Justiça condena policiais do Bope que recebiam propina do tráfico
A Auditoria de Justiça Militar condenou, nesta terça-feira, quatro policiais militares do Bope presos em dezembro de 2015 por receberem propinas de traficantes de várias comunidades do Rio e da Baixada Fluminense em troca de informações sobre operações do batalhão. Silvestre André da Silva Felizardo recebeu a maior pena: 80 anos. Maicon Ricardo, André Silva e Raphael Canthé foram condenados a 48 anos de reclusão. Já Rodrigo Meleipe foi absolvido das acusações. Os policiais foram condenados depois de vir à tona o depoimento de Leonardo Barbosa da Silva, o Léo do Aço, chefe do tráfico das favelas Antares e Rola, na Zona Oeste do Rio, revelado pelo EXTRA.
“Em Juízo também foi ouvido o traficante conhecido como Leo do Aço ou Leo Santa Cruz, que confirmou o recebimento das informações sobre as operações que iriam ocorrer, reconhecendo o 3º acusado, de vulgo PRETO 3, como sendo um dos policiais que recebia o dinheiro do tráfico. Descreveu como eram feitos os repasses e como as in-formações sobre as operações sigilosas deveriam ser fornecidas aos traficantes”, escreve a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Barros
O traficante foi convocado como testemunha de defesa pelos advogados de um dos policiais acusados. Para os promotores do caso, a estratégia tinha como objetivo que o bandido desmentisse a acusação, dizendo que nunca recebeu dinheiro dos agentes. No entanto, Léo do Aço, levado do Complexo de Gericinó direto para a sala de audiência da Auditoria Militar, não só admitiu que fazia pagamentos semanais de até R$ 70 mil a um policial do batalhão como também detalhou os bastidores de um esquema de propina no coração da tropa de elite da PM.
Após o depoimento, a defesa do soldado identificado pelo traficante pediu à Justiça uma acareação entre o policial e o bandido “já que surgiram novos fatos em contradição à acusação”. A juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Auditoria Militar, indeferiu o pedido: “a prova pretendida pela defesa é inócua e sem utilidade”.
A investigação feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com a colaboração da Coordenadoria de Inteligência da PM, da Corregedoria da corporação e do próprio Bope, interceptou mensagens trocadas entre policiais e os traficantes. Numa delas, o cabo Felizardo avisa para seus colegas sobre a ordem de dar bom dia e boa noite aos bandidos: “Mn vc ten q dar o bom dia e boa noite pós amig para tranq uilisa os mn Vlw (sic)”.
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