Perfis não oficiais da polícia brasileira em redes sociais expõem casos de tortura e fazem apologia à violência policial com selfies e fotos com armas, mostrando rapazes detidos em situações humilhantes. As informações são da 'Folha de S.Paulo'.
Em dois vídeos que circularam pelo WhatsApp, policiais torturam jovens com tatuagens de palhaço, símbolo associado ao assassinato de agentes. Um dos rapazes é obrigado a raspar o desenho com lixa e álcool e o outro tem o desenho retirado das costas à faca. As gravações também foram publicadas pelo perfil no Instagram "Anjos Guardiões".
Reprodução/Instagram
Créditos: Reprodução/Instagram
Foto postada com a legenda "grátis aula de pilates"
Os vídeos e o perfil "Batalhão de Choque PMERJ", que publicava fotos de apreensões e cenas violentas, foram apagados após a publicação na 'Folha de S.Paulo'. A reportagem localizou outros 19 perfis do tipo no Instagram, com quase 305 mil seguidores.
Uma das páginas, chamada "Polícia Brasileira", seguida por 67 mil pessoas, foi criada por Ronaldo Gomes, 18, para "mostrar o trabalho do policial no Brasil". O jovem é auxiliado por um agente da Polícia Militar do DF, que não quer ser identificado. Já o perfil "Rota Adm", de admiradores do grupo de elite da PM paulista, reúne imagens de luto por agentes mortos.
Reprodução/Instagram
Créditos: Reprodução/Instagram
Imagem de policial compartilhada nas redes sociais
De acordo com a publicação, o Instagram não comenta esses casos específicos, pois suas regras estabelecem que a rede aceita fotos que mostrem a violência com o intuito de condená-la, mas repudia quem a exalta. As imagens podem ser retiradas caso sejam denunciadas.
A Polícia Militar de São Paulo disse ao jornal que as "páginas citadas pela reportagem não têm vinculação oficial com a Polícia Militar". Se forem identificados por corregedorias, os agentes podem ser acusados na Justiça de tortura e abuso de autoridade ou na Justiça Militar por apologia ao crime.