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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

20/07/15 06:2031/08/15 21:32

Mãe investiga morte do filho policial civil e leva provas para o tribunal

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Rozemar Vieira da Silva investigou, ela mesma, a morte do filho. Eduardo Viana era policial civil Foto: Urbano Erbiste / Extra
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Bruno Alfano
Hoje, Rozemar Vieira, de 46 anos, vai participar do seu primeiro julgamento como assistente de acusação do Ministério Público. O processo é de homicídio. A vítima: seu filho. Há três anos, a moradora do Rio Comprido, na Zona Norte do Rio, abandonou o emprego de secretária em um escritório para investigar o que aconteceu com o rapaz, morto com um tiro na nuca.
Foi por volta das 19h30m do dia 16 de abril de 2012 que Eduardo de Oliveira, com 25 anos, foi atingido. Policial civil da 65ª DP (Magé), ele foi baleado durante uma troca de tiros com bandidos na Avenida Washington Luiz, altura de Sarucuruna, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Quando o resultado da balística chegou, a surpresa foi geral: o disparo que atingiu Eduardo partiu de outro policial, Lincoln Vinicius Bastos Vargas, de 44, inspetor da mesma delegacia do rapaz morto.
Eduardo Viana e a filha, Bruna Vieira
Eduardo Viana e a filha, Bruna Vieira Foto: Urbano Erbiste / Extra
É a busca pela verdade que move Rozemar. Dois meses depois da morte, a mãe de Dudu foi até Brasília pedir ajuda da presidente Dilma Rousseff. Um assessor da presidência ajudou na liberação das imagens das câmeras de segurança da via. O material, no entanto, não revelava o momento do tiro. Em 2013, o destino foi a favela da Maré, também na Zona Norte carioca. Era lá que morava um dos bandidos que trocaram tiros com os policiais. Rozemar sentou na sala da mãe do homem que havia confessado participação no assalto. Ele, no entanto, não soube dizer se era uma emboscada.
— Dudu queria sair dessa delegacia. Ele falava que tinha muita coisa errada e não queria participar — diz Rozemar.
A desconfiança da mãe se cristalizou com o laudo da necropsia. Nele, o perito afirma que Eduardo foi atingido por um projétil de cima para baixo, que foi parar na traqueia. A denúncia do Ministério Público, no entanto, aponta para homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e pede para que o agente passe por “reciclagem de tiros e técnicas de abordagem”.
“O laudo de reprodução simulada (...) atesta que o policial e denunciado Lincoln efetuou disparos a esmo lesionando Igor da Pena Machado e levando a óbito Eduardo da Silva Oliveira”, escreveu o promotor Marcus Eduardo de Sá Earp Siqueira, em um relatório de dezembro de 2013.
Em um trecho do depoimento, Lincoln diz que quase caiu durante a confusão e, nesse momento de desequilíbrio, efetuou disparos. O policial, que atualmente exerce funções administrativas na 65ª DP (Magé), foi procurado pela reportagem, mas não quis comentar o julgamento. A Polícia Civil afirma que a Corregedoria Interna da corporação indiciou o policial por homicídio culposo.
Uma espera eterna
Durante todos os anos de luta de Rozemar por Justiça, o quarto de Dudu se manteve quase intacto. O chão brilha, as roupas estão limpas e penduradas, a cama parece esperar o momento em que o rapaz vai chegar do trabalho na delegacia para o descanso.
Bruna Vieira tinha 15 anos quando perdeu o irmão. Ela lembra bem que Dudu folgava toda quinta-feira, mas, naquela semana, antecipou em um dia o descanso. O policial nunca disse para ninguém o porquê. Ele também não deixou claro a razão de sair naquele 16 de abril de colete a prova de balas — o que nunca fazia. A família segue em busca de respostas.
— O julgamento não vai acabar com a primeira audiência, mas vai ser o primeiro passo. Não fiz Direito, não sei falar como eles, mas vou levar a minha verdade. Entrego na mão de Deus. Nada vai trazer o Dudu de volta, mas eu quero que a Justiça seja feita — implora a mãe.
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