família do menino vestido com a farda do Bope e levado à delegacia com o pai está traumatizada. “Foi uma humilhação muito grande”, disse, na manhã desta quarta-feira (31/1), a mãe do pequeno, a dona de casa Gláucia Tamares, 31 anos. O caso, mostrado em primeira mão pelo Metrópoles na noite dessa terça-feira (30) e com repercussão nacional, constrangeu não só os pais do menino como a PM, que convidou o garoto para ir ao 10º BPM (Ceilândia) e ao Batalhão de Operações Especiais.
Em entrevista ao Metrópoles mais cedo, o garoto disse que não queria mais ser policial militar. E também demonstrou todo desapontamento com a corporação. “Sinto terror. É bicho papão”, definiu, ao ser perguntado sobre o que sente quando vê policiais militares (confira vídeo abaixo).
A confusão ocorreu na tarde desta terça-feira (30), na porta do Hospital Regional de Ceilândia (HRC). O desenhista Eduardo de Jesus Pereira, 38, estava com o filho Thalyson, conhecido nas redes sociais por ostentar fotos com trajes das forças especiais da tropa. O homem esperava Gláucia ser chamada para uma consulta, quando um vigilante questionou as vestimentas da criança, que também portava uma arma de pressão (airsoft).
Eduardo tentou argumentar com o vigilante que o menino é conhecido por PMs da região e, inclusive, teria ganhado as insígnias de praças e oficiais, mas o segurança entendeu se tratar de algo ilegal e ligou para o 190. Uma guarnição do 8º Batalhão (Ceilândia) chegou ao local e deu razão ao segurança.
Eduardo alega ter explicado que militares do 10º Batalhão (também em Ceilândia) aprovavam a criança andar fardada, por “levar à sociedade uma imagem positiva da instituição”, mas o sargento Fábio Gutemberg da Silva não teria se convencido e deu voz de prisão ao pai de Thalyson. Segundo a família, quando o policial chegou ao HRC, a criança estava sentada jogando no celular.
“Quando o meu marido me ligou, estava no consultório. Ele me disse que tinha um policial mexendo com o meu filho. Nem esperei a consulta. Saí correndo em disparada”, contou Gláucia, que tem pedra na vesícula.
A dona de casa teme possíveis consequências para a família depois do episódio. “O meu marido pode responder por desacato e esse policial vai responder pelo quê? Até agora me sinto ofendida com essa atitude da PM”, disse a dona de casa, que mora com a família na Expansão do Setor O, em Ceilândia.
“Me senti um lixo”
Eduardo Pereira diz que foi algemado e levado de camburão para a DP. Ele ainda não sabe se a família vai perdoar a PM. “Isso vai depender do meu filho”, ponderou. “Eu me senti um lixo. Mas só conseguia pensar nele. Um dos seus heróis estava me humilhando. Me algemou”, afirmou o desenhista.
Eduardo Pereira diz que foi algemado e levado de camburão para a DP. Ele ainda não sabe se a família vai perdoar a PM. “Isso vai depender do meu filho”, ponderou. “Eu me senti um lixo. Mas só conseguia pensar nele. Um dos seus heróis estava me humilhando. Me algemou”, afirmou o desenhista.
O homem contou que, quando chegaram à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), o filho entrou em desespero ao vê-lo algemado e vários menores apreendidos. “Ele achou que seria preso porque estava usando aquela roupa”, disse.
Durante a confusão na delegacia, os pais contaram que um tenente ameaçou tirar as insígnias da farda da criança. “Eu disse que ele não podia fazer isso porque elas foram um presente dos próprios policiais militares que gostam dele”, contou o pai. A maior mágoa do garoto, que fala baixinho e é fã do Grupo Tático Operacional, foi por ele ter sido abordado exatamente por um policial vestido com a roupa do GTOP.
A mãe explicou que Thalyson gosta de sair com a farda exatamente para encontrar policiais na rua. “Ele tem várias. Diz que prefere se vestir assim porque os tios (como o garoto chamava os PMs) poderiam tirar foto com ele”, pontuou Gláucia, que mora com a família em uma casa humilde, de três cômodos, nos fundos de um comércio.
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