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domingo, 18 de fevereiro de 2018

Dois policiais são indiciados por crime com morte de refém em Senador Canedo -





Dos quatro militares que participaram da ação, apenas dois foram indiciados. Soldado responderá por homicídio e sargento, por fraude processual
Marcello Dantas


Atualizada às 22h13 - 03/01/2017
A morte do auxiliar de produção Tiago Messias Ribeiro, de 31 anos, foi causada por dois tiros disparados da arma do soldado da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) Paulo Márcio Tavares, de 29 anos, constatou o inquérito realizado pelo Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Senador Canedo e cuja conclusão foi apresentada nesta quarta-feira (03) pelo delegado Matheus Noleto.
O crime ocorreu na cidade da Região Metropolitana de Goiânia, no último dia 25 de novembro, quando o auxiliar de produção era feito refém por Marco Antônio Pereira de Brito, de 17 anos. Ele dirigia o próprio carro, que havia sido roubado naquele dia pelo adolescente, que também foi morto.
Integrante do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) da PM-GO, o policial foi indiciado por homicídio com dolo eventual, por ter assumido o risco de vitimar Tiago. De acordo com Noleto, titular do GIH de Senador Canedo e responsável pelas investigações, o militar afirmou em depoimento que teve a intenção de atirar na direção do assaltante, mas errou a execução dos tiros. 
Além de Tavares, também foi indiciado o segundo sargento Gilmar Alves dos Santos, de 39 anos, por fraude processual. Foi ele que, utilizando a arma de Marco Antônio, que tinha a numeração raspada, disparou os tiros de dentro para fora do veículo, a fim de simular um confronto, como foi apurado na investigação. De acordo com o delegado, a iniciativa da ação teria partido unicamente do militar e não há“indicativo de ajuste” com os demais policiais. Ao todo, quatro integrantes do GPT foram investigados.
Ao fim do inquérito, concluído em 29 de dezembro, não foi pedida a prorrogação da prisão temporária ou a preventiva de Paulo Márcio Tavares e Gilmar Alves dos Santos. No mesmo dia, expirou o período de 30 dias da prisão temporária, decretada em 30 de novembro do ano passado. No entanto, ambos seguem presos devido a uma representação da Corregedoria da Polícia Militar. 
“Na nossa visão, não há necessidade de prorrogação da prisão temporária, por isso não foi feito o pedido. A investigação foi concluída e o inquérito já foi remetido”, disse o titular do GIH de Senador Canedo. “Agora cabe à Justiça”, completou.
Veículo seria outro
Em seus depoimentos, os policiais do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) da PM-GO afirmaram que houve divergência entre as informações recebidas via rádio sobre a ocorrência do roubo do carro de Tiago da chácara em que ele vivia com a família e o que encontraram no local.
De acordo com o delegado Matheus Noleto, os militares disseram ter sido alertados sobre o roubo de um carro Volkswagen modelo Gol G5, de cor branca. Ao chegarem ao cruzamento em que o crime ocorreu, também se depararam com um Gol, porém do modelo G4, que estava sendo perseguido por uma viatura. “Os policiais do GPT afirmaram em suas oitivas que acreditaram se tratar de outra ocorrência”, diz o representante da Polícia Civil de Goiás. Segundo Noleto, não foi possível ter acesso a gravações para comprovar o teor da comunicação feita por rádio.
Mesmo diante de um veículo diferente, continua o delegado, os policiais “constataram que havia um indivíduo armado e outro desarmado” e nortearam suas ações a partir disto. Perito criminal da Polícia Técnico-Científica, André Marçal de Carvalho realizou a análise das imagens de câmeras de segurança do local e avaliou que “não houve má fé” dos envolvidos, que “agiram para atender o chamado que chegou até eles”.

Ligação sobre a ocorrência não foi localizada pela Civil
O dia em que ocorreu o assalto e o sequestro do auxiliar de produção Tiago Messias Ribeiro, de 31 anos, havia sido precedido por um outro crime. Na sexta-feira, 24 de novembro, o adolescente Marco Antônio Pereira de Brito, de 17 anos, já havia ido à chácara em que família morava, na região da Vila Galvão, Zona Rural da cidade, e roubado dinheiro, celular e um outro carro que estava no local, conforme contou a mulher da vítima, Rowena Gonçalves, de 32 anos, à época. No dia 25, após o marido ser forçado pelo assaltante a dirigir o próprio carro, ela afirma que ligou para a polícia e avisou sobre o acontecimento, informando as características do carro e as do refém.
As investigações, no entanto, não obtiveram sucesso ao tentar identificar tais ligações. “Não obtivemos uma resposta conclusiva”, afirmou o delegado Matheus Noleto. Segundo ele, foram entregues à Polícia Civil pela Polícia Militar gravações referentes a 40 minutos, registradas a partir das 18 horas do dia do crime. “Foram analisadas essas gravações e nós não encontramos ali nada compatível com o relato dessa ocorrência”.
Dois policiais são indiciados por crime com morte de refém em Senador Canedo

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