violência policial e atitudes criminosas desde a morte de Brown.
O presidente ameriano prometeu uma investigação completa pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre a morte do adolescente, e o FBI abriu inquérito próprio.