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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Ex-membro da gangue fardada estava disposto a falar tudo sobre a atuação da Organização

  

A morte de Aderildo Mariz, ocorrida na noite do último dia 7, trouxe à tona mais uma vez a história da gangue fardada que foi responsável por mais de cem crimes nas décadas de 80 e 90 e tinha relação estreita com políticos e pessoas influentes da sociedade alagoana.
Apesar da delegada Rebeca Monteiro, que começa a ouvir hoje o depoimento das testemunhas, afirmar que não existe uma linha de investigação o Cadaminuto apurou junto a polícia que não existe dúvidas de que o crime se trata de "queima de arquivo".
Aderildo iria depor em novembro, quando seria julgado pelo assassinato de Ricardo Lessa e estaria disposto a dar informações importantes sobre os verdadeiros autores intelectuais deste e de vários outros crimes.
“O ex-pm foi procurado por um mensageiro de um ex-prefeito e teria discutido com ele depois de falarem sobre o que poderia ser dito para a polícia”, disse uma fonte ouvida pelo Cadaminuto.
O ex- policial militar foi preso por integrar a gangue fardada e estava em liberdade condicional. A organização era composta por policiais militares e civis e comandada pelo ex-coronel Manoel Cavalcante - que continua preso - e responsável por crimes de mando, assaltos a bancos e cargas, tráfico de drogas e desmanche de carros. 

O subtenente Ednor, o sargento Jaime e o cabo Gonçalves que faziam parte da gangue também podem ter sido assassinados como "queima de arquivo". Em 1998 a quadrilha foi desbaratada em uma ação conjunta das policias e muitos de seus integrantes foram presos em outros Estados ou continuam foragidos da justiça, como os ex- militares Everaldo Pereira dos Santos (Amarelo) e Cícero Felizardo dos Santos (o Cição), parceiros de Aderildo.
Segundo o delegado Jobson Cabral, que continuou investigando a atuação da gangue em 2001, a morte de seus integrantes pode ter ocorrido por eles revelarem novas versões para os crimes.
Na época em que ele esteve à frente das investigações, cerca de vinte pessoas foram presas, entre elas o sargento Raimundo Edson da Silva Medeiros, os policiais militares Ricardo Laurentino de Oliveira, Antônio Luna dos Santos, Regivan Alexandre da Silva e Miguel Francisco Gomes de Oliveira, e ainda, os policiais civis Ronaldo Silvestre dos Santos, Reginaldo Alexandre da Silva e Edinaldo Silva Pimentel.

"A gangue não era composta apenas por policiais, a exemplo do delegado Carlos Camilo. Quem era militar ficava preso no quartel, quem não era, ia pra prisão. A pistolagem continua em Alagoas e as pessoas que participavam da gangue fardada cometiam vários crimes por terem proteção da instituição policial. A partir do momento que elas foram excluídas da polícia, outros integrantes ou parentes de vítimas se vingam”. destacou o delegado.
Ele afirmou que não faltou empenho para prender todos os envolvidos nos crimes e que houve uma limpeza na polícia. “Infelizmente, o que faltava na época ainda falta hoje, como melhores salários, viaturas e estrutura. Acredito que agora os policiais tenham medo de serem processados pela corregedoria”.
Na época em que a gangue foi descoberta, mais de sessenta pessoas foram presas, entre elas os ex-militares Garibaldi Amorim – que conseguiu benefício da delação premiada por ajudar a Justiça alagoana e veio a Maceió este ano pedir revisão processual pelos 18 anos de prisão por envolvimento na morte do tributarista Silvio Viana. – os ex-sargentos José Luiz da Silva Filho e José Carlos de Oliveira, Edgar Romero de Morais Barros – que foi preso em 2000 em São Paulo - Valdomiro dos Santos Barros e ainda, o Policial Civil Valmir dos Santos.
Entre os crimes atribuídos à gangue, está o assassinato do delegado Ricardo Lessa – irmão do ex-governador Ronaldo Lessa – que supostamente investigava o assassinato de um funcionário do fazendeiro José Miguel, de seu motorista, Antenor Carlota e em 1995 de seu filho, José Cícero Carlota da Silva.

Em 2008 Everaldo Pereira decidiu não se entregar à polícia após ser identificado durante o seqüestro de sua filha Eloá Cristina, que teve um final trágico. Ele se considerava um arquivo vivo e temia ser assassinado, preferindo esperar que o crime prescrevesse. 

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