Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Chefe de Inteligência da PM viajou para a Europa durante o carnaval com Crivella


Entre as funções do coronel Antonio Goulart está a de orientar a corporação no planejamento do patrulhamento. Os 17.110 policiais prometidos para a folia foram fracionados ao longo dos dias


Por Marco Antônio Martins, G1 Rio
 
Crivella viaja para a Europa ao lado do coronel da PM, Antonio Goulart, chefe da Inteligência da corporação (Foto: Reprodução Facebook)Crivella viaja para a Europa ao lado do coronel da PM, Antonio Goulart, chefe da Inteligência da corporação (Foto: Reprodução Facebook)
Crivella viaja para a Europa ao lado do coronel da PM, Antonio Goulart, chefe da Inteligência da corporação (Foto: Reprodução Facebook)
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella retorna nesta quinta-feira (15) da viagem que fez à Europa, durante o carnaval, em busca de soluções de Inteligência e Tecnologia para a Segurança Pública. Na delegação do prefeito um nome chamou a atenção em meio à onda de violência que tomou as ruas do RJ durante a folia: o coronel da Polícia Militar, Antônio Jorge Goulart, chefe do setor de Inteligência da corporação.


A Inteligência da PM deve, entre as suas funções, auxiliar o comandante-geral da corporação, o coronel Wolney Dias na tomada de decisões como, por exemplo, o planejamento dos policiais em determinado lugar e se deve ou não deslocá-los. O governador Luiz Fernando Pezão admitiu que houve falhas no planejamento de segurança. Após dois dias (sábado e domingo de carnaval), o policiamento da Zona Sul do Rio foi reforçado com PMs, a partir de segunda (12). Um grupo foi deslocado da Rocinha para a orla do Rio, entre Copacabana e Leblon


O coronel Goulart aparece junto a Crivella em dois vídeos postados pelo prefeito em sua rede social. O primeiro no domingo (11) quando embarcou para a Alemanha. Já em Frankfurt, o coronel aparece junto ao prefeito diante da sede da agência espacial europeia. O vídeo foi apagado nesta quarta-feira (14) da rede social do prefeito



A assessoria de imprensa da Polícia Militar do RJ não respondeu aos questionamentos sobre a viagem do coronel Goulart. O comandante da corporação, o coronel Wolney Dias também não retornou os contatos feitos pela reportagem. O G1 apurou com oficiais da corporação que a viagem do oficial foi para buscar soluções tecnológicas para a segurança pública.

A PM também não respondeu por que a necessidade de viagem durante o carnaval. Também não se falou sobre a existência de algum programa voltado para a área de segurança entre a Prefeitura do Rio e a Polícia Militar ou ainda com a secretaria de Segurança Pública


"Estamos trabalhando muito, pegando muita informação para saber o que é mais moderno em termos de vigilância, em termos de VANT (veículo aéreo não tripulado), em termos de drone, em termos de informação via satélite, enfim, o que a gente puder para melhorar a questão da segurança no Rio de Janeiro. As pessoas dizem assim: segurança é uma questão do estado. É sim. mas olha, do jeito que o Rio está, precisa de ajuda de todo mundo: governo federal, governo municipal, governo estadual, Força Nacional de Segurança, Polícia Rodoviária Federal. Nós todos temos que estar unidos porque a violência é inaceitável", afirmou o prefeito Crivella no vídeo feito já na Alemanha.



Arrastões, assaltos, tiroteios. O grande número de casos em diferentes pontos da Zona Sul do Rio, principalmente, Ipanema e Leblon levou a Polícia Militar a modificar a distribuição do policiamento. Mesmo após o aumento do efetivo, os casos continuaram a acontecer: em Ipanema, uma idosa foi assaltada quando voltava para casa após comprar pão.


Idosa de 80 anos é atacada por bandidos em Ipanema


A saída, então, foi retirar do cerco à favela da Rocinha os policiais das unidades especiais, como os batalhões de Choque, Grandes Eventos e Regimento de Polícia Montada. O contingente saiu da comunidade e foi deslocado para as orlas de Copacabana, Ipanema e Leblon. A ideia foi uma tentativa de reduzir as ocorrências de roubos nos dois bairros



"Se o plano é apenas ostensivo, como parece que foi, o policiamento se dilui. Um plano completo deve reunir policiamento ostensivo, com investigação, inteligência e mais tecnologia. Se o plano só foi pensado em matéria de policiamento ostensivo (que é o último estágio), não vai ter efetivo que suporte. O policiamento ostensivo é, ou deveria ser, a parte visível do planejamento", afirmou o coronel Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da PM do RJ.

Em meio a tantos roubos e agressões a turistas e moradores, um vídeo divulgado pelo G1 mostra policiais do Batalhão de Vias Especiais (BPVE) com cervejas no interior do carro da corporação. O transporte de bebida alcoólica é proibido pelo código disciplinar da Polícia Militar do RJ.
"O crescimento exponencial da criminalidade no RJ , não é obra do acaso. É um somatório de desatinos que conduziram a PM a esse estado de ineficiência. Instalou-se o caos. Esse é o cenário atual", avalia o coronel da reserva Paulo César Lopes

Em entrevista ao RJTV, o governador Luiz Fernando Pezão admitiu que ocorreu um erro no planejamento no policiamento "Não estávamos preparados. Acho que houve um erro nosso", admitiu o governador

Desde sexta-feira (9) até a Quarta-feira de Cinzas (14), a cada 12h, o Estado do Rio de Janeiro teve em média 4.200 policiais a mais nas ruas para garantir a segurança de foliões, turistas e moradores de todo o estado. De acordo com especialistas ouvidos pelo G1, a Polícia Militar não teria como destacar, ao mesmo tempo, os 17.110 PMs anunciados pelo governador Luiz Fernando Pezão


Esses cerca de 4.200 PMs se juntariam aos 8 mil PMs, que segundo o governador Luiz Fernando Pezão, há nas ruas de todo o RJ diariamente

No planejamento estabelecido pela corporação, a atenção especial ficou para a Cidade Nova, bairro da área central do município, onde fica a Marquês de Sapucaí e onde ocorreram os desfiles das escolas de samba dos da Série A (grupo de acesso) e Grupo Especial.

Os 17.110 policiais destacados para o carnaval carioca, no chamado policiamento extraordinário, foram divididos em quatro alas ou grupos para plantões de 12h. As folgas foram definidas de acordo com a característica de cada patrulhamento. O policiamento a pé, por exemplo, só permite 12h de plantão, de acordo com PMs ouvidos pelo G1


PMs fazem segurança no entorno do sambódromo (Foto: Divulgação PM)
PMs fazem segurança no entorno do sambódromo (Foto: Divulgação PM)


Para a Sapucaí havia - a cada plantão de 12h - 221 policiais divididos em policiamento a pé, a cavalo e em 47 viaturas, localizadas em pontos estratégicos, segundo a PM. Desde sexta-feira, 794 PMs trabalharam na região.


"Como aconteceu nos anos anteriores, a área da Cidade Nova, onde estão localizados o sambódromo e o Terreirão do Samba, receberam atenção especial, principalmente durante a noite e madrugada", informou a nota da Polícia Militar.

A região da Sapucaí é distante, pelo menos, um quilômetro da passagem de grandes blocos como o Bola Preta, que esperava mais de 1,5 milhão de foliões. De acordo com a prefeitura, o Bola Preta reuniu 340 mil foliões


Nem assim, com um policiamento considerado "especial" no entorno da Sapucaí, se conseguiu evitar o assalto ao sambista Moacyr Luz e "arrastões", como o que passou uma van em que estava a atriz Juliana Paes.

"Por todas essas falhas, parece que a opção vai ser tentar agora resolver o problema apenas com policiamento ostensivo. O risco é que esse efetivo seja ainda insuficiente, diante das condições. Torço para que a PM possa contornar essa emergência, nessas condições adversas", explica o coronel Robson Rodrigues.


"Para contar com este contingente, foram mobilizados efetivos de todas as unidades convencionais e especiais, assim como a convocação de policiais lotados em funções administrativas e daqueles que encontravam-se de férias, sendo estas suspensas temporariamente", explicou a PM em nota.



Durante alguns dias do carnaval, policiais de plantão próximo à Sapucaí contaram que os plantões ultrapassavam as 12h estabelecidas porque houve atrasos na chegada da rendição. Na região, foram disponibilizados grupos de até quatro policiais.

PMs fazem segurança no entorno do sambódromo (Foto: Divulgação PM)PMs fazem segurança no entorno do sambódromo (Foto: Divulgação PM)
PMs fazem segurança no entorno do sambódromo (Foto: Divulgação PM)

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